1 | Clear Mount

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A N N A

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A N N A

— Mamãe! Mãezinha! Não consigo abrir a mala.

Cruzo o corredor e entro rapidamente no quarto de Candace; nada está diferente. Pego a mala em cima de sua cama mas os fechos estão unidos por um cadeado pequeno. Eu sorrio.

— Será por que você trancou com cadeado, mocinha? — Cutuco sua barriga e sons graciosos de risadas saem.

— Não quero ir, mamãe.

— Eu também não gostaria de voltar para Clear Mout mas você sabe que devemos ir, não sabe?

Seu lindo sorriso se desfez e minha filha deitou na cama com um semblante de tristeza. Era incrível como tinha momentos em que sua tristeza se assemelhava tanto com a minha. Mas eu tenho motivos. Viúva e responsável por criar minha filha sozinha, eu estava atravessando a fase mais sombria da minha vida, mas sabia que precisava encontrar forças para continuar. Por ela.

A vida tem sido implacável comigo nesses últimos anos. As dificuldades se intensificaram quando Lucas começou a se sentir mais pressionado pelo trabalho e pelas responsabilidades. Ele estava sempre na correria, tentando dar conta de tudo. Até que um dia, em meio a essa rotina frenética, recebi a notícia que mudou a minha vida: Lucas havia sofrido um grave acidente de carro. Apesar de toda a esperança de que ele pudesse sobreviver, a tragédia foi implacável, e ele não resistiu.

Com a morte de Lucas, minha vida foi completamente revirada. Sozinha em uma cidade estranha, sem meus amigos, meus pais ou qualquer apoio familiar, me vi isolada e desamparada. A rotina tornou-se um desafio constante, e a solidão que já me era familiar se tornou esmagadora.

Mas então, do caos, surgiu uma oportunidade: a missa de sétimo dia do meu pai. Na morte dele, um evento que trouxe ainda mais tristeza, eu vi uma possibilidade de mudança. Poderia usar essa viagem de volta para Clear Mout, a cidade da minha juventude, como uma chance de reconstruir minha vida. Lá, eu poderia recuperar meu antigo emprego, reconectar-me com a minha família e, quem sabe, encontrar algum sentido e estabilidade novamente.

Ao considerar essa mudança, me perguntei se essa seria a maneira de proporcionar uma vida melhor para minha filha. Talvez em Clear Mount eu pudesse não apenas recomeçar, mas também dar a ela a segurança e o apoio que tanto precisava. Era um risco, mas também uma chance de renascimento.

— Sinto saudades do papai.

— Eu sei, querida. — A abracei. — É por isso que você deve se animar ainda mais com a mudança. Vai ter a oportunidade de crescer aonde eu e seu pai crescemos.

Seu corpo trepidou e ela se soltou abruptamente dos meus braços com um sorriso enorme daqueles que chegam aos olhos. Toda vez que ela sorria desse jeito me causava calafrios. Como duas pessoas pessoas poderiam ter olhos tão idênticos? Eu ignorava sempre essa pergunta para não precisar lembrar da resposta.

O Tempo Que Perdemos | ⚢ (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora