2 talvez 3 amores.

11 5 0
                                    


Uma vez eu conheci o amor... E ele parecia tão convidativo e atrativo, parecia que ele chamava pelo meu nome. E no entanto resolvi conhecer ele de perto. Era como se eu fosse me afogar a qualquer momento, era como se tivesse uma placa me dizendo: Você vai cair, você vai, porém eu não conseguia decifrar os sinais.
Uma vez eu conheci o amor... E ele parecia tão leve, era como flutuar sobre as águas, mas a cada passo que eu dava tornava o risco de um possível afogamento mais evidente e não tive coletes-salvas vidas que mudassem me salvar, e  eu me afoguei. Eu sei, eu deveria ter sido mais cuidadosa, deveria ter sido mais delicada comigo mesma, porém ninguém havia me avisado que aquilo que eu sentia teria forças suficientes para me matar... E eu morri. Talvez ninguém percebeu, mas eu morri, eu silenciei todas as minhas versões que queriam transbordar, eu escondi-me dentro de mim, eu criei um labirinto sombrio e tranquei-me dentro dele, mas antes me livrei das chaves. Eu precisava me proteger de todos os fantasmas que queriam consumir as minhas energias, eu precisava me esconder do amor, ou melhor, eu precisava me esconder de todo tipo de catástrofe que viria para mim em forma de amor.

Uma vez eu achei que havia conhecido o amor, e ele era perfeito, parecia que o lado catastrófico já não existia mais,  parecia tão verdadeiro, senti-me acolhida, porém, o medo de morrer novamente fez com que eu adiasse aquele amor. Talvez eu tenha sido tão dura comigo mesma por tentar reprimir os meus sentimentos ao invés de simplesmente deixar com que as correnteza do amor me alcançassem novamente, mas eu só não queria me afogar, eu precisava cuidar de todas as versões que haviam em mim, eu precisava protegê-las , eu apenas precisava me resguardar. Mas bem no momento em que eu parei de me reprimir e pensei em dar uma chance para o amor, ele já havia ido embora. O amor havia desistido de mim.

Uma vez eu conheci o amor, e diferente de todos , pela primeira vez senti-me em casa, era como se a vida tivesse me dado a oportunidade de estar perto de um amor terapêutico, um amor capaz de colorir todos os meus traumas. Uma vez eu conheci o amor, e ele depositou beijos estalados por cima das minhas cicatrizes, silenciou todas as vozes que me impossibilitavam de viver. Uma vez eu conheci o amor e todas as minhas versões que se encontravam aprisionadas, silenciadas , automaticamente correram para os braços dele, era como se elas tivessem entendido que "O nosso momento de sorrir sem medo de chorar havia chegado" ( mas era apenas um falso alarme) Eu olhei para o Céu com lágrimas nos olhos, juntei as mãos e pedi que dessa vez ficasse, que dessa vez fosse meu. Eu olhei para o Céu e implorei para que se cumprisse a profecia. Eu conheci o amor e dessa vez eu amei com toda a minha vida, sei que isso vai parecer exagero, mas eu fiz daquele amor o motivo para acordar todos os dias, fiz daquele amor a minha única motivação. Mas esse amor também não era meu. Eu vi ele a escapar entre os meus dedos, eu vi ele a deixar-me para traz com declarações de dor, eu perdi ele de vista. Se o amor não é uma catástrofe, então o quê é que ele é?





                                            Autora:Núria Matias.

O amor pode ser uma catástrofe? Onde histórias criam vida. Descubra agora