capítulo 6

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Boy, uncle's crazy, ain't he?,

Yeah, but he loves you, girl, and you better know it...

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A academia já estava mais vazia e o sol não tão alto no céu.

A maioria das pessoas já haviam ido embora, e Xiao Zhan parecia um pimentão vermelho da cabeça aos pés. Sua camisa já não estava mais em seu corpo, e sim sobre seu ombro.

O suor escorrendo da nuca pelas costas era irritante, mas inevitável. Só tomaria banho quando chegasse em casa, então voltou a se vestir e buscou mais um pouco —ou muito — de água.

Wang Yibo o ajudou muito durante seu treino, mas o policial tinha que trabalhar, então se retirou já faz um tempo. Agora, só restavam ele, Rouhan e um último homem treinando. O cara havia chegado um pouco tarde, por isso Rouhan permitiu que ele ficasse um pouco mais.

Sua atenção foi tomada pela voz forte de Cangse vindo da porta de entrada. A mulher parecia contente depois de uma tarde com as amigas, e o moreno torcia para que esse bom humor durasse o suficiente para não apanhar.

— Veja só quem deu as caras? — A mulher enfatizou, pondo as mãos sobre o quadril. — Lembrou que tem mãe, garoto?

— É bom te ver também, mãe. — Revirou os olhos discretamente, sorrindo.

Cangse era apenas um pouco mais baixa que Xiao Zhan, com seus 1,78 de altura. A mulher o abraçou apertado, e o filho retribuiu. Permaneceram assim por um tempo, até que ela se afastasse apenas o suficiente para lhe dar um gancho de direita no estômago.

Com um gemido de dor, Xiao Zhan se contorceu, resmungando para seu padrinho. Wen Rouhan deu de ombros e falou sem som, por trás da mulher: Se vira.

— Isso é por ter me ignorado por duas semanas.

— Eu sei, eu sei. Eu mereço. — Ainda com um pouco de dor, o moreno se endireitou. — me perdoe, minha rainha.

— Sem beicinho, Xiao Zhan. — reclamou a mulher, tentando não rir da graça do filho.

Os três entraram para o escritório de Cangse, deixando o homem lá fora continuar com o treino. Cangse verificou algumas coisas no computador, antes de voltar a dar atenção ao médico.

— Então, pode me dizer por que você não atende minhas ligações?

— Estava ocupado com o trabalho. — Viu o olhar acusatório que ela fazia sempre que usava essa desculpa, então acrescentou. — E eu estava com medo de te encontrar de novo.

— Sabe que sua mãe não morde, não é? — se intrometeu Rouhan.

— Mas ela bate.

Os dois homens trocaram um olhar cúmplice, sorrindo. Antes de Xiao Zhan voltar a se explicar.

— Eu fiquei com medo de que você pensasse que eu entrei em depressão outra vez.

— E você entrou? — perguntou, de modo sério.

— Não. Não mais. Eu juro, mãe.

— Eu acredito em você, meu filho. — A mulher suspirou e se levantou. — Já faz um ano que meu genro se foi.

— Espero que esteja falando a verdade, Zhan. — Comentou Rouhan. — Você é forte, garoto. Vai superar.

— Obrigado, Tio. — sorriu, um tanto melancólico.

Depois de um breve silêncio na sala, Cangse quebrou o clima pesaroso e puxou o mais novo pelo braço. Xiao Zhan sentiu uma ponta de desconfiança ao ver seu padrinho conter a risada.

— Mas vamos falar sobre outras coisas. — Obrigou o moreno a se sentar em sua cadeira, de frente para os dois mais velhos. — Eu e seu pai tivemos uma conversa.

— Que por sinal eu também estava lá. — acrescentou o homem.

— Zhan, você sempre soube que seu pai e eu tivemos um divórcio em consenso, certo?

— Sim. — afirmou, desconfiado.

— Já faz cinco anos desde que nos separamos.

— E até hoje nenhum deles conseguiu desencalhar. — comentou o Wen, recebendo um tapa da mulher.

— Mas na última vez que eu me encontrei com ele, ele me apresentou sua nova mulher.

Parecia que Cangse acabara de explodir uma granada no escritório, e todos esperavam a reação do médico. Mas tudo que Zhan fez foi se levantar e cruzar os braços encarando o chão.

— Filho?

— Não consigo acreditar.

— Zhan, seu pai precisava... — Rouhan tentou argumentar, sendo interrompido pelo moreno.

— Não consigo acreditar que ele contou para a senhora e para o tio. Ele nem sequer pensou em me contar também? — sua cara era de completa indignação. — Vocês não se importam mais com seus filhos, não é mesmo? Nem mesmo a tia Zhang para me contar?

Ambos os mais velhos estavam estáticos com o drama que o moreno fez. E pensar que até chegaram a cogitar a ideia de Xiao Zhan reagir negativamente. Logo o homem que mais apoiou o divórcio, sabendo que isso traria paz para todos as partes.

— Espera, como sabe que seu pai está namorando Zhang Jingtong?

— O relacionamento deles era tão previsível quanto o de vocês dois. — aproveitou a chance para provocá-los.

— Cala essa boca, muleque. — Rouhan bagunçou seu cabelo de forma brusca, arrancando uma risada de Xiao Zhan.

Envolvidos nas risadas, Xiao Zhan apenas se lembrou do homem no Ring quando percebeu uma movimentação do lado de fora do escritório. Parecendo notar o olhar de Xiao Zhan, o vulto preto saiu apressado de perto da porta de vidro esfumado.

O médico avançou para o lado de fora, despertando a atenção dos mais velhos. O homem que estava treinando já não estava mais lá, e um outro de capuz saia apressado.

Antes de atravessar completamente a saída, o homem olhou para trás, especificamente para Xiao Zhan. O médico sentiu uma pontada em seu estômago, sua espinha gelou e suas pernas fraquejaram. Uma repentina falta de ar tomando conta de seu corpo, e uma sombra preta se apoderando de sua visão.

Pôde ouvir o grito de Wen Rouhan, correndo atrás do encapuzado. E as exclamações de sua mãe, tentando ampará-lo. Foram essas as últimas coisas que ouviu antes de apagar completamente.

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Hearts and Shots - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora