Capítulo 6

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Um beijo, se é que um selinho pode ser considerado um beijo.

Mas Malu sentiu que foi um beijo, pois passou de dois segundos. Malu tinha essa mania desde a adolescência, tinha quatorze anos quando deu seu primeiro beijo em um garoto chamado Otávio, que tinha bafo de peixe, o beijo deles havia durado exatos seis segundos que foram uma tortura, pois Malu precisou correr para longe e vomitar na lixeira do banheiro feminino.

Sempre escovem os dentes quando forem beijar.

Malu estava sentada num banco do jardim, olhando aquelas flores coloridas que ela sequer sabia o nome mas achava encantador. Não havia conseguido falar (no caso, matar) com Mateus depois do café, pois o mesmo foi esperto o bastante em fugir para qualquer lugar com Daniel.

Estava refletindo sobre o que havia acontecido, afinal, não era para aquele beijo ter acontecido antes do show da pecuária, então por que havia acontecido agora? Seria um bug do jogo? Se bem que a maioria das coisas estavam acontecendo de forma completamente diferente desde que ela chegara ali e não sabia dizer se era pela sua presença ou se o banner estava apenas permitindo aquilo.

- O-oi, Malu.- Arthur havia acabado de chegar com um regador e a cumprimentou, Malu sorriu docemente, o garoto realmente era mais lindo que na tela do jogo, se ele não fosse tão novo, estaria em seu top 10.

Ela tinha um carinho especial por caras que usavam óculos, eram exatamente o seu tipo ideal.

- Oi Arthur, lindinho, tudo bem contigo?- Perguntou admirando aquele rostinho delicado que corou diante do elogio.

- S-sim e vo-você?- Malu assentiu e o observou regar algumas flores, se perguntando se deveria oferecer ajuda ou não. Ela não queria ajudar, mas também não queria ficar parada feito uma mosca morta apenas observando o projeto de Harry Potter loiro a sua frente.

- Quer uma ajudinha, Arthur?

- Se-se quiser, te- tem um re-regador bem ali...- Malu seguiu para onde ele estava apontando e se levantou pegando o regador e indo para a outra fileira de flores que estavam ali.

- Okay, como eu faço pra não matar as flores?

- Po-pode regar tranquila... As plantas não morrem facilmente...- Malu o olhou surpresa, ele não estava gaguejando tanto.

- Aliás, Arthur, onde está o João? Ainda não tive a chance de vê-lo.- E ela queria vê-lo, de pé bem à sua frente, João sempre foi a rota impossível, jogar os filler dele não bastava pra Malu, ela precisava vê-lo.

- E-ele está em ca-casa, jogando com o Fe-Felipe...- Malu sorriu, pensando que deveria começar a jogar com o emo mais vezes. Ficou em silêncio por alguns segundos observando as flores e encontrou uma em específico, parecia uma única pétala branca.

-- Hum, que flor bonita...- Ela disse baixo mas o garoto a escutou.

-- É um lírio da pa-paz...- Malu o olhou, curiosa.- Algumas pe-pessoas acreditam que o lírio da pa-paz pode trazer alegria...- Malu sorriu tocando na flor, era realmente linda.

-- É uma boa superstição gostei bastante dessa flor...

--Po-pode levar uma se-se quiser- Malu o olhou surpresa, o mesmo veio para o seu lado e com uma tesoura que estava no macacão, ele cortou a flor entregando na mão dela. Malu sorriu encantada, provavelmente colocaria num vaso depois.

-- Obrigada, Arthur, você é um anjo.- E lhe deu um beijo na bochecha. O garoto havia ficado tão vermelho que Malu pensou que ele tinha quebrado.

Na verdade ele pareceu ter entrado em Pânico pois foi pra bem longe.

Entre Laços & EmbaraçosOnde histórias criam vida. Descubra agora