Capítulo 10

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Se ela disser que me ama,

eu vou mudar de vida, ahn,

Me chama de vida,

Pra tu ver se eu não te faço feliz

Como ninguém fez ainda, bebê,

Olha só como ela dança, olha só como ela desce,

Será que ela tá com alguém?

Se não tiver, hmm, esquece...

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O silêncio naquela delegacia era incômodo e anormal para uma quarta-feira. MianMian resmungava consigo mesma, imaginando o quanto o universo a detestava.

Praticamente todos os seus colegas de trabalho estavam fora agora. Em patrulha, resolvendo casos ou investigando.

Amava a sensação de não ter ninguém em seu ouvido zumbindo qualquer coisa que a desconcentrasse, mas também odiava o fato de estar sozinha com seus pensamentos. Principalmente hoje.

Buscava a coragem para poder bater na porta de seu chefe, e sempre que pensava ter encontrado, algum pensamento intrusivo a impedia de ir até lá.

A imagem dos três irmãos que prenderam ontem invadia sua mente, como forma de motivação para conduzi-la até a porta do escritório do delegado.

Inspirando fundo, deu duas batidinhas na madeira, e não demorou muito para que pudesse ouvir a voz ríspida do homem. Essa é sua voz normal, na verdade, mas hoje parecia específicamente cortante.

Adentrou a sala após receber a permissão. Jin Guangshan se encontrava escrevendo alguma coisa em alguns papéis sobre a mesa. Aquela cara de quem seria amigável o suficiente apenas para chutar sua bunda segundos depois.

- Mian? Que surpresa. - Largou a caneta sobre a mesa e olhou para a mulher. - Pensei que estivesse me evitando.

- Perdão, meu tio.

De cabeça baixa, MianMian passava os olhos superficialmente pelas folhas espalhadas pela superficie do móvel.

- Entendo que não queira misturar o trabalho com sua vida pessoal. Admiro você por isso, garota.

- Bem, eu vim aqui como oficial.

- Diga-me em que posso ajudá-la, então?

- Ontem, eu e uma policial Militar, da 53° delegacia de Pequim, prendemos três criminosos em um assalto flagrante a mão armada.

- Certo. E o que deveria estar de errado com isso? - perguntou, cruzando as mãos sobre o colo e se recostando na cadeira.

- Na verdade, dois deles eram atiradores.

Guangshan se ajeitou na cadeira, e MianMian sabia que aquele gesto era carta branca para continuar contando.

- Eles acusaram um tal de Cobra no interrogatório. Pediram um acordo de proteção.

- Acusaram?

- Perseguição e ameaça.

- Com base em quê, exatamente?

- Disseram que... - Antes que a mulher terminasse, o delegado a interrompeu.

- Mian, você sabe que precisa de provas, não só as palavras de três idiotas criminosos.

- Delegado Jin, com todo respeito, eu sei o que preciso fazer. E eu não faço nada sem uma base sólida pra me apoiar. - Sua voz ficava mais firme a cada sílaba. - E acredite, eu não estou aqui só com as palavras de três assaltantes.

Hearts and Shots - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora