• Marcos de Ouro e Meninos Perdidos •

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“{...} Que raios sou eu? {...}
Nem eu mesma sei, não me vejo plebeia, matrona ou um rei.
Não sei o que fiz, não sei o que faço
Sozinha no cosmos, dos meus erros constato:
Eu não sei de mais nada".
- Eu (Simmon)

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Continuei a me mover, de forma lânguida, contidamente, bem em cima daquele mísero ponto, e continuaria ali vendo-o estremecer, e observando suas faces se tornando rosadas, e depois passando se ao tom de pimenta, estava tudo perfeito, se não fossem as batidas na porta e os gritos irritantes e histéricos de Shivani

- DAISY! DAISY! O  MALUCO DO HUMBERT VOLTOU, FOGE, SOME SE ESCONDE, ELE VAI TE MATAR, VAI EMB-

Cortando o som de sua voz, foi perpassado um tiro de espirgarda na minha porta.

- SAIA DA FRENTE PIVETA, EU VIM AQUI PRA MATAR AQUELE BAMBINO MISERÁVEL E AQUELA VADIA, E NÃO VAI SER UMA PIRRALHA DE QUINTA QUE VAI ME IMPEDIR!

Um pequeno aperto em minha cintura me fez voltar a órbita e assimilar direito o que estava acontecendo.

- Cosa sta succedendo, signorina?

- Penso che il vecchio del terzo piano sia tornato per ucciderci...

- Ma cosa vuol dire, signorina? La signora Marry non lo ha mandato via?

- L'ha mandato, ma non gli è piaciuto, pensa che la colpa di tutto sia nostra ed è là fuori a darci la caccia con un enorme fucile, completamente ubriaco.

Explicava-o de forma rápida o que o velho faria conosco, se nos pegasse ali, enquanto saia de cima de seu membro marcado e voava em direção ao meu quarto, procurando algo minimamente decente para vestir.

Um vestido rodado, de costas nuas, foi tudo o que consegui achar no meio daquele breu.

A espingarda emitiu outro tiro, e o grito esganiçado de Shivani me levou a crer que ela estava assustada demais, ou que fora atingida, as duas opções me fizeram estremecer de pavor igualmente.

Humbert sabia impor medo quando queria, inquilinos mais antigos, como a senhora Shang, diziam que ele fez coisas de que não se orgulha, e que por isso vive bêbado, tentando afogar as mágoas e se esquecer do que fez.

Eu nunca duvidei das palavras da senhora Shang, mas não me parecia uma boa ideia entrar para a lista dos motivos de bebedeira de H.H Humbert.

Corri aos trancos pela sala, tentando abrir as janelas para acessar as escadas da saída de incêndio.

Estaríamos mais seguros se estivéssemos lá fora, entre morrer de frio ou ficar com uma bala cravada no meio das têmporas, o frio me pareceu melhor.

Pedi ajuda do homenzarrão, que parecia compelido a me ajudar enquanto murmurava dezenas de preces e palavrões.

- Mia santa madre, benedicici e salvarci la vita, brucia l'anima di quell'affascinante e miserabile vecchio nelle profondità dell'inferno, possa cadere da quella maledetta rampa di scale e avere la schiena completamente incasinata, in nome di Dio e tutti i santi... Padre nostro che sei nei cieli, sia santificato il tuo nome...

- Quel vecchio bastardo ha proprio bisogno di andare a farsi fottere, da quando sono arrivato non ho un attimo di pace, voglio proprio che muoia, che lo scopi con un tronco infilato fino al gambo in mezzo al culo, io voglio quello. ..

Enquanto fazia força para desemperrar a janela, ele se empenhava em amaldiçoar até a última geração do velhote, isso é, se algum dia ele chegou a ter filhos.

A torrente de palavrões que saiam de seus lábios eram como música para os meus ouvidos, mas, sobreviver me parecia bem mais interessante.

Quando finalmente conseguimos abrir a bendita janela, um tiro perpassou a madeira da porta, e cravou na parede, a um palmo de distância da minha cabeça.

Vi a vida se tornando um filme diante dos meus olhos, não desejo isso a ninguém, é horrível.

O vento frio que vinha de fora foi capaz de apagar todas as velas, nos deixando apenas com a fraca luz que vinha lá da rua, e é claro, com as tentativas frustradas de Shivani de expulsar o homem, e de quebra, acordar a senhora Shang, que já deveria de estar no décimo-quinto sono.

Aquelas escadas não sabiam o que era um reparo preventivo há uns bons anos, se aguentassem nosso peso sem ranger, estaríamos bem, tínhamos a vantagem de estar no escuro, e como eu tinha quase certeza de que o velho não enxergava bem, estaríamos salvos.

Dante desceu primeiro, certificando-se de que era seguro pisar ali, e logo tratou de me estender os braços, a fim de que eu descesse também, minha intuição me dizia que algo estava para acontecer, e eu não queria saber o que.

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E é isso!

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  💫

MyrtleOnde histórias criam vida. Descubra agora