Invisible Scars

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POV narrador

Adrianne, estava deitada em sua cama a achar que finalmente teria uma noite livre de discussões e discórdia quando de repente começa a ouvir gritos vindo da sala de estar de sua casa.

—- Não consigo ter uma noite de paz nessa casa, o que eu fiz para merecer isso? —- Anne suspira enquanto sai de seu quarto com o intuito de procurar os seus irmãos.

A mansão Giordano... Uma impressionante construção, brilhava com luzes douradas enquanto o crepúsculo envolvia a propriedade em sombras. A fachada imponente refletia a riqueza e o poder da família Giordano, mas, dentro das paredes, a atmosfera era tensa e carregada de um silêncio pesado.

Adrianne caminhava pelos corredores com passos suaves, mantendo-se atenta a cada som. Aos 17 anos, ela já era uma veterana na arte de navegar pelo terreno minado que era a sua casa. Seus pais, Lorenzo e Isabella Giordano, eram figuras autoritárias e implacáveis, cuja fachada pública de elegância escondia uma realidade de abuso e controle.

Anne apertou o seu próprio braço e tentou baixar a blusa larga que estava ao redor do seu corpo magro tentando manter-se aquecida, mesmo sentindo o frio que parecia emanar das próprias paredes. Seus olhos procuravam incessantemente por seus irmãos mais novos, Marco e Bianca, que ela tentava manter a salvo das explosões de raiva de seus pais. Encontrou-os na biblioteca, um refúgio temporário onde podiam se esconder das discussões que nunca acabam.

— Anne! — exclamou Bianca, que correu para abraçá-la. Marco, que era mais reservado, olhou para a irmã com um sorriso tímido.

— Vocês estão bem? — perguntou Anne, seu olhar estava ansioso ao examinar o rosto dos irmãos.

— Sim, por enquanto — respondeu Marco, sua voz baixa. — Mas papai e mamãe estão discutindo de novo. —- Tenho medo. Será que o papai vai bater de novo na mamãe?

Anne suspirou, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. — Eu sei, Marco. Eu sei. Não pense nisso, só vai te deixar mais atormentado. Fiquem aqui por um tempo. Não saiam até que eu diga que é seguro, ok? Eu nunca vou deixar que nada aconteça com vocês.

Bianca assentiu, agarrando a mão de Marco. Anne sorriu para eles, tentando transmitir uma confiança que não sentia. Saiu da biblioteca e caminhou em direção a sala de estar, onde as vozes de seus pais ecoavam pelas paredes.

— Você não entende nada! — gritou Lorenzo, sua voz cheia de raiva. — Todos os nossos negócios dependem dessa aliança, e você só faz complicar as coisas!

— E você acha que eu vou tolerar mais uma humilhação pública? — retrucou Isabella, seu tom igualmente feroz. — Estou farta de ser tratada como um peão nos seus jogos de poder!

Anne parou à porta, espiando a cena. Seus pais estavam no centro da sala, com as suas expressões distorcidas pela raiva. Ela sabia que deveria intervir, mas também sabia que qualquer tentativa de apaziguar a situação poderia voltar-se contra ela.

Antes que pudesse decidir o que fazer, a discussão foi interrompida pelo som da campainha. Anne se encolheu, reconhecendo a figura imponente de seu pai caminhando até a porta. Com um gesto brusco, tentou ver quem era pela pequena fechadura presente na porta, mas sem sucesso.

— Quem é? — perguntou Isabella, tentando recuperar a compostura.

— Não importa — respondeu Lorenzo, olhando para Anne com uma expressão que misturava frustração e desapontamento. — Adrianne, vá ver o que é.

Anne assentiu, caminhando até a porta. Ao abrir encontrou um entregador com uma caixa grande e luxuosamente embalada.

— Boa noite, entrega para o senhor e a senhora Giordano — disse o entregador, entregando-lhe a caixa.

— Muito obrigada, tenha uma boa noite. —- Anne agradeceu fechando suavemente a porta e levando a caixa até a sala de estar.

Os seus pais a olharam com expectativa. Ela abriu a embalagem com cuidado, revelando uma garrafa de vinho caro e um cartão.

— "Espero que gostem do vinho escolhido especialmente para a sua família, conto com a vossa presença amanhã na minha festa. Com os cumprimentos da família Moreno." — leu Anne, sentindo um frio na espinha. Sabia que a aliança com os Moreno era crucial para seus pais, mas também sabia que qualquer evento social envolvendo as duas famílias seria uma nova fonte de estresse.

— Ótimo! — disse Lorenzo, sua voz menos tensa. — Precisamos estar impecáveis para o jantar de amanhã à noite. Adrianne, amanhã cuide para que seus irmãos estejam preparados, nós dispensamos a babá e as empregadas por tanto você também terá de cuidar da casa.

— Mas pai eu amanhã combinei de ir fazer compras com a Sarah. E é Anne, por favor.  — disse Adrianne cabisbaixa com medo de a discussão voltar-se contra ela.

— Adrianne Giordano, acabaste de me responder ou devo estar a alucinar? — disse Lorenzo com um tom de autoridade —- Manda mensagem a Sarah e desmarca tudo porque tens tarefas a fazer aqui em casa e além disso ela faz parte da família Moreno, você ia ver ela de uma forma ou de outra.

Anne não ousou responder ao seu pai e simplesmente assentiu, ciente de que amanhã seria um dia muito longo e complicado. Enquanto levava a caixa para a cozinha, sentiu um nó na garganta. Precisava proteger Marco e Bianca, mas também sabia que não poderia mantê-los afastados para sempre da tempestade que era a vida na mansão Giordano.

Com um último olhar para a sala, onde os seus pais agora discutiam em tons mais baixos, Anne se dirigiu de volta à biblioteca. Encontrou Marco e Bianca exatamente onde os deixou, os seus rostos tensos relaxaram ao vê-la.

— Amores, vamos nos preparar para dormir porque amanhã temos uma festa muito importante para os papais — disse ela, com uma voz firme. — E prometo que, de alguma forma, vamos sair disso juntos.

Enquanto os abraçava, sentiu um lampejo de determinação. A batalha pela sobrevivência dentro da mansão Giordano era implacável, mas Anne estava decidida a proteger seus irmãos a qualquer custo. E assim, com o peso da responsabilidade sobre seus ombros, ela se preparou para enfrentar mais uma noite de sombras e segredos.

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