Depois de uma noite de sono tranquila, acordo ansiosa com a luz do sol entrando no meu quarto. Penso na programação do dia: pela manhã, vou me encontrar com Luana para turistar, tomar café e contar toda a sequência de acontecimentos desde ontem à tarde. À tarde, prepararei minhas roupas e ficarei ansiosa para que o tempo passe rápido até finalmente chegar a hora de revê-la, ou melhor, assisti-la como jornalista profissional e reunir informações e opiniões para uma matéria. Afinal, é para isso que estou aqui, ou pelo menos, é o que quero acreditar.
Levanto preguiçosamente, faço minha higiene matinal e coloco uma roupa leve, mas adequada para a ocasião de sair para um café em Paris. Me olho no espelho e levanto um sorriso. Estou bonita. Olho para o meu corpo e me lembro dos comentários da tenista no elevador. Coro ao relembrar dessas falas e me pergunto: quais são as chances de Bia estar flertando comigo naquele momento? E como eu me sentiria se isso fosse verdade?
Não vou negar, se uma mulher como aquela disser "vem", eu vou correndo. Porém, tenho certeza de que ela pode ter todas. Então, investir em mim para uma ficada não parece fazer muito sentido. Mas nada estava fazendo sentido desde que cheguei aqui, então por que faria agora? Penso comigo mesma.A confusão em minha mente só aumenta, mas ao mesmo tempo, uma esperança silenciosa começa a brotar.
Depois de pronta, mandei uma mensagem para Luana dizendo para ela vir, pois eu estaria esperando no salão de entrada. Ela respondeu com um "ok chefe, 20 minutos, estou aí" e um emoji revirando os olhos. Soltei uma lufada de ar pelo nariz como reação ao humor matinal de Luana.
Enquanto esperava, fiquei no Instagram. Não havia nada de muito interessante, mas me distraí até que Luana chegou em um carro que eu não fazia ideia a quem pertencia ou se era alugado. Considerei que nem valia a pena perguntar e entrei no carro, já cumprimentando gentilmente.
— Bom dia, anã! Como passou a noite? — falei sorridente, querendo provocá-la como sempre. Com o tempo, aceitei que essa seria nossa forma de demonstrar carinho.
— Bonjour, madame hotel chique e acesso único — processo sua fala por alguns segundos até que indago.
— Que? Como você já sabe disso? Nem vou poder te contar, sua fofoqueira.
— Uai, anjo, você queria o que? Uma coisa tão grande dessa não fica escondida por muito tempo. O Fernando fez questão de anunciar no jantar e, como complemento, disse que você não quis falar com quem estava dormindo, aquele filho da puta, com todo respeito à mãe dele.
— Nossa, eu já disse que odeio esse cara?
— Só todo dia, em toda oportunidade.
— Se eu pudesse, jogava ele da sacada daquele prédio.
— Eu escondo o corpo para você.
— Obrigada, você é uma ótima amiga, Luana.
— Eu sei, mas agora sério, me conta como isso aconteceu. Você já sabia de algo?
— Para te contar isso, tenho que voltar a ontem à noite depois de você ir embora. Você não vai acreditar.
— Então conta logo, sua vaca espanhola, está esperando o quê?
— Obrigada pela parte que me toca, grossa — depois disso, desatei a falar por vários minutos sobre o elevador, sobre a Bia, sua personalidade, gentileza, seu talvez flerte, sua hesitação na hora de ir embora. Detalhei tudo para ela, e sua reação foi:
— PORRA, VALENTINA! A FUCKING BIA HADDAD QUER TE DAR, CARA — falou gritando e dando tapas no meu ombro.
— Dá para parar de gritar, Luana? Ela não quer me dar, ok? Ela provavelmente só simpatizou comigo e quis me dar essa oportunidade.
— Ah, não faz a Kátia, Valentina.
— Quem é Kátia? — ela revirou os olhos entediada e disse.
— Você não entenderia. Mas, bom, não se faça de desentendida. A mulher fica presa em um elevador com você, puxa papo, te elogia, descobre que você é jornalista e ainda continua interessada. E, para melhorar, até te chama para acompanhar os treinos. Tipo, 200% de certeza que foi ela. Agora, depois de saber dessa história, sério, se você perder essa oportunidade, te estrangulo.
— Acho que você está lendo muita fanfic, dona Luana. Você está aumentando os fatos.
— Sua vida é a porra de uma fanfic, Val. Você fica presa no elevador com sua ídola gostosa, que poderia estar em qualquer lugar de Paris. Quais as chances? É o destino. Só aceita e dá para ela, porque tenho certeza que você vai ser uma passivinha escandalosa.
— Verdade, aprendi com você, Luana — digo debochando. Nesse momento, chegamos em frente à cafeteria onde iríamos tomar nosso café. Lá fomos nós. Pedi um clássico cappuccino e Luana optou por um expresso. Tomamos enquanto ainda debatíamos diversos assuntos. Tentei mudar o foco de Bia; acho que Luana percebeu, mas aceitou bem. Começamos a falar sobre um jogo que eu estava ansiosa para ver.
Estou muito animada, de verdade, Luana. Queria que você pudesse ir comigo, vai ser solitário.
— Nem vai sentir minha falta, Valentina. Vai estar tão concentrada assistindo suas conterrâneas gatas jogarem bola que nem lembraria que eu estaria lá.
— Assim você me ofende, claro que lembraria! Só talvez não te veria, sabe? Porque se ficar olhando para baixo, perco o jogo.
— Puta, tive uma ideia. Por que não chama a Bia, hein? Tenho certeza que ela aceitaria.
— Você fumou, é? Em um mundo paralelo onde eu e ela já conversamos além de ficarmos presas em um elevador, eu chamaria com certeza.
— Só que você sabe que perderia todo o jogo, só olhando para o rostinho bonito dela, né? Sei como sua gayzice é.
— Não negarei, aquele sorriso, pqp, desenhado pelos deuses.
— Viada — depois de muita conversa, já beirava a hora do almoço e decidimos voltar ao hotel. Pedi a Luana que viesse comigo para ajudar na escolha do look e não me deixar morrer de nervosismo, e assim ela fez, mas infelizemente não poderia ficar muito tempo.
Ao chegarmos no hotel, já era hora do almoço, mas nenhuma de nós estava com fome por causa do café da manhã recente. Então, fomos em direção ao guarda-roupa para montar um look adequado. Nossa emissora era bem liberal no quesito uniforme, então para esse tipo de experiência, que não teria nada gravado, não precisaria usar uniforme se não quisesse.
Escolhemos uma combinação elegante e confortável ao mesmo tempo, pois não sabia se ficaria de pé, sentada ou andando. Mesmo com Luana insistindo que Bia nunca me deixaria de pé, preferi optar pelo seguro.
Quando vejo as horas, já são quase 16:00. O tão esperado acesso único e encontro com aquela que mexeu tanto na minha cabeça em apenas um encontro está prestes a acontecer.
.
.
.
.
.
.
.
Capítulo menor, mas ainda hoje sai mais um, com o encontro delas. Espero que estejam gostando! Desculpem por não postar ontem, esses dias estão sendo muito cansativos, mas estou dando o máximo para postar todos os dias. Obrigada a quem está acompanhando e continuem votando e comentando, por favor. Anima muito saber que estão gostando!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu ouro é Você!
أدب الهواةValentina, uma jornalista esportiva brasileira, é designada para cobrir os Jogos Olímpicos e se depara com a empolgante tarefa de cobrir o torneio de tênis feminino. Ao entrevistar e acompanhar a carreira da tenista Bia Haddad, Valentina se vê imers...