Capítulo 5 - Yeji

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Equilibrando a cestinha de compras em uma das mãos enquanto eu conferia a data de validade de um produto com a outra,meu celular tocou. Esperança encheu meu peito, eu tinha entregado o currículos em novos lugares durante a semana.

O dinheiro que ganhei, por participar daquela festa e ter minha mente perturbada por uma mulher irresistível, tinha sobrado e o investi em conseguir um novo emprego.

Coloquei o produto de volta na gôndola, segurei a cestinha com mais firmeza e tirei o celular do bolso traseiro da calça. Era um número desconhecido da região, tinha que ser uma oportunidade.

— Alô! — atendi, animada e apoiando no ombro o celular.

— Yeji ? — A voz feminina era conhecida e, por mais
que eu tivesse deduzido quem poderia ser, eu fingi ignorância.

— Sim. Quem fala?

— Ryujin, nos falamos na sexta-feira passada. — Comofiquei reticente, ela soltou um riso baixo e continuou: — Na sacada, você saiu correndo.

— Sou ótima nisso.

Soltei o ar dos pulmões e tudo foi para o chão. Cesta, ositens que tinha pegado e o celular. Xinguei e agachei, desesperada que a mulher desligasse por conta daquela atrapalhada.

— Você ainda está aí? — O desespero em meu tom seria cômico, se não fosse real. Um misto de querer saber o motivo da sua ligação, ao mesmo tempo que não me recordava de lhe dar o meu número, encheu meu peito.

— Está tudo bem?

— Sim, eu me desequilibrei e deixei tudo cair no chão. Estou no supermercado.

— Zanetti?

— Na sexta tem promoção no hortifruti. — Fechei os olhos e gemi, aquela informação não era relevante para ser compartilhada.

— Comida saudável, isso é bom.

— Como conseguiu meu número?

— Você o forneceu para meu funcionário, quando recebeu o pagamento. Ainda está procurando um emprego?

— Ah, lembrei. — Levantei-me, segurando bem a cesta e voltando as compras, mais concentrada em equilibrar todos os anexos ao meu corpo. — Não estou disponível para o tipo de emprego que pretende me oferecer. Uma vez foi o suficiente, o desespero passou.

— Nem ouviu minha proposta e irá recusar?

— Sou boa com comida, na faxina e trabalhos burocráticos, de escritório. Meu horário disponível é de tarde, porque de manhã eu tenho aula na faculdade. Então, estou fora do que almeja em uma funcionária.

— Para mim está ótimo, eu queria para a noite.

— Ryujin...

— Deixe-me reformular: gostaria de experimentar a sua comida. Foi exatamente para isso que eu te liguei. Fiquei pensando nos ovos mexidos e risoto de parmesão que comentou.

— Foi o de abóbora com carne seca.

— Não aguça meu paladar, mas também aceito, se for a sua condição.

— Sério isso?

— Com toda a certeza. Eu poderia ter Fernandes te ligando e acertando os detalhes, mas eu o fiz, pessoalmente. Acredite, eu quero você.

Aquelas palavras me aqueceram e me fizeram relembrar o beijo. Seu toque, a mão pecaminosa e as sensações inusitadas que eu experimentei. Foi um diferente bom, mas radical demais para meus anseios pacatos. Por mais que eu não quisesse voltar a ser moça apagada, era preferível passar despercebida quando o assunto era sexo.

VIRGEM E MINHA - FESTA DA LUXÚRIA ••• G!POnde histórias criam vida. Descubra agora