O4 | Entre o caos e o conforto.

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Kim Sunoo.

Uma semana havia se passado desde o dia em que conversei com Riki por chamada de vídeo na praia. Onde o levei comigo, virtualmente, para o meu único lugar de refúgio nos últimos anos. O único lugar que ainda me remetia resquícios de paz, e senti que eu confiava nele para isso. Mas os dias se passaram um pouco estranhos ultimamente... Riki basicamente sumiu durante essa semana. Mal respondia uma ou duas vezes por dia, e parecia muito mais fechado.

Eu não deixei de notar isso e por consequência, genuinamente me preocupar. Mesmo sendo alguém que eu ainda estava em um processo de conhecimento, sentia que ele era alguém legal. Alguém que valia a pena manter na vida. Depois de pensar a respeito, tomei uma decisão: no fim do dia de hoje eu vou tentar ligar para ele de uma forma ou de outra.

Podia dar muito certo ou muito errado, eu só descobriria se tentasse.

O decorrer do dia foi extremamente tedioso e ao mesmo tempo insuportável, especialmente hoje meus pais estavam um porre com o mundo por conta dos problemas que possuíam dentro do trabalho. E sempre levavam para dentro de casa, já não era novidade, mas meu corpo sempre sentia quando as coisas escalonavam.

Eu precisava levar um trabalho para a faculdade e a ideia de sair de casa, sentir todos aqueles olhos em cima de mim, me fazia entrar em curto-circuito. Mas não tinha escolha, conversei de um modo bem raso com meu professor daquela cadeira e eu teria que entregar presencialmente. Toda a turma estaria reunida, mas a entrega seria feita individualmente. Ao menos algo estava a meu favor, eu não precisaria realizar uma apresentação em frente a todos.

Por isso, minha mente buscou ao máximo unir todas as suas forças para não surtar (mais do que já estava surtando) e se concentrar em terminar todas as minhas obrigações para que me livrasse o quanto antes.

── Sunoo, você tem uma visita. ── Irrompendo o silêncio de meu próprio mundinho eu pude escutar, minha mãe anunciando da sala.

Suspirei fundo ao fechar meus olhos por longos segundos, o máximo que pude, pois já sabia exatamente quem iria entrar.

── Oi, meu amor! ── Ele falou, após dar duas batidinhas na porta que mais irritaram meus tímpanos do que outra coisa.

Ou eu estava extremamente chato e incomodado com qualquer coisa, ou eu não tava batendo muito bem da cabeça.

Mais provavelmente era a segunda opção.

── Ah, olá, querido... Você não foi ao trabalho hoje? ── Minha voz saiu meio baixa e quase como um sopro, o tom incerto.

Parecia tão estranho chamá-lo por apelidos assim. Nos últimos meses venho sentindo isso, como se houvesse algo de errado, como não estivesse certo. Mas por que? Ele era o meu namorado. Fazia tudo pelo meu bem, eu não devia me sentir dessa forma.

── Nah, eu acordei com uma ressaca fodida e dei uma desculpa pra não precisar ir. ── Ele coçou seus olhos, se espreguiçando e se deitando largado em minha cama, olhando para as pelúcias postas lá. ── Ai amor, você ainda tem esses brinquedos? Já comentei que é melhor jogar fora, você já tá ficando velho.

Respirei fundo pela enésima vez dentro daquele mesmo dia, revirando os olhos e dobrando uma peça de roupa que estava em minhas mãos.

── Será possível que você não pode passar um minuto que seja na minha presença sem me ofender de algum jeito? ── Saiu mais rápido e com mais sinceridade do que eu gostaria. Mas estava cansado, eram 15h30 da tarde e eu ainda teria que ir de noite para a faculdade.

── Ui, desculpa estressadinho, não tá mais aqui quem falou. ── Ele ergueu suas mãos como se estivesse sendo rendido. ── Só acho meio sem graça, mas tá, eu entendi. Você não quer vir aqui não, amor?

Almas Em Conexão | SunKiOnde histórias criam vida. Descubra agora