1. leite da mamãe

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— Mamãe? — Louis e Harry se viraram quando ouviram a voz do garotinho Benjamin, que acabara de entrar na cozinha usando seu pijama de flanela azul escuro com estampa de foguetes. Seus cabelos lisos com as pontas levemente curvadas cor chocolate estavam bagunçados, seu rosto um pouco inchado pelo sono e seus olhos verdes cansados.

— O que aconteceu? Pensei que já estivesse dormindo. — Harry empurrou a cadeira para se afastar da mesa, virando-se para colocar o pequeno ômega sentado em seu colo.

— Sim, já está bem tarde. — Louis falou dando uma olhada no relógio de pulso, voltando a olhar para o filho que agora escondia o rosto no pescoço da mãe, enquanto puxava seu robe de cetim entre os dedos pequenos murmurando que não conseguiu dormir.

Louis já sabia bem onde aquilo ia chegar, por isso permaneceu quieto e se permitiu ser apenas um espectador silencioso no ambiente.

Mais cedo ele havia abordado um assunto com Harry sobre Benjamin com cinco anos ainda estar sendo amamentado. Falou sobre como o filhote estava começando a ficar um pouco mimado com todo o tratamento especial e que não seria nada fácil se o ômega continuasse lhe dando o peito sempre que esse fosse pedido como um tipo de acalento.

Harry ficou na defensiva, claro, mas prometeu que tentaria melhorar nisso. Porém, parecia que aquela conversa não devia ter chegado a lugar algum quando Harry estava prestes deslizar a manga do robe para que pudesse amamentá-lo.

— Opa! Calma aí. — Louis ficou de pé de abrupto chamando a atenção de ambos. — Filho, que tal o papai preparar um leite quentinho pra você tomar em um copo de menino grande, sim? Eu até vou tomar com você, porque tomar um bom leite ajuda a dormir bem. — ele viu Benjamin balançar a cabeça com uma careta no rosto.

— Eu quero o leite da mamãe. — falou abraçando o pescoço de Harry olhando emburrado para o pai pelo canto do olho.

— Eu também, mas não é tudo que queremos que podemos ter. Certo, meu ômega? — Louis cantarolou olhando para Harry que entreabriu os lábios chocado com a indireta. — Qual é, Benji... sua irmã, que você acha importante sempre repetir que é um minuto mais nova que você, nunca gostou do leite da sua mãe. Por que não segue o exemplo?

— Porque ela é bobona.

— Benjamin, isso foi rude. — Harry o repreendeu cutucando sua barriga para chamar sua atenção.

— Sim, muito rude. Você é a pessoa que a Flora mais ama nesse mundo... depois de mim, é claro. — Louis viu Harry balançar a cabeça em negação, mas o ignorou. — Olhe para mim, Benjamin. — Louis mandou um pouco mais sério agora e o garoto se virou lentamente, o aborrecimento ainda estampado em seu rostinho inchado pelo sono. — Vou te colocar na cama de novo e você vai dormir logo, sem visitas para a sua mãe no meio da noite. Está entendendo? — falou com autoridade vendo os olhos verdes do garotinho marejarem e ele esfrega-los com as costas das mãos rapidamente. — Entendeu, Ben?

— Sim, papai. — mesmo que estivesse claramente irritado com o pai e com vontade de fazer birra, Benjamin deixou um beijo carinhoso e estalado na bochecha da mãe antes de descer de seu colo, se aproximando do pai para deixar um beijo rápido em sua bochecha também.

Aquele pequeno detalhe fazia parte do que ômega e alfa tinham ensinado para os filhotes. Ou que pelo menos ainda se esforçavam para ensinar: que o carinho deveria permanecer, mesmo que ainda estivesse irritado ou chateado com algo.

Enquanto Benjamin caminhava em passos lentos e arrastados na direção da escada, olhou algumas vezes para o pai como se esperasse que ele mudasse de ideia – o que claramente não aconteceu. Louis apenas o incentivava a ir em frente com acenos e sorrisos bobos.

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