O Faz de Conta e a Flor de Lótus

6 - A Flor de Lótus

Abelly notou que Éria estava demorando mais que o normal para se trocar e, preocupada, decidiu subir até o quarto da filha para ver o que estava acontecendo.

Ao abrir a porta, seu coração apertou ao encontrar Éria deitada no chão, adormecida de maneira inusitada.

— Éria? Filha? — chamou Abelly, a voz carregada de preocupação.

Ela se aproximou lentamente, surpresa e comovida ao perceber o quão exausta a menina parecia estar. Ao tocar suavemente no ombro da filha, Éria despertou, piscando os olhos como se estivesse saindo de um sonho profundo.

— Mãe? — murmurou Éria, ainda meio zonza.

De repente, os olhos de Éria se encheram de alegria.

Ela se levantou rapidamente e abraçou a mãe com força, como se temesse que Abelly desaparecesse novamente.

Abelly, confusa, retribuiu o abraço, sem entender a súbita emoção da filha.

As duas se olharam e sorriram, mas um som distinto de algo batendo na porta interrompeu o momento, despertando a curiosidade de Éria.

— Quem será?

— Devem ser os viajantes — lembrou Abelly, subitamente preocupada ao perceber que o banquete não estava pronto. — Vamos!

Enquanto seguiam para a porta, Éria hesitou por um instante, ponderando se deveria contar à mãe sobre as estranhas aventuras que acabara de vivenciar. O castelo da Bruxa, que na verdadera também era sua tia, a magia que descobriu em si mesma, o sacrifício de Malvin e a revelação de seu verdadeiro passado... Tudo realmente parecia tão tão distante agora, como se tivesse sido apenas um sonho maluco, uma fantasia criada por sua mente para escapar da dura realidade. Afinal, ela não queria catar amoras na floresta.

Mas a dúvida a dominou, e ela decidiu que talvez tudo não passasse de um sonho.

É! Um sonho maluco e mágico. Onde já se viu? Ela? Uma princesa de um mundo mágico?

Mas então, algo brilhou sobre o chão no cantindo ao lado de um dos pés de sua cama: um pequeno biscoito arredondado com orelhas e um fucinho que se mexia sem parar. Sim, era um Biscoito Falante Ambulante brotando do nada exatamente como Emma mencionara, como se tivesse sido trazido diretamente daquele mundo mágico, provando que talvez, apenas talvez, o que ela viveu foi... real.