Capítulo 3.

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Bravo. 🎭

Cheguei aqui na frente da casa do patrão hoje, e a molecada não falava de outra coisa, o assunto era só a mina que tinha aparecido aí, a filha da patroa.

Os menor pareciam que tava na puberdade, bagulho de maluco mermo, até vi a mina na janela, olhei um pouco pra cima mas não vi nada demais, como sempre os menor pagando pau pra qualquer buceta.

Fiquei ali trocando um papo com eles, e logo vi a porta sendo aberta e de lá saindo a Isabel, e logo depois a tal mina...

Caralho, eu devia ter botado fé nas palavras dos parceiros mermo, de longe não tinha visto nada, mas agora, a mina passando aqui pertinho, eu fui perceber que o bagulho era real mermo.

A mina era perfeitinha mermo, tudo no lugar, rostinho de boneca, cabelão, e o corpo.... te falar mané, uma bunda que nem desse mundo era, precisa nem de muito pra saber que as negas do morro vão cair na inveja, porque a mina é diferenciada.

Disfarcei e olhar e neguei com a cabeça, cumprimentando só a Patroa.

Bravo: Qual foi mãezona, vai precisar de algo? — Perguntei pra Isabel, tinha maior consideração por ela e pelo Pixote.

Isabel: Vou sim Pedrinho, vou passar no mercado e depois quero que tu vá lá pegar as sacolas pra mim, pode ser?

Bravo: Tu não pede, tu manda, mas manera aí nesse bagulho de Pedrinho pô, o papo é Bravo. — Falei na moralzinha.

Isabel: Tu é Pedro pra mim, já falei, tem porra de vulgo não. — Falou e eu neguei com a cabeça, rindo.

Bravo: Fechou então, tu pode!

Isabel: Tô indo lá com a minha filha então, daqui uns 20 minutos tu passa lá. — Falou e eu assenti, olhando pra menina do lado dela que estava com a maior cara de tédio no celular, mas que assim que foi saindo, me encarou. Só encarei de volta e ela desviou o olhar, sumindo da minha vista.

Sou cria daqui mermo, quando fiz 14 anos minha mãe descobriu um câncer, era só eu e ela, sempre foi, meu pai nunca nem conheci, então ela teve que parar de dar as faxinas dela, e as coisas começaram a apertar... foi aí que eu tive que fazer algo, meus amigos já eram tudo envolvido mermo, desde menorzin, só eu que falava que não queria isso pra minha vida e que iria tentar algo diferente.

Mas tu só fala isso enquanto não precisa pô, na hora do desespero, quando tu vê tudo desmoronando ali na sua frente, tu aceita o que for.

Colei ainda mais com os menor e logo fui me tornando um deles, e de pouco em pouco, fui conseguindo ajudar minha mãe.

Enquanto ela estava doente, eu metia mó migué de que tava trabalhando só no computador pro dono daqui, porque ele não sabia mexer, ela não gostou, mas ainda sim, pra ela, isso era menos pior do que ser aviãozinho ou qualquer outra parada.

Eu prometi pra mim mermo que quando minha mãe melhorasse eu sairia do movimento, ia meter marcha nos progresso certo, mas tu fez isso? Pois é, nem eu.

Depois de 3 anos, a coroa se curou, ficou boa, mas eu não tive força pra largar nada, a cabeça já tava virada, já tava ganhando mais grana do que pensei um dia, já tinha participado até de uma trocação, e sem contar que virei o protegido do pixote pô, meu paizão, então tava como? Elétrico, iludidão, sempre querendo mais.

E aí tô aqui até hoje, dia após dia, pedindo proteção e vivendo minha vida.

Minha mãe já nem fala mais nada, ela tá ligada que entra por um ouvido e sai pelo outro, então pedi pra ela parar de bater cabeça.

Vapor: Se ligou na mina, mané? Tá maluco, era dentro com certeza. — Falou e eu dei um tapão na cabeça dele.

Bravo: O pixote vai amar saber disso, menor. — Neguei com a cabeça. — Fé pra vocês, e se liguem porque essa aí é intocável, o paizão vocês conhecem. — Falei e fui montando na moto, saindo dali.

Perdição.Onde histórias criam vida. Descubra agora