Sr. Grey - 50 Tons

Capítulo 3 - Boa Garota

Capítulo 3 - Boa Garota

Ana tinha uma boa rotina em sua vida universitária. Ia para as aulas na faculdade de 7h às 15h, e então trabalhava meio período na biblioteca da cidade de 17h às 21h30. Era um bom plano para uma garota quase adulta que precisava de tempo para estudar, mas também ganhar uma grana para besteirinhas.

Felizmente Ana não dormia no campus da universidade como 90% dos alunos, e também não dividia um apartamento barato com amigos no centro. Ela morava com seu pai e sua madrasta numa casa provinciana que ficava a apenas vinte minutos andando do prédio universitário.

Morou com sua mãe em Savannah até os dezoito anos, depois que seus pais se divorciaram quando ela tinha dez, e com isso passou a passar todo verão ali em Seattle com seu pai, enquanto o resto do ano era com sua mãe. Tudo deu certo, e todos se davam bem. Sua mãe casou de novo, e Bob era legal e engraçado; seu pai casou com Sue há apenas dois anos, mas ela também era uma boa pessoa, e fazia muito bem para Raymond, então Ana a adorava. A própria Sue quem lhe intimou a morar com eles quando descobriu que Ana passou para a ESU, nem dando chances a mais nenhuma opção, e foi um bom arranjo.

Apesar de Ana não ter que se preocupar com aluguel, mensalidade da faculdade ou compras de supermercado, ela gostava de ter seu dinheiro para gastar com o que quisesse, se sentia um pouco estranha tendo mais de dezoito e depender do cartão de crédito do pai. Sem contar que ninguém ali era rico, e ela não queria dar mais despesas do que já sabia que dava.

E também pretendia comprar um carro.

Sério, precisava de um.

Enquanto ia e vinha andando da faculdade, se martirizava por todas as blusinhas sem necessidade que comprou e todos os ingressos de show, aquelas coisas juntadas já teriam lhe rendido um belo carro. Mas também havia ela no dia seguinte, se arrumando para a aula, sendo mais um dia que teria o Sr. Grey, dessa vez no último tempo, e ela pegava uma de suas blusinhas novas e ficava muito gata com ela.

Para que carro, afinal?

Ana estava particularmente feliz naquela manhã, teve uma boa noite de sono e nem se lembrava da última vez que aconteceu de fato. Entre estudos, colocar séries em dia e trabalhar, ela não dormia muitas horas significativas.

Tudo bem que daquela vez sua boa noite de sono foi regada a bons sonhos, especialmente com um professor que não saía de sua cabeça desde que ela bateu os olhos nele pela primeira vez. E sua imaginação correu tão... longe. E fundo. E rápido.

Não era como se Ana estivesse desesperada, mas havia sim um tempo que sequer beijava alguém; seu último namorado durou três meses e ela ainda tinha dezessete anos. Ana não era o tipo de garota que transava com um qualquer numa festa de fraternidade, mas também não era do tipo celibatária.

Estava sim subindo pelas paredes um pouquinho.

E isso levou a sonhos com seu novo professor favorito.

Havia tanto dele, e tanto dela. De suas mãos nele, as mãos dele nela... da sua voz rouca e intensa em seu ouvido, dizendo o quanto ela era uma boa garota.

Ana riu consigo mesma enquanto se encavava no espelho, a cara nem tremia.

Ela sempre foi adepta a caras mais velhos, mas nunca teve realmente uma oportunidade. Primeiro porque era menor de idade até pouco tempo; segundo, porque nunca teve um que lhe despertasse desejo de verdade.

Não um que ela tivesse contato presente.

Os atores de séries não contavam porque eles eram inalcançáveis fora de seus sonhos.