Amor e ódio

Entre as Luzes da Moda

Chuya Nakahara estava no meio da agitação da agência de moda de seu irmão, cercado por um mar de tecidos, amostras e uma equipe que trabalhava em um ritmo frenético. A sala estava iluminada com luzes brilhantes, refletindo as últimas tendências da temporada e o brilho das vitórias da agência.

O ruivo estava em sua mesa, observando os designs que passavam por sua frente. Cada peça parecia representar uma parte da sua vida atual, uma tentativa de se afastar das memórias que insistiam em assombrá-lo. No entanto, mesmo com o sucesso em sua carreira, um nome ecoava constantemente em sua mente: Dazai.

— Não, isso não vai funcionar para a nossa linha — Chuya disse, sua voz carregada de uma frustração que ele tentava esconder.

Ele ajustou as amostras com uma precisão calculada, um reflexo de sua tentativa de manter as coisas sob controle. A raiva que sentia estava quase visível, manifestando-se na tensão de seus músculos e na rigidez de sua postura.

Seu irmão, que entrava na sala com um olhar preocupado, se aproximou.

— Chu, você parece estar em cima do limite hoje. Algo errado?

O ruivo forçou um sorriso, mas era claro que estava distante, seu olhar fixo na mesa como se tentasse se perder nela.

— Só estou tentando manter a qualidade, como sempre. Nada que eu não possa lidar.

Apesar das palavras, sua raiva parecia prestes a transbordar. Era difícil não pensar em Dazai, especialmente quando o trabalho parecia não ter fim. No fundo, ele sabia que estava tentando se convencer de que o moreno era um capítulo fechado, uma parte do passado que ele queria esquecer.

Mas o quanto ele realmente havia avançado?

Foi então que um som familiar chamou sua atenção. Atsushi, um dos Lead Designers da agência, estava próximo à mesa de reuniões, com um sorriso no rosto e um ar descontraído. Ele cantarolava suavemente, a melodia fluindo em um tom quase nostálgico.

— "Nobody said it was easy, it's such a shame for us to part..."

O coração de Chuya deu um salto. A música era inconfundível. Ele reconheceu imediatamente a melodia de "The Scientist". A voz de Atsushi, por mais suave e despretensiosa que fosse, parecia carregar uma carga emocional que foi suficiente para prender a atenção de Chuya.

O rosto de Chuya se contraiu, a raiva e a tristeza se misturando em uma expressão de agonia. Ele tentou se concentrar em seu trabalho, mas a letra da música e aquela voz familiar pareciam se entrelaçar com seus pensamentos. As palavras ecoavam em sua mente, uma lembrança dolorosa e quase cruel de algo que ele havia tentado desesperadamente esquecer.

— Maldito seja você, Osamu...! — Chuya murmurou, sua voz carregada de frustração contida. Ele se levantou abruptamente, batendo a mão na mesa com força, tentando se afastar da fonte de sua angústia. Seus olhos estavam fechados momentaneamente, e suas mãos tremiam um pouco.

Atsushi, percebendo o movimento brusco, parou de cantarolar e olhou para Chuya com uma expressão preocupada.

— Nakahara-san, está tudo bem? — perguntou ele, sua voz carregada de uma preocupação genuína.

Chuya se recompôs rapidamente, forçando um sorriso que mal escondia o tumulto interno. Ele respirou fundo, tentando acalmar o ritmo acelerado do seu coração antes de responder.

— Sim, tudo bem, Atsushi. Apenas... algo no som me distraiu um pouco.

O jovem platinado assentiu, parecendo aliviado por Chuya não ter ficado realmente irritado. Ele se afastou, retornando ao seu trabalho, enquanto o ruivo permanecia ali, com o olhar fixo em um ponto qualquer, seu peito ainda cheio de uma tristeza reprimida.