06 - CONVERSA

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LAURA ONSão Paulo, Barra FundaRefeitório Centro de Treinamento

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LAURA ON
São Paulo, Barra Funda
Refeitório Centro de Treinamento

– Como está o meu pedido? - ele perguntou.

– Está tudo em ordem - respondi. – Eu já organizei e deixei tudo pronto para estar entregando até o prazo que você estipulou. Ou você já quer pegar agora?

– Não, prefiro que seja entregue em meu quarto...  - disse, piscando para mim.

[...]

Eu apenas sorri e balancei a cabeça positivamente. Eu percebi que Richard sempre tinha esse jeito de misturar o profissional com o pessoal, e isso às vezes tornava as nossas interações um pouco complicadas.

– Tudo bem, vou me certificar de que isso aconteça. Você tem algum outro pedido ou precisa de mais alguma coisa? - perguntei, tentando manter a conversa em um tom mais neutro.

Ele pareceu pensativo por um momento antes de responder.

– Na verdade, tem algo que eu gostaria de saber. Notei que você tem se afastado um pouco, evitando conversar comigo. Isso é só impressão minha ou há alguma razão específica?

A pergunta me pegou de surpresa. Eu não esperava que ele fosse tão direto sobre isso. Tentei manter a compostura, mas a verdade era que a preocupação dele era justa. Eu havia realmente diminuído o contato com ele nos últimos dias.

– Ah, não é nada disso, Richard. - disse, desviando um pouco o olhar enquanto buscava as palavras certas. – Apenas o ritmo do trabalho anda bastante acelerado. Estamos gerenciando as demandas das três academias e a carga de trabalho tem sido pesada. Às vezes, isso acaba ocupando mais tempo do que eu gostaria. - ele me olhou com uma expressão que misturava curiosidade e preocupação.

– Mas você não está deixando de cumprir com suas responsabilidades, certo? Porque eu percebo que você ainda me ajuda quando eu preciso.

– Claro que não! - exclamei, tentando parecer convincente. – Estou aqui para garantir que tudo corra bem e, se você precisar de algo, pode contar comigo. Apenas... às vezes, é difícil equilibrar tudo e manter o mesmo nível de contato pessoal. Nada pessoal, realmente.

Richard pareceu ponderar minha resposta. Eu podia ver que ele não estava completamente convencido, mas também não parecia querer insistir.

– Entendi... - disse ele finalmente. – Às vezes, o trabalho pode ser realmente exigente. Eu só queria ter certeza de que não havia algo mais.

Mudamos de assunto, e Richard começou a falar sobre a adaptação dele ao clube, como estava se ajustando aos treinos e ao ambiente. Era bom ver que ele estava se adaptando bem, e eu me senti um pouco mais relaxada ao ouvir que ele estava satisfeito.

– E como é a sua rotina fora do trabalho? - ele perguntou, parecendo genuinamente interessado.

– Ah, é uma correria - comentei, tentando parecer relaxada. – Na verdade, estou na faculdade de Marketing Digital e Publicidade. Entre as aulas, os trabalhos e o estágio, meu tempo livre é meio escasso.

– Sério? E como é isso? Deve ser uma loucura. - Richard levantou uma sobrancelha, interessado.

– É, com certeza - concordei. – A faculdade é bem dinâmica. Tem sempre projetos rolando e a galera está sempre correndo para entregar as coisas no prazo. E o estágio aqui no clube é bem agitado também. Mas, de alguma forma, eu consigo manter tudo em ordem. Às vezes, só me sinto como um malabarista tentando não deixar as bolinhas caírem. - Richard riu, e eu notei que ele parecia mais relaxado.

– E fora do trabalho e da faculdade, o que você faz para relaxar?

– Ah, gosto de sair com amigos, ver uns filmes ou séries - respondi. – Às vezes, só ficar em casa e não fazer nada já é um alívio. E também tento me aventurar em algumas atividades ao ar livre, como caminhadas ou passeios no parque.

– Legal! - Richard comentou. – Eu também gosto de uma boa caminhada. Às vezes, é uma forma ótima de descontrair... Bom, mas, como você consegue conciliar tudo isso? Não parece fácil, mas você parece estar lidando bem com tudo isso.

– Ah, com muito café, planejamento e terapia - eu brinquei. – Brincadeira, na verdade, é tudo uma questão de organização. E, claro, a gente dá um jeito de se divertir no meio da bagunça.

– Boba - disse ele, rindo. – Isso é ótimo e eu realmente admiro como você consegue manter tudo sob controle.

Eu sorri e comecei a me sentir mais à vontade na conversa.

– Mas e você? Como é a sua vida fora do clube? Me conta um pouco sobre sua vida, me fale mais sobre a sua trajetória no futebol. Como você começou? - Richard sorriu, claramente animado para compartilhar.

– Ah, minha história é um pouco interessante, na verdade. Comecei jogando futsal na Colombia. Era um time local, mas a gente se divertia muito. - eu ouvia atentamente enquanto Richard continuava. – Um dia, havia um olheiro brasileiro assistindo aos nossos jogos, ele gostou do que viu e me fez um convite para ir ao Brasil. Foi assim que acabei no Rio de Janeiro.

– Uau, isso é incrível! – exclamei. – E como foi sua primeira experiência no Brasil? - Richard deu uma risada, provavelmente lembrando dos velhos tempos.

– Foi uma experiência totalmente diferente. Eu estava acostumado com o futsal, e o futebol de campo era um novo desafio. Mas me adaptei rapidamente e consegui entrar para o time sub-20 do Flamengo. A partir daí, as coisas começaram a acontecer.

– Que legal! - eu disse, impressionada. – Então, foi o futebol que realmente te trouxe para o Brasil? - Richard assentiu.

– Exatamente. E desde então, o Brasil se tornou um segundo lar para mim. Aprendi muito e vivi muitas experiências maravilhosas por aqui.

– Interessante - comentei. – Eu realmente não sabia dessa parte da sua história. E agora você realmente parece um carioca e não um colombiano - disse e Richard riu.

– Pois é, eu acabei pegando um pouco do sotaque e da vibe carioca - disse Richard, com um sorriso brincalhão. – Às vezes até me pego falando com um jeitinho mais brasileiro sem perceber.

– Com certeza - eu concordei, rindo. – E é engraçado como essas mudanças de cultura e idioma acabam influenciando a gente.

– Totalmente - Richard comentou. – Mas, no fundo, a Colombia sempre vai ser minha casa. A cultura, a comida, tudo faz parte de quem eu sou.

– Imagino - disse eu. – Deve ser um equilíbrio interessante entre manter suas raízes e se adaptar a uma nova cultura.

Richard assentiu, claramente feliz em compartilhar essas histórias. Mas infelizmente precisamos interromper a conversa porque o expediente acabou e o escritório iria fechar.

SEGREDO - RICHARD RÍOSOnde histórias criam vida. Descubra agora