03. Há Algo Errado

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Lee Minho



Foram precisos apenas alguns segundos para Jisung se recuperar da queda de pressão, mas incontáveis minutos para que seu choro intenso e seus lamentos desconexos diminuíssem.

Eu o teria deixado reclamar e se lamentar sozinho, se ele não estivesse chorando seu coração para fora, parecendo realmente magoado com a situação em que se encontrava. 

Por conta do meu passado e de todos os choros doloridos que presenciei durante os anos anteriores, me vi preso junto a ele.

Havia o gosto amargo familiar, como um eco das memórias que eu preferia esquecer, mas eu simplesmente não conseguia deixá-lo daquele jeito.

Suspirei cansado, apoiando meu quadril na pia e, mais uma vez, desenrolando o papel higiênico em minha mão antes de passar para ele.

Aqueles minutos no banheiro, o assistindo soluçar como uma criança, foram suficientes para acabar com metade do rolo e encher a pequena lixeira de alumínio.

Raspei minha garganta e cruzei os braços ao ouvi-lo assoar o nariz mais uma vez, tentando pensar em uma forma de fazê-lo parar. 

A hesitação em minha voz refletia a delicadeza do momento, como se qualquer palavra errada pudesse piorar sua situação.

— Estava tentando não me meter na sua vida, já que você está em um momento vulnerável e tudo, mas... Já que você fez questão de contar toda sua história com esse Bang Chan, estou me dando a liberdade de te dar um conselho... — Me interrompi ao vê-lo se inclinar para frente, deixando seu rosto bem perto do meu e me encarando com os olhos bem abertos em expectativa.

Sua proximidade inesperada mostrava seu claro desespero por ajuda, como se ele tivesse depositado toda sua confiança em mim. E mais uma vez, me peguei o comparando a uma criança.

— O que você acha? O que acha que eu devo f-fazer? — Ele piscou várias vezes e coçou o nariz com a palma da mão, me fazendo contorcer o rosto em uma careta de nojo. 

Seus olhos estavam vermelhos e inchados, evidência das lágrimas recentes, e ele parecia totalmente perdido, buscando desesperadamente por uma solução mágica que eu não tinha certeza se poderia oferecer.

Desenrolei mais um pouco de papel higiênico e coloquei em sua mão antes de suspirar. O banheiro estava silencioso, exceto pelo som ocasional de fungadas vindas dele.

Por mais que a situação fosse trágica e cômica, me vi admirado por seus traços bonitos e jeito adorável. Mesmo em meio ao caos emocional, havia algo atraente em seu jeito de se expressar.

Me vi cativado pelo jeito que seu nariz franzia toda vez que ele fungava e no jeito que seus olhos dobravam de tamanho cada vez que uma possibilidade se passava em sua mente. Seu drama exagerado era estranhamente adorável.

— É um cara bonito, mas não o suficiente para te fazer chorar como uma criancinha. — Resmunguei, tentando adicionar um pouco de humor na situação, enquanto estendia a lixeira na direção dele para que ele pudesse jogar o papel sujo. — Acho que você está fazendo muito drama por pouco, quer dizer... Ele pode estar pensando exatamente como você. — Minha voz soou mais confiante do que eu me sentia.

— Como assim? — Ele voltou a encostar as costas contra o espelho, enquanto puxava a barra de sua camisa para baixo, que já se encontrava esgarçada.

Sua expressão era uma mistura de curiosidade e dúvida, como se ele estivesse se agarrando a qualquer fio de esperança.

— Estou convencido de que ele sabe que você gosta dele. Você me disse todas as coisas que fez por ele, é impossível ele não ter percebido. — Eu comecei a falar, escolhendo cuidadosamente minhas palavras, enquanto me esforçava para não deixar transparecer minhas próprias dúvidas. — Na minha cabeça, há apenas duas possibilidades: ou ele não gosta de você e está ignorando tudo que está fazendo de propósito, ou ele inventou essa para te testar.

Before We Love | MinSung | EnemiesToLoversOnde histórias criam vida. Descubra agora