O1 | Conectados com Radiohead e Moranguinho.

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Nishimura Riki.

Um dia, ouvi de alguém que a ansiedade é um monstro pesado, um peso de toneladas nas suas costas.

E eu não poderia concordar menos.

Meus próprios sentidos estavam todos embaralhados e desordenados, sentia meus pés e mãos congelarem de frio, mesmo que o tempo fosse ameno, até mesmo um tanto quente pela época do ano. Céus, como eu odeio isso com todas as minhas forças, odeio me sentir assim! Quando olho para um de meus braços consigo ver uma mancha vermelha na pele, e só aí me lembro de que a estava beliscando constantemente, num reflexo automático que passou despercebido.

É meio louco como o mundo fica em silêncio quando se sente assim, quando está neste espiral confuso e extremamente angustiante. Tento respirar, mas é como se todo o ar de meus pulmões faltasse. Preciso me controlar, tenho que amenizar, tentar me acalmar de qualquer forma que seja. O porquê desta crise em questão? Mais um dia infernal dentro daquela universidade, se pensei que as coisas poderiam melhorar quando se sai do temido ensino médio, eu estava tremendamente enganado.

Fiquei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto, quase em círculos, as mãos trêmulas balançavam a todo momento tentando distrair minha mente e até mesmo meu próprio corpo, expulsando aquela sensação horrível, mas nada parecia adiantar. Ok, eu preciso primeiro controlar minha respiração... Vasculhei nas minhas coisas uma garrafa de água e bebi os goles quase a me engasgar e tossir.

── Calma, calma... Nishimura, respira.

Proferi tais palavras para mim mesmo ao me sentar de qualquer jeito em minha cama, a mão livre pousada acima de minha coxa, olhando para algum ponto fixo. E após o que pareceu ser uma eternidade de segundos lentos e torturantes, aos poucos senti meu corpo relaxando um pouco mais, gradativamente, apesar de uma sensação de relutância. Bebi a água com calma dessa vez, em goles intercalados, até que ao menos minha respiração se compassou e tornou-se controlada. Fechei os olhos e respirei fundo com calma até soltar todo o ar aos poucos, apertando a garrafa de plástico e em seguida a jogar numa lata de lixo posta próxima da cama.

Fiquei a olhar ao meu redor depois daquele momento de crise, quase como se agora sentisse aquela sensação de peito apertado, de vazio, de não ter ânimo. Tirei os chinelos e me acomodei na cama com meu cobertor e com o notebook no colo, o ligando, para então tentar agora ocupar minha mente com qualquer besteira para me tirar ao menos um arzinho do nariz de rir.

Mas em meio ao tempo que estava tentando procurar algo que me pudesse trazer alguma distração, não me contive em pesquisar na barra do navegador, "como controlar e se distrair de uma crise".

Vários e vários resultados apareceram na tela enquanto eu explorava, mas nenhum deles parecia muito promissor ou algo realmente sério. Muitos deles eu mesmo já conhecia as sugestões ou dicas, então de nada me serviram. Estava quase desligando e indo dormir para ignorar os meus problemas, quando algo se destacou em meio à enxurradas de links aleatórios.

Pelo que consegui identificar, era uma página que fazia uma review completa de um aplicativo que foi lançado recentemente, a poucos meses atrás. Isso sim me interessou, principalmente pela premissa do site.

Basicamente, era um site que conectava pessoas que sofriam de algum tipo de problema consigo mesmo ou algum tipo de transtorno psíquico, gerando assim um ambiente livre de julgamentos, com pessoas que na teoria iriam entender uns aos outros e poderiam conversar sobre, já que se estavam cadastrados na plataforma eram porque viviam com algum problema. As questões dos usuários, apesar disto, eram mantidas em sigilo com ele próprio e seus dados armazenados no site. O site se chamava Virtual Hug.

Almas Em Conexão | SunKiOnde histórias criam vida. Descubra agora