Capítulo 4 - Promessa

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Rio de Janeiro, 20:06 da noite.

⏤ Wagner Moura.

Os dias pareciam se passar cada vez mais lentos e demorados, depois das fotos vazadas parecia que eu estava em quarentena dentro de casa. Não podia sair ou falar com pessoas de fora, pois tudo poderia virar alvo ou oportunidade para a imprensa. Nas horas vagas, quando não estava lendo algum dos livros em minha instante, aproveitava para me divertir lendo alguns comentários nas páginas e sites. Era uma teoria mais absurda que a outra.

⏤ Vai ficar nesse celular o dia todo, meu brother?⏤ A voz de Lázaro me chamou atenção, fazendo-me desligar a tela do celular por alguns instantes. ⏤ Deixa isso aí, vamo tomar uma cerveja, jogar uma sinuca.

⏤ Depois, eu acabei de me sentar.⏤ Deixando o aparelho em cima da pequena mesa ao lado, voltei minha atenção totalmente a Lázaro, que me olhava com uma expressão divertida e curiosa ao mesmo tempo. ⏤ O que foi?

⏤ Nada ué, só tô reparando nessa sua tranquilidade ai. Pra quem me ligou desesperado a algumas semanas atrás, é surpreendente.⏤ Declarou, se sentando em uma das espreguiçadeiras ao meu lado. ⏤ E como que tá a moça lá?

⏤ Distante, até demais.

⏤ Como assim?

⏤ Ela passou mais de uma semana aqui em casa, parecia que eu estava tendo uma consulta no psicólogo todos os dias. Mas ao mesmo tempo me trazia uma sensação de alívio, sabe? Igual como você, você me escuta e me aconselha. A diferença é que eu me senti compreendido por ela, sei lá, nem eu sei explicar direito.

⏤ Se sentiu tão compreendido que foi agradecer da melhor forma possível.⏤ Compartilhamos uma risada curta, ambos entendendo o real significado por trás daquela frase.

⏤ Não foi nessa intenção, não tava nos meus planos, só aconteceu. A gente já andava trocando uns olhares meio duvidosos, eu já me pegava várias vezes encarando a boca dela e vice-versa.

⏤ Como foi que a tua família reagiu?

⏤ A Lediane fez um escândalo daqueles quando a Clara apareceu aqui com o advogado. Aliás, não querendo mudar de assunto, você tá com o seu celular aí?

⏤ Tô sim, por quê?

⏤ Eu preciso fazer uma ligação secreta.

⏤ Aham, eu sei muito bem qual é essa sua ligação secreta.⏤ Retirando o celular do bolso de sua calça, Lázaro me entregou o aparelho em mãos.

⏤ Já disse que você é o melhor hoje?⏤ Meu tom era sarcástico, enquanto me levantava com o celular em mãos e me afastava o suficiente para ter privacidade na ligação que faria. O número já decorado foi discado no aparelho, que não demorou muito para começar a "chamar". Em cerca de mais alguns segundos que mais pareciam uma eternidade, a ligação finalmente foi atendida do outro lado.
⏤ Quer dizer que você atende números desconhecidos mas não atende o meu? Acho que estou magoado.

⏤ Wagner?

⏤ Depende, se você não for desligar, é ele sim.

⏤ Engraçadinho.⏤ Uma risada suave ecoou do outro lado, seguida de um suspiro. ⏤ Você sabe porquê não posso atender suas ligações, não é porque eu não quero, apenas porque é preciso.

⏤ É, eu sei. Me sinto em um cárcere privado dentro de casa, não posso ligar ou simplesmente sair na rua.

⏤ Eu estou na mesma e não estou reclamando. Até porque, eu adoro ficar em casa.⏤ Um silêncio repentino se fez presente, sobrando apenas o som de nossas respirações tranquilas. ⏤ Então...pra quê você me ligou mesmo?

Por Trás Das Câmeras | 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora