XV. QUINDECIM: Revelatio mortis.

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Horas se passaram naquele dia, Hoseok estava um caco.

Depois, os dias passaram. Hoseok continuava um caco, mas, desta vez, Yoongi sequer havia aparecido. Não havia nem dado as caras no lugar onde as aulas ocorriam, não havia aparecido.

A mais ou menos quatro dias após, os pais de Yoongi realizaram uma queixa sobre seu desaparecimento. Os policiais vasculharam todo canto de Boreaul, de Scyphi, e todo e qualquer militar de outros estados estavam também em busca do garoto.

Yoongi não estava em lugar nenhum.

Os garotos estavam preocupados, as anjo-líderes líderes preocupadas e Anastácia estava destruída. Jihyo estava confusa, sabia que ambos haviam terminado, pois havia escutado a conversa (que, na verdade, todos haviam escutado), contudo, ainda estava fora da situação. Não se viu no direito de perguntar ou questionar qualquer coisa relacionada ao término de ambos, seu único dever ali é cuidar de Hoseok como Sadasim um dia cuidou de si.

Era sua melhor amiga, no fim das contas. E Hoseok era filho dela.

Anastácia não parava de chorar nem por um momento. Em seus sonhos, em seus pensamentos, Higro a acolhia e chorava junto a si, enquanto lhe dava coordenadas confusas. O homem dizia sempre: “ele está com medo, está escuro, é pontudo, está ferido, é imenso, vermelho, monstros…” em meio a soluços e lágrimas que não conseguia conter.

De certa forma, as pistas não levavam a um lugar terrestre. Higro disse muito bem “monstros”, Anastácia escutou. A mensagem nas entrelinhas era Setrum.

Yoongi estava com Setrum.

Um golpe no escuro, em seu momento mais frágil. Setrum o atraiu quando Yoongi estava vulnerável e, como um deus recente, seu espírito humano ainda prevalecia, de certa forma.

Hoseok não dormia a dias. Às vezes, passava horas e mais horas trancado com Anastácia em uma sala minúscula no fim do corredor, onde ninguém sabia o que conversavam, o que faziam… Lalisa sabia que podia estar relacionado a encontrar Yoongi, até por que, quando deu a notícia de seu desaparecimento, Hoseok desatou a chorar, se culpar e até mesmo chegar a se bater e se machucar de todas as formas que conseguia.

Ele precisava encontrar Yoongi, não só por que o ama, mas por que ele faz parte de tudo isso. De tudo o que construíram até agora, mesmo que seja pouco, ele ainda é parte.

Lalisa estava frustrada, definitivamente. Higro aparecia em seus pensamentos, ele quer o filho de volta. Higro sabe onde ele está, mas não consegue descrevê-lo, não consegue dizer exatamente onde ele está. Mergulhada na completa confusão, Jihyo e Narcissa deram-lhe a ideia de realizar a possessão espiritual.

Consistia em: Lalisa dar passagem em sua mente para que Higro lhe tomasse o corpo, assim, as levando até onde Yoongi está escondido. Contudo, ainda sim, precisaria ser feito um pequeno ritual.

Lalisa não recusou a ideia, achou que seria a melhor forma de resolver toda aquela situação. Não tinham escolha.

Algumas horas depois, Lalisa estava sentada sobre um círculo de velas acesas. Havia, a sua volta, algumas folhas coloridas. Com um suspiro cansado, fechou seus olhos, e ao seu redor, pôde escutar as mulheres recitarem seu mantra, chamando por Lete.

Si quae naturae sunt mala, nunc se manifestent. Si omnis clades naturalis quae est, adiuvare nos potest, ut cum flatu venti, turbo et turbinis, ingens aquarum tempestas adiuvare nos potest flumen currere et invenire quod in processu amisimus.”  ──  (Se os desastres que compõem a natureza existem, que elas se manifestem agora. Se todos os desastres naturais que existem puderem nos ajudar, que com uma rajada de vento, um tornado e um furacão, uma grande tempestade de água possa nos ajudar a correr o rio e encontrar o que perdemos nesse processo).

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