A N N A
Nos primeiros dias em Clear Mount, a vida começou a se ajustar ao novo ritmo. O financiamento correu bem, e, embora a casa estivesse longe de ser o lar acolhedor que costumávamos ter, havia uma sensação de renovação no ar. Candace estava empolgada com a nova cidade e rapidamente fez amizade com a vizinhança. Ally, minha irmã, sempre generosa, ajudou-nos a estabelecer um ritmo familiar, o que trouxe um alívio para minha ansiedade. E minha mãe, apesar da morte do meu pai, parece ter recuperado a felicidade com a chegada da segunda filha e da neta.
Estava uma tarde ensolarada depois que voltamos da missa, Ally sugeriu que fizéssemos um passeio pela cidade e para alegrar Candace, propôs que visitássemos o parque local. Decidimos então sair para aproveitar o dia e, talvez, apresentar alguns dos lugares que costumávamos frequentar na adolescência.
Enquanto caminhamos pelos caminhos floridos do parque, Candace corre à frente, admirando as flores e os brinquedos e se apresenta já àlgumas crianças. Minha irmã e eu conversamos sobre a vida aqui, sobre como a cidade havia mudado desde que saí, e tentamos nos ajustar ao novo normal. O sol naquela manhã de outono era acolhedor.
— Este parque sempre foi um dos meus lugares favoritos quando era jovem. Foi aqui que vi Lucas pela primeira vez. — Digo para Ally, apontando para um banco sob uma árvore. — Eu costumava vir aqui para relaxar e refletir no horário de almoço. Antes eu não tivesse vindo aquele dia.
A loira sorri, repreendendo minhas palavras. Eu gosto disso na gente, o quanto somos diferentes. Resultado de dois casamentos distintos. Ally era loira, baixa, tinha os olhos verdes e nariz mais bem empinado que eu já vi, além de algumas tatuagens fechando o seu braço esquerdo. Já eu era alta, tinha os olhos castanhos e os cabelos pretos e nada que me tornasse muito especial. Ainda assim, nos completávamos. Enquanto eu nos analisava, Noah geme em seu colo e ela o balança levemente, fazendo-o voltar ao sono.
— Bom... não dá para chorar o leite derramando agora. Vamos focar no que importa. É bom ver você se readaptando, Anna. E tenho certeza de que, com o tempo, você se sentirá em casa de novo. Aliás, Vancouver nunca foi tão longe de Clear Mont.
— Pois é. — Digo com um sorriso enquanto faço carinho nas bochechas do neném lindo que dorme nos braços de Ally. — Só umas 4 longas horas.
De repente, Candace chama nossa atenção, com uma voz animada e surpresa.
— Mamãe, tia Ally! Olhem!
Olho na direção que ela aponta e, por um momento, meu coração acelera e para de bater ao mesmo tempo. À medida que me aproximo, o mundo parece girar mais devagar. Uma figura familiar está sentada em um banco próximo, lendo um livro. É Catherine. Tudo fica em silêncio e câmera lenta a minha volta.
A visão de Catherine é um choque profundo. Ela está mais velha, mas com os cabelos ainda impecavelmente ruivos e lisos. Tem uma expressão serena, mas há algo inconfundível em sua presença que me faz sentir um misto de nostalgia e pânico. Eu não esperava vê-la tão cedo já que a casa dela é a alguns bons quilômetros da minha. O impacto emocional é quase avassalador.
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O Tempo Que Perdemos | ⚢ (EM HIATUS)
RomansApós 1 ano da morte de seu marido, Lucas, Anna retorna à sua cidade natal, Clear amputou, junto com sua filha, Candace, buscando recomeçar a vida. No entanto, o passado volta à tona quando ela reencontra Catherine, sua ex-sogra, uma mulher com quem...