Por Trás Das Câmeras | 𝑊𝑎𝑔𝑛𝑒𝑟 𝑀𝑜𝑢𝑟𝑎.

Capítulo 9 - Escolhas

⏤ Clara Almeida, 21:09 da noite.

Aconteceu.

O que eu mais temia aconteceu.

O sentimento era de culpa, constrangimento e vergonha. Afinal, Beatriz também era uma mulher e mesmo se não fosse, ninguém merece ser apunhalado pelas costas dessa forma. Isso me deixa a questionar, se ele faz isso com ela, porque não faria comigo também? Todas as suas palavras de amor poderiam ser vazias, talvez fossem apenas pela emoção e calor do momento. Mas não acredito que alguém possa olhar nos meus olhos daquele jeito e mentir descaradamente.

Em toda minha vida, a coisa que mais achava repugnante eram mulheres que se envolviam com homens comprometidos e que aparentemente sabiam disso. E aqui estou eu, na situação que mais julguei de todas as formas. Doía vê-los em todas as revistas, todos os sites, considerados um dos casais mais sofisticados da imprensa. Será que eles ao menos imaginavam o que realmente acontecia? Que o homem a qual eles descreviam como fiel, romântico, companheiro e compreensivo não passava de um canalha.

Canalha.

Estava tão óbvio, eu nunca seria a "escolhida". Ele nunca largaria a mãe de seus filhos e um casamento de vinte e três anos por mim. Como ele mesmo me disse, aparecer com uma mulher vinte anos mais jovem que ele seria um escândalo na mídia. Eu já deveria estar acostumada, os homens mentem, manipulam e traem. Não importa se você é a mulher mais linda, incrível e paciente, eles sempre irão pisar em nossos corações e descartá-los no final, como um chiclete mascado a quatro minutos.

Por mais que eu tente me enganar com tais pensamentos e palavras, eu ainda o amava. Fizemos amor, olhamos nos olhos um do outro, como sempre sonhei que acontecesse. Mas logo a realidade está batendo na minha porta de novo, me mostrando que talvez eu apenas seja uma aventura em sua vida. Doía. Destruía. Machucava.
Não faço a mínima ideia de quando as coisas tomaram aquele rumo, talvez no momento em que me acolheu como ninguém, me mostrou que o amor não precisa machucar e ferir.
O que é bem irônico, olhando de agora.

⏤ Tá pensando em quem?⏤ A voz de Gabriela me chamou atenção, fazendo-me voltar a realidade em segundos.

⏤ Em ninguém, estou preocupada com a mamãe.⏤ Desconversei sem muita animação, me levantando logo depois. ⏤ Você e ela sempre foram mais chegadas, achei que soubesse que isso estava acontecendo.

⏤ Eu não tenho bola de cristal, Clara. Mas isso deve ser só mais uma crise de ciúmes, você sabe como ela fica quando alguém chega perto demais do papai.⏤ Gabriela se espreguiçou no sofá, soltando um suspiro de satisfação. ⏤ Posso ficar aqui por uma semana? Prometo que vou me comportar.

⏤ É claro que pode, você sabe que sempre vai ser bem vinda aqui.⏤ Me aproximei, voltando a sentar ao seu lado. ⏤ Não é porque eu me mudei que vamos deixar de se ver.

⏤ Eu sei, pituquinha.

⏤ Não tem graça.⏤ Torço ao nariz ao ouvir o apelido de infância, o qual foi dado por conta das "maria-chiquinhas" que usava no cabelo. ⏤ Só quem pode me chamar assim é o papai.

⏤ Mas eu também posso, viu?⏤ Gabriela se aproximou, fazendo menção de me atacar com cócegas.

⏤ Tá bom! Tá bom!⏤ Me esquivei de imediato, não escondendo o sorriso ao ter aquele momento de nostalgia. ⏤ Aproveitando que a gente já está aqui, bora assistir alguma coisa?

⏤ Bora, eu vi uma prévia de uma série que você vai gostar.⏤ A mesma esticou a mão para o lado contrário, alcançando o controle para me mostrar a tal série. Em questão de minutos a procura, finalmente reconheci de qual série se tratava. ⏤ Um dos protagonistas é aquele cara pra quem você trabalhou, o tal do Wagner Moura.⏤ Seu tom continha um leve deboche, acomphado de um riso fraco. ⏤ Desculpa, é que eu acabei lembrando do que aconteceu. Eu já sabia dos seus gostos por homens mais velho, mas não sabia que você poderia ir tão longe.