Há tempos que o tempo levou,
Mas tua imagem insiste em ficar,
Um eco distante, que me soa tão próximo,
Como se o silêncio não pudesse calar.Teu nome não sai dos meus lábios,
Embora a razão me peça para esquecer,
Pois o tempo apaga tantas pegadas,
Mas não o que não consigo entender.Dizias que era recíproco,
Que nosso sentir se espelhava no olhar,
Mas as palavras, leves como o vento,
Se perderam antes de pousar.Por que insisto em te lembrar?
Se a vida já seguiu seu curso,
Se a história se desfez nas horas,
E o amor não encontrou seu recurso.Talvez seja a falta de respostas,
Ou o desejo de um fim que não veio,
Mas sigo a pensar naquele que foi,
No vazio que deixou em meu seio.E assim vou seguindo, entre sombras,
Entre o que foi e o que não será,
Pois há memórias que o tempo não leva,
Mesmo quando a razão já não quer lembrar.