Capítulo 8.

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Milena. 🎀

Hoje era sábado, dia de baile e eu iria pela primeira vez com a minha mãe e o Pixote.

Tava terminando de me arrumar, quando minha mãe entrou no quarto.

Isabel: Tá muito curto esse vestido não, dona Milena? — Perguntou me olhando de cima a baixo.

Milena: Não mãe, tá lindo, ou vai dizer que não? — Perguntei e ela riu, negando com a cabeça.

Isabel: Ainda tenho dificuldade de entender que você cresceu... — Falou se aproximando de mim e beijando minha cabeça.

Milena: Mãe, sem chorar em, vai borrar a maquiagem. — Falei olhando pra ela, que riu e assentiu.

Isabel: Bora logo então.

Saímos do quarto e o Pixote já tava lá fora com o carro esperando nós duas, a rua estava bem cheia, mas conforme viam que era o carro dele, já iam saindo da frente.

Confesso que era muito boa essa sensação, quando eu andava com meu padrasto do lado me sentia o máximo.

Quando chegamos próximo, já dava pra escutar a música torando, então ele estacionou e nós duas descemos.

Um vapor veio puxando eu e a minha mãe lá pro camarote, e quando subimos eu já fui correndo fazer um copo de bebida.

Isabel: Olha milena, eu não quero ser uma mãe chata e que te priva das coisas, então vou te dar toda liberdade do mundo, desde que você saiba se comportar e sem exageros. — Falou chegando do meu lado e eu assenti, dando um beijo na sua bochecha.

Foram chegando algumas pessoas, que minha mãe ia me apresentando, a maioria eram de outros morros, e todos casais, minha mãe não era boba nem nada de deixar mulher subindo aqui pra cima.

Fui olhar lá embaixo, e logo vi o pessoal dando espaço, quando olhei estavam vindo todos os caras em um trenzinho, um atrás do outro com os fuzis pro alto.

Logo começaram a gritar "trenzinho dos traficantes" e começou a tocar uma música que eu nunca tinha nem escutado.

Quando estavam se aproximando, meu olhar pousou logo no Bravo, o mais lindo disparado!

Eu não sabia explicar o porque eu tinha tanto desejo por aquele cara... na real até que eu sabia bem o porquê né, não era muito difícil explicar, era só olhar pro garoto.

Mas era além disso, eu realmente gostava do jeito marrento dele, e gostava mais ainda de ficar provocando pra ver até onde ia a pose de bom samaritano.

Eles subiram e minha mãe foi até o Pixote, enquanto eu fiquei sozinha, vendo o DG se aproximar.

DG: E aí parceira, tá de boa? — Perguntou passando o braço ao redor do meu ombro.

Milena: Tô e você? — Perguntei dando um beijo em sua bochecha.

DG: Tô firmeza pô... tu que tá aí pelo canto, cara de poucos amigos. — Falou e eu ri.

Milena: Não tenho amiga da minha idade aqui pra curtir, a única que eu fiz, é filha de pastor e não pode me acompanhar. — Falei rindo e ele riu, negando com a cabeça.

DG: É foda, se é ruim pra tu, imagina pra mim... doido pra desfilar por aí com a nega.

Milena: Vou combinar dela dormir lá em casa, pra vocês ficarem juntos um pouco.

DG: Tá maluco, aí eu beijo teus pés mileninha. — Falou fazendo graça e eu ri.

Milena: Então já beija agora! — Zoei e ele me deu dedo, me fazendo rir.

Ficamos ali nessa e quando olhei por ali, o Bravo tinha sumido, olhei lá pra baixo e vi ele lá embaixo conversando com uma garota.

Fingi que estava com vontade de fazer xixi e falei que ia descer, ele se ofereceu pra ir comigo mas neguei.

Saí de fininho sem minha mãe ver, e quando tava descendo a escada, esbarrei de propósito no Bravo e na menina.

Milena: Aí, desculpa... tava meio escuro, nem vi vocês aqui. — Falei olhando sínica.

— Tá cega então, minha filha, porque não tem nada escuro aqui. — A garota respondeu e eu prendi o riso.

Milena: Tem sorte que não derrubei minha bebida em você, tô com o reflexo bom. — Falei e o Bravo me fuzilou com o olhar.

Bravo: Qual foi, milena? Tá precisando de alguma coisa? — Perguntou e eu assenti com a cabeça.

Milena: Quero ir no banheiro e não sei onde é.

Bravo: Só ir reto aqui pô, tem erro não.

Milena: O pixote falou pra eu não andar sozinha aqui não... — Meti essa e ele bufou, com ódio.

Bravo: Vou levar ela aqui rapidinho, marca 5. — Falou com a menina e saiu me puxando.

Dei risada da cara de bunda da menina e segui ele que ia me puxando, como se eu fosse uma criança.

Quando chegamos na frente do banheiro, me virei pra ele.

Milena: A vontade passou... — Falei segurando o riso.

Bravo: Tu tá tirando com a minha cara, na moral mermo. — Falou me olhando puto.

Milena: Tenho culpa se a vontade passou? Tô com nojo de usar esse banheiro, ué. — Dei de ombros.

Bravo: Porra nenhuma, tu é cheia de gracinha mermo, parece que quer arrumar uma comigo, tomar no cu. — Falou bolado. — Vai, bora, vou te deixar lá e não quero mais bater de frente contigo.

Saí seguindo ele e quando chegamos perto do camarote, a menina tava lá, com a maior cara de bunda.

— Que demora, bravo! A bonitinha precisou de ajuda pra se secar? — Perguntou me olhando com desdém.

Milena: Não, ele que precisou pra fechar as calças mesmo. — Sorri sonsa e ela me fuzilou, tentando vim pra cima de mim.

Bravo: A mina tá tirando onda com sua cara porra, ela é enteada do patrão, acha que sou maluco? Vai, sobe, sai fora Milena! — Falou me olhando e eu arqueei a sobrancelha.

— Tô indo embora, quero papo agora não, me deixa! — Falou passando por nós igual um furacão.

Bravo: Ah, vai se foder então porra, devo explicação de bagulho nenhum não. — Falou acendendo seu cigarro, mas segurou meu braço com a outra mão. — Fica me provocando pra que, Milena? Tá querendo e não tá sabendo pedir? — Perguntou me olhando e eu estremeci.

Milena: Não.... nada disso, só gosto de tirar onda com a sua cara mesmo, acho divertido seu estresse. — Falei sem convicção nenhuma e ele me soltou.

Bravo: Aham, e eu sou otário né? Tô te palmeando já pô, tô ligado nas suas intenções. — Falou me deixando vermelha.

Milena: Como assim? — Perguntei me fazendo de sonsa.

Bravo: Tu quer ouvir o que? Que tu é gostosa pra caralho? Tu sabe que é parceira, mas é mó chave de cadeia também e eu tô fora, buceta não faz minha mente não, respeito ao patrão em primeiro lugar. — Falou assoprando a fumaça na minha cara.

Milena: Você fala como se eu quisesse casar contigo... só queria uns beijinhos, ué. — Falei virando meu copo.

Bravo: Já te dei o papo, abraça se quiser. Bora, vamo subir. — Falou e eu passei na sua frente, fazendo questão de esfregar a bunda nele, o que o fez suspirar pesado.

Não tô acostumada a levar fora não, não vou mentir, feriu meu ego, mesmo sabendo que ele queria sim e que era só questão de tempo pra esse papo de respeito sumir.

Perdição.Onde histórias criam vida. Descubra agora