Milena. 🎀
Hoje era sábado, dia de baile e eu iria pela primeira vez com a minha mãe e o Pixote.
Tava terminando de me arrumar, quando minha mãe entrou no quarto.
Isabel: Tá muito curto esse vestido não, dona Milena? — Perguntou me olhando de cima a baixo.
Milena: Não mãe, tá lindo, ou vai dizer que não? — Perguntei e ela riu, negando com a cabeça.
Isabel: Ainda tenho dificuldade de entender que você cresceu... — Falou se aproximando de mim e beijando minha cabeça.
Milena: Mãe, sem chorar em, vai borrar a maquiagem. — Falei olhando pra ela, que riu e assentiu.
Isabel: Bora logo então.
Saímos do quarto e o Pixote já tava lá fora com o carro esperando nós duas, a rua estava bem cheia, mas conforme viam que era o carro dele, já iam saindo da frente.
Confesso que era muito boa essa sensação, quando eu andava com meu padrasto do lado me sentia o máximo.
Quando chegamos próximo, já dava pra escutar a música torando, então ele estacionou e nós duas descemos.
Um vapor veio puxando eu e a minha mãe lá pro camarote, e quando subimos eu já fui correndo fazer um copo de bebida.
Isabel: Olha milena, eu não quero ser uma mãe chata e que te priva das coisas, então vou te dar toda liberdade do mundo, desde que você saiba se comportar e sem exageros. — Falou chegando do meu lado e eu assenti, dando um beijo na sua bochecha.
Foram chegando algumas pessoas, que minha mãe ia me apresentando, a maioria eram de outros morros, e todos casais, minha mãe não era boba nem nada de deixar mulher subindo aqui pra cima.
Fui olhar lá embaixo, e logo vi o pessoal dando espaço, quando olhei estavam vindo todos os caras em um trenzinho, um atrás do outro com os fuzis pro alto.
Logo começaram a gritar "trenzinho dos traficantes" e começou a tocar uma música que eu nunca tinha nem escutado.
Quando estavam se aproximando, meu olhar pousou logo no Bravo, o mais lindo disparado!
Eu não sabia explicar o porque eu tinha tanto desejo por aquele cara... na real até que eu sabia bem o porquê né, não era muito difícil explicar, era só olhar pro garoto.
Mas era além disso, eu realmente gostava do jeito marrento dele, e gostava mais ainda de ficar provocando pra ver até onde ia a pose de bom samaritano.
Eles subiram e minha mãe foi até o Pixote, enquanto eu fiquei sozinha, vendo o DG se aproximar.
DG: E aí parceira, tá de boa? — Perguntou passando o braço ao redor do meu ombro.
Milena: Tô e você? — Perguntei dando um beijo em sua bochecha.
DG: Tô firmeza pô... tu que tá aí pelo canto, cara de poucos amigos. — Falou e eu ri.
Milena: Não tenho amiga da minha idade aqui pra curtir, a única que eu fiz, é filha de pastor e não pode me acompanhar. — Falei rindo e ele riu, negando com a cabeça.
DG: É foda, se é ruim pra tu, imagina pra mim... doido pra desfilar por aí com a nega.
Milena: Vou combinar dela dormir lá em casa, pra vocês ficarem juntos um pouco.
DG: Tá maluco, aí eu beijo teus pés mileninha. — Falou fazendo graça e eu ri.
Milena: Então já beija agora! — Zoei e ele me deu dedo, me fazendo rir.
Ficamos ali nessa e quando olhei por ali, o Bravo tinha sumido, olhei lá pra baixo e vi ele lá embaixo conversando com uma garota.
Fingi que estava com vontade de fazer xixi e falei que ia descer, ele se ofereceu pra ir comigo mas neguei.
Saí de fininho sem minha mãe ver, e quando tava descendo a escada, esbarrei de propósito no Bravo e na menina.
Milena: Aí, desculpa... tava meio escuro, nem vi vocês aqui. — Falei olhando sínica.
— Tá cega então, minha filha, porque não tem nada escuro aqui. — A garota respondeu e eu prendi o riso.
Milena: Tem sorte que não derrubei minha bebida em você, tô com o reflexo bom. — Falei e o Bravo me fuzilou com o olhar.
Bravo: Qual foi, milena? Tá precisando de alguma coisa? — Perguntou e eu assenti com a cabeça.
Milena: Quero ir no banheiro e não sei onde é.
Bravo: Só ir reto aqui pô, tem erro não.
Milena: O pixote falou pra eu não andar sozinha aqui não... — Meti essa e ele bufou, com ódio.
Bravo: Vou levar ela aqui rapidinho, marca 5. — Falou com a menina e saiu me puxando.
Dei risada da cara de bunda da menina e segui ele que ia me puxando, como se eu fosse uma criança.
Quando chegamos na frente do banheiro, me virei pra ele.
Milena: A vontade passou... — Falei segurando o riso.
Bravo: Tu tá tirando com a minha cara, na moral mermo. — Falou me olhando puto.
Milena: Tenho culpa se a vontade passou? Tô com nojo de usar esse banheiro, ué. — Dei de ombros.
Bravo: Porra nenhuma, tu é cheia de gracinha mermo, parece que quer arrumar uma comigo, tomar no cu. — Falou bolado. — Vai, bora, vou te deixar lá e não quero mais bater de frente contigo.
Saí seguindo ele e quando chegamos perto do camarote, a menina tava lá, com a maior cara de bunda.
— Que demora, bravo! A bonitinha precisou de ajuda pra se secar? — Perguntou me olhando com desdém.
Milena: Não, ele que precisou pra fechar as calças mesmo. — Sorri sonsa e ela me fuzilou, tentando vim pra cima de mim.
Bravo: A mina tá tirando onda com sua cara porra, ela é enteada do patrão, acha que sou maluco? Vai, sobe, sai fora Milena! — Falou me olhando e eu arqueei a sobrancelha.
— Tô indo embora, quero papo agora não, me deixa! — Falou passando por nós igual um furacão.
Bravo: Ah, vai se foder então porra, devo explicação de bagulho nenhum não. — Falou acendendo seu cigarro, mas segurou meu braço com a outra mão. — Fica me provocando pra que, Milena? Tá querendo e não tá sabendo pedir? — Perguntou me olhando e eu estremeci.
Milena: Não.... nada disso, só gosto de tirar onda com a sua cara mesmo, acho divertido seu estresse. — Falei sem convicção nenhuma e ele me soltou.
Bravo: Aham, e eu sou otário né? Tô te palmeando já pô, tô ligado nas suas intenções. — Falou me deixando vermelha.
Milena: Como assim? — Perguntei me fazendo de sonsa.
Bravo: Tu quer ouvir o que? Que tu é gostosa pra caralho? Tu sabe que é parceira, mas é mó chave de cadeia também e eu tô fora, buceta não faz minha mente não, respeito ao patrão em primeiro lugar. — Falou assoprando a fumaça na minha cara.
Milena: Você fala como se eu quisesse casar contigo... só queria uns beijinhos, ué. — Falei virando meu copo.
Bravo: Já te dei o papo, abraça se quiser. Bora, vamo subir. — Falou e eu passei na sua frente, fazendo questão de esfregar a bunda nele, o que o fez suspirar pesado.
Não tô acostumada a levar fora não, não vou mentir, feriu meu ego, mesmo sabendo que ele queria sim e que era só questão de tempo pra esse papo de respeito sumir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Perdição.
Fiksi PenggemarA gente pode tentar escrever o nosso destino na nossa mente um milhão de vezes, traçar mil planos, imaginar tantas coisas... e no final, a vida nos dá um choque de realidade, mostrando que não temos o controle nem mesmo de nós, quem dirá do futuro.