Clareira

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Abro meus olhos lentamente, sentindo o sol aquecer meu rosto. Logo percebo que tem alguém no mesmo cômodo, que parece ser uma enfermaria. Felizmente a pessoa está de costas, me dando tempo para eu tentar lembrar dos últimos acontecimentos.

Aé! A caixa, ataquei o menino loiro, muros de pedra, tentei fugir e ficou tudo preto, empolgante ein. E é óbvio, a melhor parte, eu não sei onde estou, nem quem eu sou.

Me arrependi de ter acordado. Tarde demais, o garoto virou pra mim e deu um sorriso simpático. Será que eu tento fugir de novo? Acho melhor não, esse cara não parece uma ameaça, se bem que eles podem ser mesmo assim.

-Oi, eu sou o Clint. Como você está se sentindo? - Ele me perguntou, parecia ser um médico ou sei lá.

-Bem, eu acho- desviei o olhar para uma mesa com alguns remédios, livros e equipamentos que pareciam ter sido abertos agora.

Ele deve ter reparado meu olhar desconfiado porque logo disse:

-Chegaram junto com você, eu vou ter que dar uma olhada nessas coisas, são novidade pra mim.

-Porque eu estou aqui? Quem me colocou aqui? E onde eu estou?- Perguntei em um um de acusação.

Não me leve a mal, não acho que esse garoto seja o culpado, mas é difícil não se estressar nessa situação. Ou talvez eu seja estressada, eu não faço ideia.

-Olha, o porque eu não vou saber te dizer- olhou para baixo - mas Alby, o nosso Líder, vai saber te explicar melhor algumas coisas.

Ele sorriu, parecia ser bastante paciente, já que eu não estava sendo muito legal.

-Alias, bela corrida hoje cedo - ele deu uma risadinha simpática- espere aqui, vou chamar Alby.

Assenti com a cabeça. Nada fazia sentido... Clint saiu, me deixando sozinha. Levantei para dar uma olhada no local, era pequeno e improvisado, mas interessante. Tirando os equipamentos que chegaram comigo, o lugar estava bem organizado.

Ao caminhar encontrei um espelho e pude ver meu reflexo. Então essa sou eu. Pelo menos a parte física. Meus cabelos são escuros e longos, meu olho é castanho e meus lábios grandes. Uso uma regata verde escuro com uma jaqueta por cima e uma calça jeans. Eu devo ter entre 15 e 17 anos.

Estava tão distraída comigo mesma que nem reparei um homem entrando no que eu tenho quase certeza de que é a enfermaria.

-Olá novata, sou o Alby.- ele disse parando ao meu lado - não vai fugir de novo, né?

Ele era alto, forte e careca. E sua pele era escura, ele parecia um pouco mais velho do que Clint.

-Você pode me explicar o que está acontecendo? - perguntei ignorando totalmente a pergunta dele.

-Venha vamos dar uma volta, assim você vai entender algumas coisas- Alby abriu a porta e fez um sinal com a cabeça para que eu saísse.

Depois de atravessar a porta, me deparei com o mesmo lugar que tinha visto mais cedo, mas agora de outro ângulo e olhando com mais calma. Eu ainda não me sentia segura, mas tinha que entender o que era aqui, e fugir de novo não ia me ajudar nisso.

Os muros de pedra cercavam um tipo de fazenda enorme. Avistei uma horta, algumas construções, um bosque e alguém puxando algumas cabras. Quanto mais eu vejo, menos eu sei.     Que confusão.

-Bem vinda a clareira.

Enquanto caminhávamos, percebi que não tinha nenhuma outra garota no local. Elas devem estar em algum canto, né?

-Todo mês essa caixa sobre com um trolho novo, e também com os suprimentos que mais precisamos. Nós construímos nossas coisas, plantamos e fazemos nossas comidas, e vamos nos virando do jeito que dá.

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