Sobre Carpas e Dragões

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Ahoy amigos!!!!
E cá estamos com mais um capítulo, para nooooooooooooossa alegria!
Eis o primeiro dia de Milena no Kamar-Taj, cujos encantos, infelizmente, não são capazes de diminuir a desconfiança e a aflição da garota. Milena anseia por respostas, e até que as obtenha, seu sorriso continuará fora de alcance...




 Os céus de seu sonho estavam tempestuosos; a atmosfera amarelada e as nuvens cinza-arroxeadas e carregadas de relâmpagos se digladiavam enquanto Milena seguia pelas ruas dilapidadas, cercando em quarteirões os restos de seus sonhos despedaçados – fossem antigos sonhos dos quais ela há muito desistira, fossem os sonhos mais recentes de sua alma. Era um caminho cujo destino ela não conhecia, mas que pelo menos era familiar, andando sobre a linha que a dividia em algum lugar em sua mente. Era incrível que pudesse escutar as batidas do seu coração superficial acima do som das trovoadas e de seus passos, e sua sombra era sua única companhia...

Milena parou abruptamente. Não, havia mais alguém ali...

Ela se virou, e Siberiak, sorrindo sinistramente, agarrou seu pescoço com a pesada mão...

Sentindo seu coração acelerar, Milena acertou-o dolorosamente com o punho na dobra do braço, fazendo Mao Wang soltar uma exclamação de dor e afrouxando o aperto, o suficiente para ela fugir de suas garras. Ela disparou para frente, olhando para os lados cobertos de destroços desesperada, procurando algum lugar para se esconder, algo para usar como arma...

O lixo de desejos mortos começou a se liquidificar em uma substância negra e viscosa como piche. No início, apenas os pés de Milena chapinhavam no líquido, mas logo eles alcançaram o nível dos seus joelhos de depois o de sua cintura...

Ela olhou em volta, apavorada, as pilhas derreterem e escorrerem como metal em contato com um calor intenso, se transformando naquela estranha matéria que logo a afogaria. Para sua sorte, porém, ela percebeu que algumas das pilhas derretiam mais rapidamente do que outras; ela poderia subir em uma delas... era a única coisa que lhe restava fazer...

A pilha escolhida era um amontoado do que no passado fora um navio e suas tranqueiras, os motores expostos enferrujando do lado de fora, coletes salva-vidas rasgados, pedaços de madeira, um leme destruído. Milena sabia bem do que tratava, mas tentou não pensar nisso, afinal, era a única coisa mais firme disponível como ilhota depois do monte de cadáveres de criaturas marinhas ao lado, onde a baleia-azul que servia como base começava a apodrecer e liberar um cheiro horrível. Ela começou a escalar aquele monte retorcido, sentindo que o líquido preto a seguia a apenas alguns pés abaixo...

A subida era cansativa, mas era melhor do que afundar naquela coisa negra resultante de seus sonhos assassinados. Ela torcia para que Siberiak tivesse desaparecido, ou melhor ainda, se afogado naquilo...

Seus dedos estavam começando a cortar e doer, mas ela não desistia, não quando já estava tão perto do topo e da salvação...

Ela ia conseguir. Ela ergueu os olhos, aliviada...

Para deixar qualquer esperança de sobreviver morrer como aqueles desejos, seu corpo ficar dependurado em uma chapa de metal cortante sobre o mar negro, ao ver Siberiak sentado tranquilamente no topo.

- Querido Leãozinho, seu masoquismo chega aos extremos – ele olhou em volta. – a Corrente planeja algo muito mais gentil para você. – ao dizer aquilo, ele lhe estendeu a mão.

Doutor Estranho: A AprendizaOnde histórias criam vida. Descubra agora