Despertar da Verdade

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pov: Ana Júlia

Acordo cedo, um dia cheio pela frente. Tenho um ensaio para uma marca de roupa gringa, a Chanel. Chego ao estúdio e sou recebida por um ambiente elegante e bem iluminado, exatamente o que eu esperava. O ensaio é incrível; as roupas são sofisticadas e me sinto confiante diante das câmeras. O dia passa voando e, ao final, sinto um grande alívio e satisfação, sabendo que fiz um bom trabalho.

Passo quase o dia todo fora, volto para o apartamento e, para minha surpresa, encontro Vitória sentada na minha porta. Ela se levanta assim que me vê e diz:

— Tava te esperando.

Não entendo muito bem o que ela está fazendo ali, mas, de qualquer forma, decido ser educada e digo:

— Se quiser, entre.

Eu já estava pensando que era bom ela ficar esperta, se ela veio aqui pra se vingar ela ta ferrada porque a matéria que ela está aprendendo, eu dou aula.

Abro a porta e a deixo entrar. Ela se acomoda no sofá.

eu digo quer beber alguma coisa?

ela recusa e diz que precisamos conversar. Sentando-me ao seu lado, me aproximo e pergunto:

— Que tipo de conversa?

Ela olha nos meus olhos com seriedade.

— Eu tô falando sério. Não começa. Eu tô com você na minha cabeça desde ontem. Vim aqui para te fazer se arrepender de tudo que tem me feito entrar no seu joguinho fazer oq vc faz comigo, mas que saber eu to cansada disso.

Percebo que a conversa é mais importante do que eu imaginei. Me levanto e preparo um copo de gin para mim, enquanto pergunto:

— Tem certeza que não quer nada?

Ela me interrompe:

— Tem como você sentar, por favor, e me ouvir? Está muito difícil ter uma conversa enquanto você está nessa roupa e ainda por cima me provocando.

Dou uma risada e me sento ao seu lado novamente. Digo:

— Ok, fale.

Ela respira fundo e diz:

— Eu gosto de você... muito. Desde o dia em que te vi, você nunca mais saiu dos meus pensamentos. Eu nunca imaginei que pudesse gostar de alguém assim. eu tenho minhas batalhas internas e é difícil ter alguém me controlando e me fazendo ter algum tipo de sentimento e falar deles.

Eu a olho com uma expressão cética, tentando esconder o quanto essas palavras dela me afetam.

— Isso tudo é só para me levar para a cama? Porque, sinceramente, não precisava.

Ela me encara com uma intensidade que me faz sentir um arrepio, mas eu continuo:

— Você pode conversar comigo sem esses jogos.

— Estou conversando, mas para cima de mim isso não cola. Você já gostou de alguém de verdade?

Eu estreito os olhos, tentando decifrar suas intenções.

— Já tive um relacionamento, mas éramos novas. Não sei muito sobre sentimentos verdadeiros.

Suspiro, sentindo a frustração crescer dentro de mim.

— Então pronto. O que você sente por mim é desejo, não passa disso. Você não gosta de mim, não sabe nada sobre mim.

Ela me encara mais uma vez, e sua voz sai mais suave, quase implorando:

— Então me conta. Me deixa te conhecer por baixo dessa armadura.

Sinto minha paciência se esgotando, a raiva misturada com uma pitada de sarcasmo começa a transparecer.

Além das Traves e PassarelasOnde histórias criam vida. Descubra agora