• Espingardas Brilhantes e Sex in The City •

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“Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
     Pois já vai terminando o verão enfim”. - As
Rosas Não Falam (Cartola)

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Como ele não tinha para onde ir, tive que abrigá-lo em minha casa, e refazer o processo de banho e tosa.

Apesar de estar sujo de fuligem, e cheirando a plástico queimado, ainda sim, ele era capaz de atiçar os cantos mais recônditos de minha imaginação.

Ver seu tronco forte e desnudo indo em direção ao banheiro, foi o suficiente para que perdesse as estribeiras, maldita a hora em que resolvi aceitar o acordo com Marry e enfiar um homem dentro da minha casa, meu Deus, onde eu estava com a cabeça?

Esse era o questionamento que fazia a mim mesma, enquanto me esfregava contra o braço do sofá, cavalgando-lhe como um animal selvagem, enquanto aspirava o aroma viril que vinha de suas camisas, amarradas numa trouxa.

Aquilo não era muito, mas seria o suficiente para me manter sã, pelo menos até acabar minha folga.

Hoje foi o primeiro dia, o primeiro de três semanas, convivendo num pequeno forno com um "Gian Salvatore".

Depois de me aliviar minimamente, tratei de guardar minhas guloseimas e acender uma série de velas, as comuns tinham acabado, então só me restaram minhas preciosas velas aromáticas.

Usei as pobrezinhas com dó, e logo tratei de dar corda em minha vitrola, Edith Piaf era o disco da vez, eu não me cansava de ouvir suas músicas, não importava o quão antigas fossem.

Aguardei-o sair do banho, desta vez devidamente vestido, cheirando a sândalo e meu sabonete caseiro de amêndoas.

Não tinha muito o que fazer, a dispensa estava vazia, e os quatrocentos dólares que Marry me deu para abrigar o estranho, mal serviriam para pagar as contas, quiçá, comer alguma coisa.

A única coisa que me restava fazer, era montar uma grande travessa com meus molhos, pães, linguiças e queijo, não era muito, mas era o que eu tinha para oferecer.

Assisti seu caminhar lento e gracioso, era como um lince nas montanhas, feroz, como uma pantera.

Eu tentava parecer normal, mas o cabelo das minhas costas jazia empapado de suor.

E vê-lo soltar suspiros de satisfação fazia-me pensar em coisas cada vez mais profanas, tratei de fechar a boca, com medo de deixá-la aberta e acabar soltando algum gemido.

- Signorina, non so come ringraziarla per oggi, grazie per la sua gentilezza, grazie per il cibo, per avermi prestato il suo bagno e per avermi permesso di stare a casa sua. Non ti sarò di peso, ti aiuterò con le bollette e mi troverò un buon lavoro, non ti accorgerai nemmeno che sono qui.

MyrtleOnde histórias criam vida. Descubra agora