Eu me lembro da última vez que te vi,
O corredor vazio da escola,
O ruído distante das vozes ao redor,
Mas, entre nós, o silêncio gritava.
Eu mudei o cabelo, estava diferente,
Passei por você, sem coragem de falar,
Você olhou, sorriu com aquele jeito que só você tinha,
Mas eu virei o rosto,
Como se virar a face pudesse esconder o que sentíamos.
Ao menos, eu sentia.Havia tanto não dito,
Tanto acumulado nas pausas,
Nos olhares furtivos que já não se encontravam mais.
E o afastamento, que vinha silencioso,
Já deixava marcas,
Como se cada palavra não dita
Nos afastasse um pouco mais.Na saída, você estava lá,
Imóvel, como quem espera por algo que sabe que não virá.
"Não vai falar comigo?"
Sua voz me puxou de volta para o que restava.
Eu sorri, mas era um riso vazio,
Despretensioso, quase automático,
Como quem ri por medo de chorar.
E então te abracei.Foi um abraço breve,
Mas dentro de mim ele durou horas,
E quando você sussurrou "Você está linda",
Senti um nó na garganta,
Porque algo em mim sabia:
Aquele seria nosso último abraço,
O último toque antes que a distância tomasse conta.Se eu soubesse que o tempo corria contra nós,
Que o adeus já estava ali, disfarçado no abraço,
Teria te segurado mais forte,
Aproveitado o calor da sua pele,
Os segundos que se esvaiam,
Como areia escapando entre os dedos.Mas foi breve,
Como tudo o que éramos.
E nos afastamos,
Como se tivéssemos todo o tempo do mundo,
Sem perceber que o adeus já nos rondava,
Como uma sombra, sempre à espreita.Agora, resta o vazio,
O eco de um abraço perdido,
De um olhar que desviei,
De um sorriso que guardei,
E das palavras que ficaram por dizer.E eu me pergunto,
Se você ainda se lembra daquele dia,
Se sente o mesmo peso
Daquele último abraço,
Que, sem que soubéssemos,
Selava o fim de algo que nunca quisemos perder.