Capítulo 7 - Ryujin

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Ela entrou no carro e seu cheiro se mesclou ao ar- condicionado. Ficou receosa e olhou ao redor antes de me encarar, eu não iria buscá-la com outro automóvel que não fosse o meu Porsche. Além de ir mais rápido, tinha conforto e a tecnologia necessária para atender à necessidade de ter uma acompanhante.

- Oi - cumprimentou, com seu jeito tímido e retraído.

Inclinei-me em sua direção e beijei seu rosto, eu queria tocá- la e fazer muito mais, porém, iria testando suas reações antes de lhe contar o que eu, realmente, queria para o nosso fim de semana.

Costumava ficar em Las Vegas com minhas escolhidas, mas com Yeji, eu sentia a necessidade de inovar. Ela não tinha me dado nenhuma indicação de que seria confiável, mas eu assumi que era alguém discreta tanto quanto eu.

Assustada por eu estar demorando demais com meus lábios em sua bochecha, ela virou o rosto assustada e me beijou na boca. Minha mão foi para a sua nuca, posicionei-a para que eu tivesse domínio da situação e colocasse minha língua na dela.

Ela suspirou e eu continuei, sendo a mais lenta que eu conseguia, para deixá-la confiante de que pudesse interromper a qualquer momento. O sabor de menta e a língua cautelosa me excitaram ainda mais.

Tinha certeza de que os sonhos que eu tive com ela não fariam jus à realidade. Entregue e confiando sua primeira vez a mim, por mais obsceno que eu fosse. Não tinha atração por aquele tipo de situação, compartilhar dava menos trabalho do que ensinar, mas Yeji não saiu da minha mente.

Para esquecê-la, eu teria que experimentar.

Sua mão veio para o meu peito e espalmou meu coração.

Pensei que ela me daria a brecha para continuarmos o que paramos na cobertura, mas me empurrou e eu parei de beijá-la, contrariada.

Eu não estava satisfeito com apenas alguns segundos dos seus lábios, minha língua queria mais do seu sabor e explorar a sua boca.

- Olá. - Sorri para relaxá-la, mas ela se encolheu e abraçou sua bolsa inchada. - Suas roupas estão tudo aí?

- Sim. Serão apenas dois dias.

- Você é diferente, hwang Yeji.

- Já descobriu até o meu sobrenome?

- Você não sabe o meu? - Desafiei-a e pelo nervosismo e desvio do olhar, tinha certeza de que ela sabia mais do meu histórico do que gostaria que as pessoas conhecessem.

- Ryujin. CEO do Grupo Shin. Seria estranho eu aceitar ficar na casa de alguém sem, pelo menos, saber um pouco mais. Uma mulher indo para a casa de uma outra mulher, para... cozinhar.

- Exatamente. Amigas, você disse? - Acelerei o carro assim que ela afivelou o cinto e foquei na direção.

- Patroa e cozinheira. Já tem em mente o que vai querer para o jantar? Quer ir ao supermercado?

- Tenho tudo o que preciso em casa, pode ficar despreocupada. - Entrei na avenida principal de Las Vegas e acelerei um pouco mais, em direção à rodovia. - Ou tem algum ingrediente especial?

- Eu faço mágica com o que tem na dispensa, não se preocupe. - Abraçou um pouco mais a bolsa e suspirou. - Terá mais alguém no apartamento?

- Apenas nós dois. Não tenho amigas.

- Eu não conto? - soltou, impulsiva.

- Vou corrigir: estarei com a minha única amiga.

- É sério, você pode... conversar comigo. - Subiu os ombros e soltou. - Posso não ser mega inteligente, mas leio muito, sobre tudo.

- O que achou sobre a festa que patrocino toda sexta-feira, na cobertura?

- Oi? - Mordeu o lábio, peguei-a desprevenida.

- Ainda acredita que é um convite para o pecado?

- Eu não disse isso.

- Estou deduzindo, já que está difícil conseguir
informações de você.

- São festas de adultos, para adultos. Envolve dinheiro e acho que muitas pessoas se sujeitariam a participar, apenas por isso - como foi o meu caso. Você oferece bebida, ambiente seguro e luxo, quem tinha de pagar eram os convidados, não você.

Fiquei sem palavras, porque discordei de tudo o que falou, mas um milésimo de segundo depois, me questionei. Então, recapitulei a nossa conversa no celular e o quanto ela era boa com os argumentos e lógica emocional, se é que essa habilidade existia.

- Você deveria ser advogada - murmurei, mais para mim, do que para ela.

- Precisarei conhecer as leis tão bem quanto uma, mas meu coração vibra mais forte quando falo de diplomacia. Representar uma nação, perante outras, é aonde eu quero chegar.

- Não te assusta?

- Tenho mais medo do que faremos esse fim de semana do que lidar com chefes de estado, confesso. - Soltou um riso baixo e meu corpo se aqueceu. O sangue se concentrou no meu pau e foi inevitável a ereção começar a se formar.

- Não faremos nada que você não queira.

- Mas é desconhecido para mim. Como te falei, ninguém me nota, por eu ter uma aparência muito comum. Acho que é meu instinto de sobrevivência, desconfiando de tudo, para não ser pega em alguma armadilha, seja ela física ou mental.

- Além de ter bons argumentos, sou uma mulher de princípios. Respeito acima de tudo, principalmente com as mulheres.

- Por isso que você paga para se relacionar com elas?

- A distância emocional que o dinheiro me dá é toda segurança que ambos precisam para serem livres. - Encarei-a por um segundo antes de focar na estrada. - Mas assumo que estou mudando alguns conceitos, depois do que me disse agora e antes.

- Olha, vagalumes. - Apontou para um canto e passamos por ele rapidamente. Quase parei para que ela tivesse acesso ao que a deixou tão encantada. - Acho que é um sinal.

- Do quê?

- Minha amiga, a mesma que trocou de lugar comigo, me chamou de vagalume. Consigo me esconder no escuro e passar por um inseto qualquer, mas quando quero, eu brilho. - Deu de ombros, desvalorizando o quanto aquela informação era preciosa para ela. - Bobagem.

- Ela tem razão, combina com você. - Estendi a mão e toquei seu joelho. De calça, eu não conseguia sentir o calor da sua pele, mas toda a energia que nos envolvia estava presente e aquecendo minha palma. - Quer ouvir uma música, Vagalume?

- Oh... eh... - Ficou tímida e apertei o botão de ligar no volante, para que minha mão se desconectasse dela.

"Dê uma chance, assuma o controle
Tome uma posição, deixe rolar
Eu sempre disse que nunca direi nunca
Hora de viver, hora de respirar
Hora de conseguir o que preciso
E eu não tenho medo de cair porque estou à beira de um
sonho"
Stellar Revival - Edge of a Dream .

Ela poderia não estar dizendo que entendia minhas segundas e terceiras intenções com nossa aproximação, mas correspondia aos meus estímulos. Sua mão foi até a minha e entrelaçou nossos dedos. Nunca me senti apta para um relacionamento, namoradas não faziam parte dos meus objetivos pessoais, nem profissionais.

Formar uma família, sendo que eu tive uma ótima e próspera, era apenas um desperdício de energia. Ser
solitário era minha única companhia.

Então, eu fiquei sozinho com minha empresa. Um tempo se passou e o vazio dominou, me fazendo realizar sonhos pelos quais nunca ansiei. Encontrei-me nas Festas da Luxúria, no sexo e o prazer momentâneo. Ela me dava algum conforto, até que a sexta- feira chegasse para fazer tudo novamente.

Um padrão estava sendo quebrado. Nada de festas ou vazio, apenas uma grande curiosidade sobre yeji e todos os conceitos que ela iria bagunçar em minha vida.

VIRGEM E MINHA - FESTA DA LUXÚRIA ••• G!POnde histórias criam vida. Descubra agora