A Maior Catástrofe.

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Tenha a decência de aparecer aqui pela última vez, tenha a decência de embalar o meu coração com as tuas doces mentiras, tenha a decência de dizer mais uma vez que o erro está em mim, tenha a decência de dizer que sou problemática demais e que não tens paciência para lidar com os meus ataques depressivos novamente!. Tenha a decência de continuar a me homenagear com todas aquelas palavras acidas, me chame de depressiva mais uma vez, vá lá , me chame de traumatizada pela última vez, tenha a decência de voltar a ver-me em pedaços e passe novamente em cima de mim sem remorso algum.

Eu vi-te a declarar guerra contra quem era a tua fonte de cura( nesse caso, eu ).
Vi-te a tentares enlaçar o teu coração a uma outra pessoa enquanto ainda sorrias para mim. Vi-te a seguir em frente tranquilamente com o aquele enorme sorriso no rosto, como se não estivesses a deixar-me para trás. Vi-te a derrubares todas as paredes que coloquei entre mim e o amor só para chegares até a mim. Vi-te a activares todos esses gatilhos dentro de mim enquanto olhavas calmamente dentro dos meus olhos. Vi-te a tomares todas as decisões por mim, vi-te a silenciar a minha voz enquanto se dizias ser apreciador dela.
De todos os amores que eu já tive até agora, o teu foi o único que mais perto da morte me deixou.

Hoje tu vens para tentar embaraçar tudo o que já está em ordem dentro de mim. Vens para tentar ser o meu pecado de estimação mais uma vez. Você me estilhaçou, dilacerou tudo de bom que havia em mim, eu acordava cansada, olhava para o espelho e sentia vergonha do meu próprio reflexo, eu me odiei só porque tu não gostavas de mim o suficiente para ficar. Hoje tu vens com todos esses esquemas criados para me dilacerar mais uma vez. Como tens a audácia de olhar para mim e dizer que "tu" és o meu amor que cura? Como podes te achar a minha cura? A minha não está em quem olhava para mim e via apenas um problema, não, a minha cura não está em quem culpava-me por transtornos que eu não pedi para ter. A minha cura não está em quem viu-me perante a uma crise depressiva e simplesmente ignorou todas as minhas lágrimas e o meu desespero. Amor que cura? Tu nunca serás o meu amor que cura, e não importa o quanto o tempo tente te embelezar, tu sempre serás uma catástrofe para mim.

Eu sei que essa será a prosa que eu mais odiarei, essa será a prosa que eu nunca recitaria para ninguém e muito menos para mim, mas também sei que essa será a última vez em que eu te deixo exposto nos meus escritos. Eu te encerro aqui. Mas antes gostarias de dizer, que tu és a minha maior referência de um amor fracassado, és a minha maior referência de um amor catastrófico.






Autora: Núria Matias.

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