Capítulo 3 - Oblívio

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Oblívio

É um coração abandonado.
É o sentimento de te procurar infinitas vezes sem resposta.
É um grito no vazio.
É a saudade em corpo frio.
É a falta da própria falta.
É brindar sozinho num bar.

É a sentença final da existência.

︵‿︵‿୨  🍷  ୧‿︵‿︵

– Rio de Janeiro, 20:48h da noite.

Wagner Moura.

Tudo que eu menos desejava naquele momento era alguém praticamente gritando na minha orelha, me dizendo o que eu tinha ou não que fazer. Minhas costas estavam doloridas de estresse, cansaço e ansiedade, era só mais um reflexo de uma semana cheia de entrevistas, fotos e roteiros aleatórios.

– Eu tô te ligando dês da semana passada, deixei mensagem pra sua equipe e até pra sua família. Parece até que você esqueceu que tem filhos.

– Eu estava trabalhando, não é todo dia que eu tenho tempo de checar o celular ou mensagens. E se tivesse acontecido algo grave, provavelmente alguém iria me avisar.

Beatriz me olhou com certo desprezo, aparentemente se contendo para não dizer o que queria realmente. – Claro, você prefere saber notícias dos SEUS filhos pela sua equipe.

– Você veio até aqui pra discutir? Porque se foi com essa intenção, você perdeu seu tempo. Tudo o que eu tinha pra falar pra você eu já falei, em questão do divórcio meu advogado tá cuidando de tudo e fim.

– Fim? É assim que você se refere a uma relação de quase 25 anos? Você tá sendo muito idiota agora.

– E como você quer que eu fale? Que eu abra um sorriso e fale do quanto fomos "felizes" juntos? Pensei que você só gostasse disso em frente às câmeras.

– Você passou a sua vida inteira me culpando pelo seu fracasso, Wagner. A culpa não é minha se você já é e sempre foi infeliz de natureza.

– Pera aí, fracasso?– Um sorriso escárnio apareceu em meus lábios. – Se você tava tão infeliz comigo porque simplesmente não foi embora? Foi preciso eu tomar uma atitude e colocar um ponto final, se duvidar estaríamos andando em círculos até agora.

– Porque eu te amava.

– Sim, as pessoas que amam costumam trair o seu parceiro, fazer joguinhos emocionais e mais uma multidão de truques psicológicos.– Com um suspiro profundo, foi preciso contar até três mentalmente para não prolongar aquela discussão. – Olha...chega, eu não quero mais ficar batendo boca com você por algo que já acabou a muito tempo.

– É ela, não é?– Beatriz questionou em um tom baixo, mas ao mesmo tempo afirmativo. – A moça da revista.

– A Clara é apenas uma biógrafa, contratada pela minha irmã ainda.

– Fala a verdade pra mim, Wagner, pelo menos uma vez na vida.

– Eu juro que estou falando a verdade, mas eu não sei porque isso importa. Eu sou um homem livre, a Clara também é e não teria problemas se acaso resolvessemos nos envolver de uma forma amorosa.– Em passos cuidadosos, me aproximei o suficiente para segurar os ombros da mulher a minha frente com toda delicadeza do mundo. – Beatriz, nós sabemos que esse casamento nunca foi verdadeiro. A única coisa pura e verdadeira são nossos filhos, eu sou muito grato por você ter realizado meu sonho de ser pai, mas como um casal...você sabe.

Por Trás Das Câmeras | 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora