capítulo 12

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Welcome, welcome, welcome, welcome, welcome, welcome,

Welcome to your fate,

End of the line,

It's just a little explanation of your desperate situation,

You're a slave to my design,

It's just a complex application to a deadly confrontation...

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O cheiro do álcool em gel penetrava em suas narinas, e o fazia se sentir melhor. Aquele era o melhor aroma após lidar com todo o cheiro de sangue em suas mãos.

A brisa fresca balançava suas roupas e arrepiava seu corpo, tocando seu rosto suavemente. A sensação bem familiar de que pessoas estavam um pouco mais aliviadas e felizes por sua causa, o relaxava.

Ter a noção de que todos os dias, alguém irá sorrir para ele e agradecer pelo simples fato de ter realizado seu trabalho, é algo incrível.

Xiao Zhan encontrava-se sentado no pátio da laje do hospital. Observando como a lua subia lentamente para o seu pedestal. A lua lhe lembrava o quão longe os vivos ainda estavam daqueles que já se foram.

Ao contrário do que todos pensam quando acaba comentando sobre isso, ele não considera triste e melancólico. Acha reconfortante a maneira como o brilho dela, mesmo distante ainda consegue tocar a terra. Imaginava se He Peng ainda conseguia tocà-lo, a noite, em seus sonhos.

Quando sentiu que já havia passado tempo demais lá em cima, desceu para o térreo. Perguntou a uma das enfermeiras que trabalhava consigo se havia alguma cirurgia para ser realizada, e assim que ela negou, voltou para a sala privada dos médicos.

Retirou seu jaleco e pendurou no cabideiro perto do sofá que tinha seu nome. Se sentou ao lado de um médico conhecido da geriatria, e o cumprimentou singelamente. Pegou seu celular na bolsa e olhou a hora, faltavam apenas 20 minutos para o fim oficial de seu plantão.

Eram quase duas da manhã e nenhuma cirurgia costumava acontecer nesse horário que não fossem casos de emergência. E no momento, não havia nenhuma.

Abriu no Wechat e mandou uma mensagem para Haikuan, que deveria pegar o próximo turno.

Xiao: E aí? Guardei um pouco de sopa de Lótus da a-Lu. Não vai querer perder.

Liu: Deixa eu adivinhar, ela te obrigou a me dar um pouco?

Xiao: Talvez. Faltam 20 minutos. Está perto?

Liu: Olha, valeu pela sopa. Mas na verdade...

Antes que Haikuan terminasse de escrever, outro médico entrou na sala, chamando a atenção de Xiao Zhan.

Zhu Zanjin pendurava calmamente sua mochila em um gancho na parede com seu nome, enquanto retirava de lá seu próprio jaleco.

O geriatra parecia ter caído em um cochilo, e não o notou. Zhan olhou novamente para o aparelho em suas mãos e viu o resto da mensagem de Haikuan.

Liu: Eu pedi para o Zanjin me substituir hoje.

Xiao: Que? Por que?

Liu: Eu precisava ir até Hong Kong visitar o meu tio. Estou no avião agora.

Ele mandou uma foto da janela do avião, e ele acabava de sair do aeroporto nacional.

Xiao: E então você pediu pro novato te substituir? Podia ter me pedido.

Liu: E você não teria mais vida fora do hospital ou morreria de cansaço aí dentro. Zhan, relaxa um pouco. Ele não é nenhum criminoso.

Xiao: como tem certeza?

O moreno levantou seu olhar apenas para espiar Zanjin tomando um gole de chá no balcão da mini cozinha equipada com alguns eletrodomésticos.

Liu: Zhan, eu entendo que não tenha se dado bem com ele, mas você não pode negar que ele faz um bom trabalho. Ele é uma pessoa boa.

Xiao: Deixa pra lá. Preciso ir para casa. Doncel deve estar com fome.

Desligou o aparelho, sem esperar que seu amigo respondesse. Xiao Zhan se levantou e se aproximou do outro, como se estivesse sondando território.

Zanjin sorriu, parecendo simpático. Apenas esse sorriso lhe causava ânsia de vômito. Não importa o quanto se esforce, sempre tem algo naquele homem que não lhe desce pela garganta.

- Zanjin, certo?

- Sim, doutor Xiao.

- Gosta de chá?

- Sim. O de manga é meu preferido. Você gosta de que sabor?

- Na verdade prefiro a cafeína. Me mantém acordado. - Subiu os lábios em um sorriso forçado, sem mostrar os dentes.

- Entendo. Nem todos possuem gostos iguais. Com licença.

Zhu Zanjin ia saindo com seu chá, com a intenção de se sentar ao lado do geriatra adormecido. Porém, Xiao Zhan tocou seu braço, o fazendo se virar para trás.

Com uma reação exagerada, o mais baixo se voltou repentinamente, tornando com que quase metade do líquido quente se derramasse sobre as roupas do moreno.

Xiao Zhan se afastou rapidamente, retirando a camisa e secando o abdômen com o tecido amarrotado.

Ele encarou novamente o médico a sua frente, segurando firme o copo de vidro. O olhar no rosto de Zanjin era cínico e afiado. Como uma cobra encarando a forma como sua presa caía cegamente em sua armadilha. Se divertindo com o sucesso de seu plano, e comemorando a refeição.

O mini alarme preso no alto da parede o assustou, e despertou o outro médico de seu sono. Em um alto falante no teto soou uma voz feminina e treinada.

- Cirurgia de emergência, sala 5, primeiro andar. Ferimento de estilhaços...

A voz foi abafada pela sirene e o meio sorriso sinistro que se formava nos lábios de Zanjin.

- Acredito que eu precise ir. Fico feliz que não tenha se machucado.

- Dois cirurgiões são melhores do que um. - agarrou seu pulso, fazendo pressão. Sua voz cerrada, entre dentes e o olhar fulmegante.

- Você não parece muito disposto.

Zanjin apontou para seu tronco exposto, fazendo Xiao Zhan afrouxar o aperto, e conseguir se libertar. O moreno se dirigiu até a pia, onde o outro deixou seu copo com o restante do chá.

Derrubou o resto do líquido no ralo e botou o vidro de lado. Inspirando aquele aroma da manga, seu estômago se revirava, o alertando que algo não estava certo com aquele homem.

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Hearts and Shots - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora