9 - Esse sou eu

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Gente bonita, eu estou adiantando o capítulo dessa semana pois estou estudando e comecei a ler um livro que já sei que vai me prender kkk
Volto no watts na semana que vem. Beijin.

Samuel franziu o cenho olhando para Karlyle. Tudo bem que aquela fachada de “Alfa Malvadão” que ele tinha, assustava a qualquer ser humano no raio de duas galáxias, mas não era algo para se ter como monstruosidade e se impressionou quando Karlyle abaixou o olhar para o chão e disse:

_Eu matei vinte e um alfas de mãos vazias aos dezenove anos movido apenas pela raiva e pela dor de perder minha mãe. Eu sou um verdadeiro psicopata.

Sam prendeu a respiração e Cain se afastou um pouco de Lyle o olhando apreensivo.

_Tenho certeza de que isso você não é Lyle – declarou Elizabeth em tom de repreensão – Psicopatas não tem sentimentos! Você é empático até demais para se declarar assim! Eu convivi com uma narcisista psicopata e sociopata e lhe digo que está longe de ser isso. Se fez o que fez, teve motivos e eu gostaria muito de saber quais e creio que o Samyzinho também.

_Sim... E não me chame de Samyzinho Liz – pediu Samuel bem baixinho – Parece que tenho cinco anos.

_Não tem cinco anos, mas é um pitico. – o ômega esboçou um sorriso. – Tome mais suco. Karlyle não gastou aqueles músculos enormes espremendo laranjas para você na marra a toa. Sim querido, elas usou as mãos pois o espremedor tinha botões demais para o gosto dele.

Sam concordou com um aceno de cabeça, bebeu um pouco do suco e olhou para Karlyle quando ele recomeçou a falar.

_Eu sou filho de um líder caído, Alexander Raven. Ele foi morto num desafio de sangue pela liderança da nossa matilha e ninguém tira da minha cabeça que, mesmo o alfa que assumiu a liderança sendo de fora, havia motim dentro da matilha para o tirar de lá, já que não levantaram um dedo para ajudar o meu pai e quando ele se foi, exploravam ao máximo minha mãe e eu.

_Espera aí... Você era um Invisível?

_Sim Cain. Eu era. A esposa e o filhote do antigo líder dos Raven se tornaram Invisíveis diante de toda a matilha... Quase toda, melhor dizendo.

_Quantos anos tinha Lyle? – perguntou Sam com pesar.

_Sete.

A penas a metade da idade que Sam tinha quando Jonathan o transformou num invisível por alegar que ele era o filho bastardo de seu pai.

_A minha mãe, Alice, e eu trabalhávamos das cinco da manhã até a hora que nós deixavam descansar. Às vezes só tínhamos água para beber, o que fazia minha mãe roubar comida para mim... Eu fazia o mesmo por ela. Às vezes eu ganhava, já que o líder da matilha não tinha apenas um ômega, mas dois e deixava cada um em uma casa. Ambos passavam por maus bocados por serem casados com ele, mas sempre que minha mãe ou eu estávamos limpando a casa seja de Elena, seja de James, eles sempre davam algo para gente comer e sempre que podiam, cuidavam de ferimentos em nós escondidos. Conforme eu crescia, a mamãe se acostumou a andar curvada e colocava mais e mais comida escondida no avental dela e trazia para mim. Quando eu pegava algo para ela, ela sempre dizia que não gostava ou estava satisfeita, apenas para que eu comesse.

Karlyle abaixou o olhar e soltou o ar pela boca devagar enquanto sentia uma lágrima descer pela sua bochecha.

_A mãe começou a ficar doente e eu fiz de tudo para a ajudar. Os chás medicinais que ela havia me instruído, eu roubava remédios da caixa de primeiro socorros do líder, mas como eu não sei ler direito, esse é o motivo de eu não ter usado o espremedor Liz, acabava levando coisas inúteis para ela, como remédios para dor muscular ou algo do tipo e isso não servia numa pneumonia. A minha mãe sempre tinha um barbante velho com ela e uma agulha que ela mesma fez com o miolo de um fio de ferro. Todos os dias, quando ela estava sentindo que a mente dela a estava afetando mais que o corpo, ela sentava para fazer crochê e me ensinou, pois eu quase sempre tinha crises de ansiedade ao ponto de não conseguir respirar por causa das coisas que eu ouvia e via, por causa das privações de sono e de comida... Foi por isso Sam, que você acordou e eu estava ali no cantinho fazendo o cachecol, esvaziando a minha mente das preocupações com você.

Sam fez que sim com a cabeça, os olhos dele brilhando com as lágrimas que ele se segurava para não derrubar enquanto ouvia o relato de Karlyle.

_A mamãe fez de tudo para me proteger. E eu me culpo de só ter percebido certas coisas, quando eu já estava com dezessete anos e prometi pra ela, que eu a tiraria daquele lugar! Eu não consegui... Uma semana depois de fazer dezenove anos, ela morreu e foi simplesmente atirada no bosque que tem nos entornos da sede da matilha para que fosse comida por urubus! Eles nunca respeitaram ela em vida e também não respeitaram quando ela se foi! Quando eu a encontrei, eu chorei até ficar rouco... Tudo doía dentro de mim, mas depois silenciou. Eu senti como se eu estivesse oco por dentro enquanto cavava com as minhas mãos uma cova para enterrar minha linda mãe e quando terminei, a raiva de todos aqueles desgraçados que cuspiram na minha mãe, batiam nela e em mim e falavam que se ela não fosse uma invisíveis que a foderiam todos os dias, me encheu! E eu entrei naquele lugar com um objetivo: Vingança!

“Eu matei primeiro aquele liderzinho de merda e quando me deu conta, os seus do ciclo íntimo dele também estava no chão... Tampe os ouvidos Sam – o ruivo obedeceu, mas Liz fez questão de por as próprias mãos sobre as orelhas do rapaz – Eu quebrei pescoços, provoquei fratura exposta no líder que ali estava, perturbando a paz que meu pai tinha instaurado na matilha! Eu arranquei uma costela daquele desgraçado, apenas para enfiar na goela dele!”

Cain se aproximou devagar e pousou a mão no ombro esquerdo de Karlyle em solidariedade apesar dele estar tremendo pelo que ouvia, e ele o olhou, fazendo Cain se preparar para a bronca, que não veio.

_Obrigado pelo apoio Cain. Bom saber que se solidariza.

O alfa acenou com a cabeça e Karlyle olhou para Elizabeth, um pedido para que retirasse as mãos das orelhas de Sam.

_Eu saí pelas casas da nossa vila perguntando aos ômegas sobre os seus maridos e quando eles não tinham coragem de contar, os filhotinhos diziam: “Tio Lyle, ele ou ela, bate no mamã ou na mamãe” e isso era só o que eu precisava ouvir para arrastar o desgraçado ou desgraçada para longe dos pequenos e matar! Como eu disse, foram vinte e um alfas que eu matei. Quando eu terminei tudo, eu os arrastei para fora e pus fogo e quando voltei para a vila onde fica a matilha, os ômegas me aplaudiram e uma delas me trouxe o anel do papai que havia arrancado do dedo do líder usurpador antes que eu o levasse embora, o levasse para o fogo!

“Eu disse que eles eram livres. Que não precisariam de alguém mandando neles e infernizando suas vidas. Catarina, a que me deu o anel dos Raven, disse que se eles não tivessem um líder protetor como eu, que iria aparecer alguém e infernizar a vida de todos. Eu pedi à ela um tempo. Um tempo para me curar e para pôr a cabeça no lugar e ela disse que o tempo que precisasse, todos dariam. Ligo para eles uma vez ao mês e a maioria dos trabalhos que consigo, dou um jeito de mandar dinheiro para lá. Eu não preciso de muito. Todos estão bem e colocam qualquer um para correr.”

Ele olhou diretamente para Samuel quando acabou de falar e o viu pôr a bandeja de lado, e tirar os cobertores de cima das pernas. Liz prontamente ajudou Sam a se levantar e ele caminhou até Karlyle.

_Lyle, eu posso abraçar você?

_Pode... Por favor Sam... – disse o alfa baixinho e quando Samuel o abraçou, ele simplesmente desabou em choro. Relembrar aquelas coisas era um verdadeiro inferno para ele e ele sempre relembrava quando ia dormir.

_Passou. Está tudo bem agora. Você é tão herói quando Liz. Vocês protegeram pessoas de abusos físicos, emocionais e sexuais. Você matou pessoas ruins, a Liz matou uma pessoa ruim. Não se sinta tão culpado.

_Obrigado Sam...

Cain estava evitando respirar por Samuel estar tão perto dele enquanto observava a cena diante de si, até que sentiu um par de braços o envolver e o puxar pro colo e ele tratou de enfiar o rosto no pescoço de Elizabeth.

_Meu cheiro vai fazer você se acalmar Cain. Está tudo bem.

Foi ela falar isso, para o outro relaxar no colo dela.

_Samy já sabe de nossas histórias e sabe que nós o defendemos sem que saibam.

_Eu queria que soubessem. Eu queria poder salvar o Sam, Liz, mas eu jamais faria mal à você e ao Cain entenda isso.

_Nem eu quero que faça mal à eles Lyle. – pediu Samuel antes que Elizabeth dissesse o que iria dizer.

_Eu te prometo que não farei Sam. Tudo bem?

Ele fez que sim com a cabeça e a face dele se retorceu levemente e Karlyle se deu conta de que ele havia saído de sob as cobertas quentinhas e estava ajoelhado no chão frio diante dele, o que o fez se colocar de pé e pegar Sam no colo.

_Cama. Eu sei que a dor voltou.

_E nós dois vamos dormir um pouco Lyle. Eu estou quebrada. Qualquer problema chame, estou no quarto ao lado.

_Não faça barulhos suspeitos com Cain. – pediu o alfa alargando o sorriso.

_Quem sabe. – disse o casal e um olhou para o outro e riu, desejando boa noite ao sair.

Sam se ajeitou na cama e jogou os cobertores em cima de Karlyle e o abraçou.

_Tem certeza que vai ficar embaixo das cobertas enroladinho assim num alfa grandalhão e assassino em pleno seu heat.

_Você não me machucaria nunca... Assim como a Liz também não.

_Você está bem sabendo de nós dois?

_Sim. Vocês foram abertos e sinceros. Isso é muito importante pra mim, já que Jonathan me rebaixou a insignificância de um nada e de um ninguém...

_Quer falar sobre Sam?

_Eu tenho medo...

_No seu tempo. Eu nunca o obrigaria a me contar nada que o magoasse, ferisse ou algo assim.

_Canta pra mim Lyle?

_Canto.


Raven (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora