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02. Chegou Meu Fim

Han Jisung

Minhas mãos suavam, fazendo a barra de ferro quase escapar várias vezes. Meus músculos ardiam como nunca, e minha visão escurecia a cada movimento.

O som ao meu redor era abafado pelas batidas rápidas do meu coração, e tudo que eu conseguia pensar era em não soltar a barra e desabar no chão.

A cada repetição, sentia como se estivesse puxando não apenas o peso do ferro, mas também o peso da minha decisão de estar ali. 

Bastou apenas uma semana de academia para eu aceitar que havia sido uma péssima ideia. Tinha me iludido de que seria uma ótima desculpa para me aproximar de Chan, mas naquele momento, tudo o que eu conseguia pensar era no quanto queria estar em casa, descansando e não tentando provar algo para alguém que talvez nem percebesse.

Faltava apenas uma semana para o fim do semestre e a nova divisão de quartos. Eu esperava conseguir ficar no mesmo quarto que Chan, mas não sabia como pedir, temendo que ficasse muito evidente meu desespero para ser escolhido. Então, estava focado em fazer com que ele sugerisse.

Minha mente vagava entre estratégias, cada uma mais ridícula que a anterior, mas todas com o mesmo objetivo desesperado.

Bang Chan estava há meses reclamando de seu colega de quarto, que não o deixava treinar tarde da noite. Pensei em acompanhá-lo na academia, para que ele chegasse à conclusão de que ter seu melhor amigo, que também se interessava por exercícios, no mesmo quarto, seria útil e agradável.

Porém, eu não contava com seu ritmo quase impossível de acompanhar. Minhas mãos, antes macias, estavam começando a criar calos. A mistura de vários perfumes masculinos e suor não era agradável, e eu não via como conseguiria fazer Bang se atrair por mim estando suado e com lábios sem cor por conta da pressão cada vez mais baixa. 

Cada treino pesado parecia mais um teste de resistência física e emocional, e eu me questionava se esse era realmente o caminho para o que eu desejava.

— Ah, isso é tão bom! — Chan suspirou enquanto se sentava no chão de forma desleixada. Seus olhos brilhavam de satisfação, um contraste gritante com minha exaustão. 

O observei abrir a garrafa de água e dar longos goles, fazendo seu pomo de Adão subir e descer. Seria uma visão gloriosa se eu não estivesse vendo pontos coloridos por todos os lugares. 

Eu me perguntava quanto tempo mais conseguiria manter aquela farsa antes de desmoronar.

— Acho que estou indo. — Choraminguei baixo, para que ele não escutasse, e me deitei no chão da academia de forma teatral. — Foi um ótimo treino, Channie, mal posso esperar pelo de amanhã. — Tentei soar animado, mas saiu mais como um resmungo.

— Bem, amanhã não vou conseguir vir treinar. — Soltou uma risadinha suspeita, e eu levantei apenas a cabeça, vendo os pontos coloridos em minha visão se multiplicarem, me fazendo piscar várias vezes. — Seungmin me pediu para torcer por ele na competição de matemática. 

Sua explicação foi um alívio, uma pausa bem-vinda na tortura que eu mesmo havia me colocado.

— E tem isso, é? — Perguntei sem muito interesse e aproveitei que ele estava virado em direção à parede da academia para engatinhar até o bebedouro, na esperança de que um pouco de água me impedisse de desmaiar. 

— Sim, não consegui dizer não. — Chan suspirou, e eu assenti para mim mesmo enquanto me esticava para puxar o copo descartável do suporte sem ter que erguer meu corpo por completo. — Até porque é uma ótima oportunidade de mostrar que eu realmente me importo com ele.