11. Lábios Bonitos

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Lee Minho



Coloquei a última caixa dentro do quarto e grunhi de dor, sentindo uma pontada em minhas costas. 

"Por que eu fui perder meu dia de descanso com essa mudança?" pensei, lamentando enquanto me endireitava, tentando aliviar a tensão dos músculos com um alongamento.

O comunicado indicava que meu quarto era no dormitório verde, então, sem pensar duas vezes, movi todas as minhas coisas para o prédio correspondente.

Só depois de terminar é que percebi o e-mail corrigido logo acima, indicando que meu dormitório era, na verdade, o roxo — o mesmo de antes.

Em vez de apenas passar as coisas para o final do corredor, acabei transportando tudo para um dormitório completamente diferente, o que me levou a perder muito tempo.

— Então, o seu amorzinho está com o seu amigo no começo do corredor? — Fingi coçar o queixo. — Nada de beber até tarde, tá? Não afogue suas mágoas fazendo barulho e não me atrapalhe com sua deprê. — Zombei, lançando a Jisung um sorriso provocador.

— Me deixe em paz! — Manhou e pegou uma almofada em formato de arco-íris, uma das muitas que decoravam sua cama, a arremessando em minha direção.

— Ótimo, muito obrigado! Ficarei com tudo que tacar para o meu lado do quarto. — Acrescentei com um sorriso travesso.

Jisung ameaçou pegar a almofada colorida das minhas mãos, mas eu apontei para a linha vermelha que dividia o cômodo.

— Me devolve! — Franziu o cenho e em seguida bufou.

— Você também conta, também será meu. Não ouse cruzar a linha, ou vou entender que quer me beijar. — Levantei as sobrancelhas de forma exagerada, o desafiando, o que o fez recuar. — Eu beijo bem, sabia? O piercing torna a experiência diferente e muito excitante. — Umedeci os lábios, demorando a ponta da língua na argola prata.

Sua boca abriu e fechou, mas ele logo se virou para a própria cama, decidido a não me responder. 

Balancei a cabeça, tentando esconder um sorriso enquanto o assistia dobrar algumas roupas.

Jisung era bastante transparente quando estávamos sozinhos. Sua expressão era fácil de ler, assim como suas atitudes, preferências e pensamentos. O que me intrigava, especialmente porque seus amigos pareciam não ter a mesma facilidade.

— Você ficou bravo? — Perguntei, tentando provocá-lo novamente após alguns minutos de silêncio absoluto.

— Por que você não consegue ficar quieto? Não vê que eu estou sofrendo? — Ele se sentou na beira da cama e se abraçou a um ursinho marrom, parecendo realmente chateado. — Não vê que eu estou com o coração partido? Não pode simplesmente ser legal ou ficar quieto?

— Irritante e atraente, é o que pensa de mim? Por isso quer me beijar? — Umedeci os lábios novamente, notando seu olhar seguir o movimento da minha língua. — É o piercing?

— Como pode ser tão convencido? Eu lhe disse que me sinto atraído? Hã? — A voz de Jisung tremia de leve, mas havia uma curiosidade em seu olhar que ele não conseguia esconder.

Um sorriso genuíno surgiu nos meus lábios ao notar como seus olhos deslizavam pelo meu corpo, como se ele estivesse tentando confirmar para si mesmo se sentia alguma coisa. Era fácil de ler.

De repente, seus olhos se arregalaram, e eu franzi o cenho, confuso. Antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, senti cócegas em meu pé descalço. Olhei para baixo e vi um rato gordo, de pelagem marrom e branca, perto do meu tornozelo.

— Jisung... — Minha voz saiu tensa.

— Não se mexa, vai acabar machucando ele. — Ele murmurou calmamente, como se nada extraordinário estivesse acontecendo.

— Conhece ele? — Minha voz saiu mais aguda do que eu gostaria, a incredulidade evidente.

— Conheço sim, é o Dentinho. Ele deve ter saído da gaiola de transporte. — Franziu o cenho e deu de ombros em seguida. — Devo ter deixado a portinha destrancada. Que bom que ele não saiu do quarto. — Jisung suspirou e sorriu em seguida, olhando para o rato com certo afeto.

— Então o rato é seu? — Falei entre os dentes, sentindo o bichinho se mover e subir um pouco mais. — Tira ele daqui!

— Ele não é um rato, é um hamster chamado Dentinho. Tenha respeito com ele. E bem... — Um sorriso maldoso apareceu em seus lábios. — Você me disse que qualquer coisa ou ser que fosse para o seu lado do quarto seria seu. Parabéns, você acabou de ganhar o Dentinho! — Provocou, permanecendo despreocupadamente onde estava, sem a menor intenção de se mover. — Também não quero correr o risco de você me reivindicar.

— Tá' de sacanagem comigo? Eu vou chutar seu rato na parede, tá me ouvindo? Tira ele! — Grunhi e em seguida engoli em seco.

— Eu deveria cruzar a linha? — Jisung se levantou e colocou o dedo indicador contra a boca, fingindo estar em dúvida. — Dentinho parece confortável.

— Tira a porra do rato, Han Jisung! — Gritei, sentindo o bicho subir pelo meu pé e se agarrar à barra da minha calça jeans. 

— Fala baixo! — Ele fez um sinal de silêncio, mas eu sorri de forma maldosa. — Não ouse! — Projetou os braços para frente.

— Vou gritar que você tem um rato. Vou gritar se você não tirar. — Tentei soar firme em minha ameaça.

Antes que eu pudesse puxar o ar para gritar, Jisung atravessou o quarto correndo e se jogou em cima de mim, pressionando a palma da mão contra a minha boca e me lançando um olhar desesperado.

— Humrumrum! — Grunhi contra a palma da sua mão, meu protesto abafado pelo contato firme.

— Por favor! Não fala do Dentinho! Eu já estou triste pra caramba, não posso ficar sem meu amigo. — Engoliu em seco e me encarou assustado.

Por um breve momento, meus sentidos ficaram aguçados. Eu conseguia senti-lo. O cheiro suave de shampoo em seus cabelos, a proximidade dos nossos rostos e o ritmo acelerado de sua respiração.

Após alguns segundos, um brilho hesitante surgiu em seus olhos, como se ele também tivesse se esquecido completamente do motivo se estar em cima de mim.

Seu rosto estava tão perto que eu podia ver cada detalhe, inclusive o contorno dos seus lábios rosados e atraentes.

Jisung afrouxou o aperto e eu aproveitei o movimento para afastar sua mão da minha boca.

Com um reflexo rápido, ele pegou o hamster e correu de volta para o seu lado do quarto, como se tivesse levado um choque.

Eu o observei, ainda respirando com dificuldade, sem conseguir conter um sorriso divertido pela situação. Suas bochechas estavam vermelhas e ele parecia estar zonzo e confuso.

— Você tem lábios bonitos, Jisung. — Murmurei sem pensar.

...

Heey,

+50 comentários e eu volto ;) ❤

Amando as interações no Insta e os comentários :') Obrigada

O trailer dessa fic será lançado em breve 🤟

Before We Love | MinSung | EnemiesToLoversOnde histórias criam vida. Descubra agora