Lá Paz

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pov: Vitória

Acordo assim que meu despertador toca, tomo meu banho, faço minha higiene e desço para o café da manhã.

— Bom dia, Nete.

— Bom dia, Vitória. Vai querer os ovos mexidos?

— Isso aqui tá suficiente. Tenho que chegar mais cedo no treino, é o último treino antes da viagem para Lá Paz.

Chego no CT, vou para o vestiário e me troco enquanto converso com os caras. Mexo no celular e vejo uma foto de Ana Júlia em um projeto. Arrascaeta vê e fala:

— babando a modelo de novo...

Olho para ele e digo:

— Deixa de ser fofoqueiro, Namaria Braga! Como você conseguiu ver meu celular daí?

Ele responde:

— Não preciso nem ver pra saber. Bora que o JJ tá bravo hoje.

— Que dia esse velho tá de bom humor.

— Chega de corpo mole! O circuito já está montado. Vocês vão refazer ele cinco vezes. Assim que todos terminarem, se dividem em duas vezes para começarmos o jogo — ordenou o treinador Jorge Jesus, fazendo com que todos ouvissem.

Olhei para os cones de diversos núcleos e os obstáculos já postos no gramado. Respirei fundo e olhei para meus amigos que repetiram meu ato — Vitória, Arrascaeta, Bruno Henrique, Gerson e Everton Ribeiro.

— Quando terminarem o circuito, quero que vocês vão até a academia — terminou de falar e se dirigiu até o circuito junto do resto da equipe de comissão técnica.

Franzi o cenho olhando para Arrascaeta, que só deu de ombros e caminhou até os cones com BH logo atrás. Eu apressei o passo para fazer o mesmo, entrando na fila atrás dos caras que já começaram os exercícios.

Estava caminhando ao lado dos outros que o JJ citou o nome em direção à academia.

— Por que será que ele nos tirou do treino direto? — ouvi Gerson perguntar, sem parar sua caminhada.

— Não faço ideia, mas acho que ele quer conversar com a gente longe dos outros — respondeu Everton Ribeiro, enquanto abria a porta da academia, segurando-a para que todos nós entrássemos.

Não acho que seja isso, ele deve estar pensando em poupar uma parte do time titular pra estreia na Libertadores — foi a vez de Arrascaeta falar, me deixando intrigada. A teoria dele era a que mais fazia sentido para mim e pelo visto para os outros também, já que todos a encaravam pensativos.

Me dirigi a uma das várias esteiras que se localizavam no local, posicionadas uma ao lado da outra, e comecei uma caminhada leve, aumentando gradativamente com Arrasca ao meu lado. O resto dos caras se dividiram entre os outros aparelhos.

— Que droga, não quero ficar no banco quarta — resmunguei enquanto aumentava a velocidade do aparelho. — Eu consigo jogar tranquilo os dois jogos do Brasileirão e o da estreia na Libertadores.

Sentia o suor escorrendo pelo meu rosto e meu coração batendo forte contra meu peito em resposta aos movimentos cada vez mais pesados que meu corpo fazia.

— Larga de ser burra, todo mundo sabe que você consegue jogar quantos jogos forem necessários. A questão aqui é você se poupar de uma possível lesão. Imagina estrear na Libertadores sem a "estrela" do time? Não tem como garantir que não vai se machucar — comentou tranquilamente, mantendo passadas firmes na esteira enquanto eu corria cada vez mais rápido. — Inclusive, diminua essa velocidade aí antes que você dê de cara com essa parede. Imagina o treinador te poupar do jogo para você não se lesionar e você vai lá e faz isso por conta própria.

Além das Traves e PassarelasOnde histórias criam vida. Descubra agora