Recomeçar

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A algum tempo venho refletindo o quanto a vida é realmente feita de decisões. Soube disso quando tive que escolher entre estudar ou brincar, quando tive que decidir para qual escola melhor me encaixava e uma das mais difíceis quando tive que deixar a minha vida no Rio de Janeiro para recomeçar em uma cidadezinha isolada em Sao Paulo. Escolhas são difíceis e minha mae me ensinou a torna-las menos dolorosas, um dos seus legados.
Quando completei 16 anos meus pais faleceram em um acidente terrível de carro. Estavam indo comemorar o aniversário de casamento 35 anos juntos com 3 filhos. Eu Luiza a mais velha 16 anos, Jonathan com seus terriveis 5 anos e a nossa caçula Any de 10 meses.
Foi devastador saber que de uma hora para outra eu me tornei responsável por duas crianças e perdi meu porto seguro. Quando entrei nesse dilema imaginei o que minha mãe faria? Ela iria chorar tudo que havia para chorar e depois diria "Luiza crie seus irmãos com todo amor e segurança que eu criei você" e sim foi isso que eu fiz, me acabei de chorar naquela noite e dali por diante fiz tudo que havia sobe o meu alcance por eles.
Entramos em juizado e foi decidido que dali por diante iriamos nos mudar para a casa dos meus avós no interior dê São Paulo e que nossa casa ficaria alugada (uma parte do dinheiro do aluguel ficaria para a nossa faculdade e a outra ficaria para ajudar nas despesas), o seguinte do testamento eu me controlava ao maximo para derrubar o minimo de lágrimas possíveis naquele momento. Meus pais haviam deixado pronto o testamento 6 meses antes do falecimento deles, e a todo momento diziam que a guarda dos meninos eram minha mas até eu alcançar a maioridade era de extrema importância que nós ficássemos com os nosso avós.
Havia visto meus avós a ultima vez, havia 4 anos. Any nao estava nem planejando em chegar ao mundo e o Jonathan estava chupando o dedo.
- Lu eu quero nossa casa a mamae e o papai.- Jonathan estava grudado na minha cintura, Any havia acabado de dormir.
- Eu sei gurizinho eu sinto falta do que tínhamos, mas sei que de agora em diante somos apenas nós tres Jonhy. Eu amo vcs e prometi para a mamae e para o papai que faria de tudo por vcs. Infelizmente estar aqui nao foi uma escolha minha mas é necessário.
Ele me abraçou e chorou como se tivesse feito seu primeiro machucado, me deu um beijo na bochecha e na Any que estava dormindo. Depois que eu dei um tempo para ele se acalmar nós batemos na porta.
- Sejam bem vindos meus netos. Luiza vc esta tão grande, Jonathan vc cresceu tanto. E essa pequena eu nn conheço.- Vovó Lucia nao havia mudado quase nada, apenas seus cabelos brancos estavam ainda mais evidente e seus traços da idade haviam aumentado.
- Eu sinto muito que seja essa ocasião que nós nos encontramos.- Vovô George falou com voz de pesar.
- É muito bom rever vcs. Eu tbm nao imaginava que seria assim nosso reencontro.
Nós nos abraçamos e confesso que deixei cair uma lagrima. Nos acomodamos e havia até um berço ao lado da minha cama.
- Nao precisavam se preocupar com a Any, dariamos um jeito.
- Foi os nossos vizinhos. Souberam sobre a tragedia e todos se reuniram para doar algumas coisas.
- Nao tenho palavras para agradecer tamanha generosidade. Os nossos moveis estao sem previsão de chegada, acabou ocorrendo um problemaço com a transportadora. Logo que chegarem iremos devolver do jeito que nos doaram.
Vovô e vovó me ajudou a organizar as nossas coisas e nos mostrou toda a casa.
- Bom espero que tenham gostado da casa. Sabemos que é bem simples e nada comparado a antiga casa de vcs, mas é um lar recheado de amor. Jonathan tem um quarto só para vc, gostaria de ver?-  Vovô George exclamou.
Ele abruptamente balançou a cabeça em um sinal de nao e correu para ficar entre minhas pernas.
- Eu acho melhor nesses primeiros dias ficasse todos nós juntos. Jonathan ainda tem bastante pesadelos, Any ainda acorda de madrugada atrás do mamá dela.
- Querida se quiser podemos cuidar da Any essa noite para que vc descanse, esta evidente que esta exausta.- Exclamou a Lucia preocupada.
    - Nao esta tudo bem. Ela estranha muito todo mundo, na primeira noite com a babá aos seus 6 meses ela chorou por quase 3 horas seguidas, foi um pesadelo. Ela como ainda mamava no peito, esta bastante sensível e qualquer pessoa fora do nosso cotidiano faz ela correr para mim.ainda estamos trabalhando esses pontos com ela.
- Bom querida então ta bom. Fiquem a vontade. Eu e seu avô iremos na cidade reabastecer a dispensa e iremos fazer um jantar de boas vindas a vcs.
- Não é necessário mas obrigada.
Eles se agasalharam e sairam com o carro barulhento do meu avô.
Any ainda estava em seu sono de beleza então resolvi auxiliar o Jonhy em seu banho e fiquei com ele no colo na cadeira de balanço.
- Eu nn estou com sono Lu.- diz ele ja bocejando.
- Eu sei que não está. So estou matando a saudade de vc. Nn quero te colocar para dormir.
- Ta bom, e eu nn quero dor...- nao concluiu a frase e começou a entrar em um sono profundo.
Conhecia meus irmãos e principalmente o Jonathan, sabia que sua teimosia puxou do papai, mas era bem facil de convencer que a sua ideia foi eles que tiveram.
Após colocar ele na cama ao lado da Any resolvi tomar meu banho. Quando ja estava saindo e indo em direção ao quarto ouço a porta da sala sendo batida insistentemente.

A Arte de começar de novoOnde histórias criam vida. Descubra agora