I Wait For You

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TW: hetcomp (heterossexualidade compulsória), palavrões, menção a maus tratos na infância e crise de ansiedade/pânico.

caso alguns dos itens acima desperte gatilhos e desconfortos em você, não se force a ler. priorize seu bem estar e, principalmente, a si mesmo.

tenha uma boa leitura! :)

    Chuuya não conseguia se acalmar.

    Seu peito subia e descia num ritmo descompassado. Gotas espessas de suor escorriam por seu rosto avermelhado. Embora estivesse ofegante, isso não o impedia de despejar toda sua frustração sobre o responsável por ela.

    – O que você realmente sente por mim, Dazai?!  – vociferou. Gritar torturava sua garganta arranhada, mas perder a voz era sua menor preocupação do momento.

    Dazai permaneceu em silêncio, encarando qualquer coisa que não fossem os olhos do outro. Seu semblante inabalável contrastava com a fúria do ruivo, o que só aumentava a irritação dele.

    – Responde, caralho! O que você sente por mim?! – Sua paciência se esgotava junto ao último resquício de esperança e, ao constatar que nenhuma resposta viria, um riso amargo escapou de seus lábios. – Isso, se é que você sente algo.

    – Para com isso, Chuuya. – Ele finalmente respondeu. A voz fria como gelo e o olhar afiado como lâminas.

    No entanto, Chuuya jamais se intimidou com aquele tom, tampouco com aquele olhar – e não seria agora que isso mudaria.

    – Para com isso você! – Apontou o dedo no rosto do maior, a raiva queimando em seu olhar. – Eu tô cansado, porra! Tô cansado pra caralho! Tô cansado de uma hora você dizer que me ama, outra dizer que tá confuso, e depois… – Sua voz falhou por um instante, sufocada por lembranças dolorosas. – fica com várias mulheres.

    – De novo com esse assunto, Chuuya? Nós já conversamos sobre isso tantas vezes! Por que nunca consegue entender meu lado e botar dentro da sua cabeça que eu realmente te amo?!

    Em vez de ceder ao desejo irresistível de socar a cara do moreno, o ruivo abriu um sorriso de escárnio para ele.

    – “Realmente me ama”? Você sequer sabe o que é amor. – O sorriso cresceu. – Você não me ama, Dazai. Eu não passo de um brinquedinho que você sente vergonha de mostrar aos outros.

    – Eu não sinto vergonha de você, porra!

    – Então por que nunca me assumiu?!

    Silêncio.

    Foi impossível Chuuya não vacilar.

    – Seu filho da…

    Antes que pudesse proferir o xingamento, Nakahara mordeu o lábio inferior e cerrou os punhos com força, lutando contra a vontade de afundá-los na cara do outro.

    O gosto amargo da sua própria bile invadia sua boca. Em vez do aperto em seu peito afrouxar, ele se intensificava a cada segundo que passava ali, a ponto de ser difícil até mesmo ficar de pé.

    Derrotado, deu as costas ao moreno e ponderou uma das decisões mais dolorosas de sua vida:

    Se afastar da pessoa que, apesar de tudo, ainda amava.

    Perceber que alguém com quem você idealizou um futuro jamais faria parte dele era uma das piores dores, mas não era do feitio de Chuuya implorar por migalhas, muito menos se prender a relacionamentos fadados ao fracasso. Ele sempre escolhia a si mesmo e tomava a decisão que julgava ser a melhor, por mais dolorosa que fosse.

One-shots; Soukoku Onde histórias criam vida. Descubra agora