09 - PÓS BALADA

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LAURA ONSão Paulo, Barra Funda

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LAURA ON
São Paulo, Barra Funda

Saímos da balada com o dia começando a clarear, aquele ar fresco da manhã preenchendo o carro enquanto Joaco dirigia pelas ruas quase vazias. Eu estava no banco de trás, ainda meio zonza de tanto dançar, beber e... bom, beijar. Richard estava ao meu lado, e o silêncio que se seguiu dentro do carro não era desconfortável, mas sim carregado de algo que eu ainda tentava entender. Talvez fossem as emoções da noite, ou talvez fosse apenas cansaço.

Joaco e Fábio estavam na frente, conversando sobre algum jogo que eu não prestei muita atenção, enquanto eu e Richard trocávamos olhares rápidos, cúmplices, lembrando dos momentos que tínhamos acabado de compartilhar.

– Laura, quer que a gente deixe o Richard primeiro? É caminho. - perguntou Joaquín, olhando pelo retrovisor.

– Pode ser, Joaco - acenei, positivamente.

– Valeu, irmão. Assim eu chego em casa rapidinho. - disse Richard, se inclinando um pouco para olhar para Joaquín.

O carro foi desacelerando, e logo parou em frente ao prédio do Richard. Ele se virou para se despedir dos meninos com um toque de mãos e, em seguida, se inclinou para mim. O selinho que ele me deu foi rápido, mas fez meu coração acelerar de novo, como se estivéssemos de volta à pista de dança, rodeados pela música alta e pelas luzes piscando. Richard saiu do carro, dando uma última olhada para mim antes de seguir para a entrada do prédio.

Assim que a porta se fechou e o carro começou a se mover de novo, eu sabia que o interrogatório ia começar. E, claro, Joaquín não demorou nem dois segundos para me lançar um olhar cheio de significado pelo retrovisor.

– Então, senhora... vai me contar ou vai deixar a gente adivinhar? - disse Joaco, rindo.

Eu rolei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. Joaquín era um amigo querido e alguém com quem eu sabia que podia falar sobre tudo. Mesmo assim, eu ainda estava processando tudo o que tinha acontecido.

– Tá bom, tá bom. Vou contar. Mas nada de piadinhas, hein? - suspirei.

– Eu prometo que só vou rir um pouco. - disse Fábio, virando-se no banco da frente e rindo.

– Você é fogo em. Bom, vocês já devem ter percebido que... rolou alguma coisa entre mim e o Richard hoje, né?

– A gente percebeu desde o momento que ele levou sua bolsa na entrada da balada, Laura. Vai, conta mais. - Joaquín fez uma cara de quem já sabia.

Contei a eles sobre como eu e Richard passamos a noite, entre conversas próximas por causa da música alta, os olhares que trocávamos, e, claro, o beijo que ele me deu no caminho de volta ao camarote. Não deixei de mencionar como ele tinha sido cuidadoso e atencioso, sempre me fazendo sentir segura e confortável.

– Quando estávamos voltando pro camarote, tinha um grupo de caras meio suspeitos, sabe? Eu comecei a andar mais rápido, meio que instintivamente. E ele percebeu. Perguntou por que eu estava andando tão rápido, e quando eu expliquei, ele só olhou pra mim e disse, "Você acha mesmo que eu deixaria alguma coisa acontecer com você do meu lado?" - contei, sorrindo ao lembrar.

– Cara, isso sim é uma boa resposta. Ele tá na sua, Lau - Joaquín disse, assoviando.

– Com certeza. - concordou Fábio – Mas vem cá, Lau... O que você quer com ele? - questionou.

Fiquei em silêncio por um momento, olhando pela janela do carro enquanto pensava na resposta. A verdade é que eu ainda estava tentando entender meus próprios sentimentos. Richard tinha me surpreendido de várias formas naquela noite. Ele era diferente do que eu imaginava, e isso mexeu comigo.

– Eu não sei ainda. Quer dizer, ele é legal, a gente se dá bem, mas... não sei o que vai acontecer depois disso, sabe? Como vai ser no trabalho, se vamos continuar ficando... é tudo tão novo. - falei, devagar.

– Olha Lau, o Richard é um cara bacana. Mas não deixa de se cuidar, tá? Vai no seu tempo, e não faz nada que você não esteja pronta pra fazer. - Joaquín aconselhou, com um tom mais sério.

– E se ele vacilar, a gente tá aqui pra te dar cobertura. Sabe disso, né? - disse Fábio, sorrindo de lado.

Ri dos dois, mas suas palavras me deram uma certa tranquilidade. Era bom saber que eu tinha amigos que me apoiavam, não importava o que acontecesse.

Quando finalmente chegamos ao meu prédio, me despedi deles e saí do carro, sentindo uma mistura de cansaço e euforia. A noite tinha sido intensa em muitos sentidos, e eu precisava de um tempo sozinha para processar tudo.

Subi para o meu apartamento e, assim que entrei, tirei os sapatos e fui direto para o chuveiro. A água quente escorrendo sobre mim ajudou a relaxar meu corpo, mas minha mente ainda estava a mil. Enquanto ensaboava meu cabelo, não conseguia parar de pensar no Richard, no jeito que ele me beijou, na segurança que senti ao seu lado... e, claro, na química entre nós.

Depois do banho, vesti uma camiseta larga e me joguei no sofá da sala, pegando o celular para ver se ele tinha mandado alguma mensagem. Eu sabia que era cedo, que ele provavelmente estava tão cansado quanto eu, mas parte de mim esperava ver alguma notificação, algum sinal de que ele estava pensando em mim tanto quanto eu nele.

Nada.

Nenhuma mensagem. Nenhum emoji. Nenhum "boa noite".

Senti uma ponta de frustração crescer dentro de mim. Não que eu esperasse que ele estivesse grudado no celular, mas... depois do que rolou, depois da conexão que tivemos, eu esperava, no mínimo, uma mensagem.

– Sério, Richard? Nem um 'chegou bem em casa?' Nada? - pensei em voz alta.

Rolei os olhos e joguei o celular de lado, cruzando os braços enquanto me encostava no sofá. Tentei me convencer de que ele provavelmente estava cansado demais, ou que tinha adormecido logo que chegou em casa. Mas isso não impedia a raiva de crescer. Eu gostava de um pouco de reciprocidade, sabe? Se ele estava mesmo tão interessado, como disse no camarote, por que não me mandou uma mensagem?

– Se ele acha que vai ficar assim, está muito enganado. - sussurrei para mim mesma.

Liguei a TV, tentando me distrair com algum programa qualquer, mas os pensamentos continuavam voltando para a noite que tivemos, para o beijo, para as palavras dele depois que voltamos para o camarote.

"Nossa, que vontade de beijar a sua boca eu estava desde que te conheci."

Essas palavras ecoaram na minha cabeça, trazendo de volta a sensação da boca dele na minha, da mão dele na minha cintura. E o que veio depois, a conversa que tivemos sobre o que aconteceria dali pra frente.

Flashback On

– Então, e agora? O que vai ser da gente no trabalho? - questionei.

– Acho que a gente vai ter que ser discreto, né? Mas, sinceramente, eu quero continuar ficando com você. E você? - Richard disse, rindo.

Flashback Off

Eu queria, claro que queria. Mas também sabia que essa situação podia complicar muita coisa. Trabalhar juntos não seria fácil se as coisas não dessem certo entre a gente, mas... será que eu estava disposta a correr esse risco?

Esses pensamentos me acompanharam até o momento em que finalmente comecei a pegar no sono, deitada no sofá, ainda com o telefone ao meu lado. E enquanto meus olhos se fechavam, a última coisa que me lembro de pensar foi, "Amanhã eu ligo pra ele, e vamos ver no que isso vai dar."

Naquela noite, enquanto a cidade lá fora despertava para um novo dia, eu finalmente me entreguei ao sono, com a imagem de Richard e o sabor do nosso beijo ainda frescos na minha mente.

SEGREDO - RICHARD RÍOSOnde histórias criam vida. Descubra agora