4 - Chapeuzinho?

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— Incrível, Sra. Emma! — exclamou Éria, ainda surpresa com o que via.

Emma, a porquinha tagarela, contou para Éria o peculiar reino de Tão, Tão Distante, um lugar onde o encantamento se misturava ao inusitado. Ela falou sobre as casas das Fadas e Princesas, as lojas exóticas, e a Taverna dos Vilões, onde criaturas das trevas se reuniam para tramar e festejar.

Não muito longe dali, encontrava-se a casa dos Sete Anões e uma colônia inteira de Mafagafos. As ruas de Tão, Tão Distante eram cobertas por lindos ladrilhos, com a Rua Cirandinha sendo a mais famosa, embora Emma tivesse se esquivado de explicar o porquê.

Tagarelha por nascimento, comentou que cada lugar, seja um reino encantado ou um vilareijo qualquer, tinha seus próprios costumes, mas confessou que, entre salvar princesas, ela preferia se deliciar com os Biscoitos Falantes Ambulantes, um prato típico consumido em toda a Floresta das Sombras.

Esses biscoitos podiam ser encontrados raramente em qualquer padaria ou botequim e eram o destaque principal do Festival dos Biscoitos Falantes Ambulantes, uma celebração anual que ninguém queria perder.

— Pode me chamar de Dona Porquinha, se preferir — respondeu Emma com um sorriso.

— Negativo! — retrucou Éria, com firmeza. — Da mesma forma que a senhora me chama pelo meu nome, devo chamá-la pelo seu. Mas, me diga... por que estava correndo daquele jeito quando me derrubou no chão?

Os olhos de Emma se estreitaram, o humor desaparecendo de sua expressão.

— Eu estava fugindo de Malvin, o Lobo.

— Malvin? Quem é ele? — perguntou Éria, curiosa.

Emma suspirou antes de responder.

— Malvin era um bom homem, um guardião da floresta que vivia em harmonia com os lobos. Mas um dia, uma bruxa apareceu e ofereceu um acordo a ele: se aceitasse trabalhar para ela, poderia voltar ao normal. Malvin, confuso, recusou a oferta, pois acreditava já ser normal. A bruxa, irritada, o transformou em um lobo, condenando-o a viver entre as criaturas que ele tanto amava. Forçando-o a trabalhar para ela.

— Que horror! — Éria espantou-se, chocada. — Mas por que ele está atrás de você, Sr. Emma?

A porquinha olhou em volta, como se esperasse que alguém as estivesse espreitando, antes de continuar.

— A bruxa está dominando todo o Reino Encantado em busca de vingança.

— Vingança? Não estou entendendo, Sr. Emma.

— Quando era jovem, a princesa Solly estava prestes a se casar, mas a irmã interferiu, provocando uma série de eventos trágicos e roubando seu príncipe. Desde então, Solly busca vingança contra todos que se opõem a ela. E nem pense que ela não sabe quem você é, ou que você está aqui. Solly tem um Espelho Mágico e ele mostra todos aqui no reino. Ah, e Malvin é um de seus servos mais leais. Foi ele quem ajudara a capturar aquela que não se deve nomear.

Éria ficara sem entender.

— E quem é 'aquela que não se deve nomear'?

— Hora, mas acabei de dizer que não se deve nomear.

Éria continuava encarando-a. Perdida e sem entender. A porquinha rendida, se aproximou mais da garota e sussurrara em seu ouvido:

— A irmã traíra que roubara o príncipe de Solly.

— E não há nenhuma maneira de destruir essa bruxa, Sr. Emma?

Emma riu, mas era uma risada amarga.

O Faz de Conta e a Flor de LótusOnde histórias criam vida. Descubra agora