As horas se passavam com uma certa pressa como se o dia a noite corressem em uma tentativa de fazer tudo ser mais acelerado, mais rápido. Myung arrumava suas coisas, sentia o peito bater descompassadamente, a pele arder, estava com medo, mas negaria a todos que perguntassem, afinal de contas ele não queria esquecer, ele queria amar até ser consumido de uma vez por todas por aquele amor que tanto o machucava e o matava lentamente, era isso que Jaehyun queria, mas não poderia.
Abria a porta do quarto vendo o seu amigo ali parado apenas o esperando, eles iriam para o hospital em alguns minutos, tudo estava pronto, os médicos estavam o esperando, a cirurgias não demoraria muito, mas assim que fosse feita não tinha como voltar atrás, era algo irreversível, uma vez feita, acabou, nunca mais. Sem flores, sem amores.
E esse era o medo do pobre Myung.
— Tudo pronto, podemos ir? — Riwoo perguntava para o amigo já com as chaves do carro nas mãos.
Jaehyun não conseguia responder, apenas acenava com a cabeça. Não sentia vontade de falar, só queria que tudo aquilo acabasse logo, já não aguentava mais, doía na pele, literalmente.
Entrava no carro e sentia o vento bater contra a face, bagunçava os fios castanhos, os olhos vermelhos pelo vento forte que soprava ou talvez fosse pelo choro entalado na garganta, aquele que ele estava segurando com toda força.
Myung olhava pela janela os prédios gigantes, as arvores quase sem folhas, tudo aquilo lembrava ele, a vida continua e, esse era o medo.
A vida continua.
O carro parava em frente aquele enorme hospital, entrava a passos lentos, encontrava o medico ali na porta esperando o pobre garoto, Myung seguia o médico até a sala, trocava as roupas e se preparava, deitava na maca e esperava as enfermeiras, sentia a anestesia invadindo o corpo e ficando pesado, seus olhos já não aguentavam ficarem abertos.
Não era uma cirurgia demorada ou muito menos demorada, aqueles médicos estavam acostumados, Myung não era a primeira pessoa e muito menos a última, mas algo nele era diferente de todos os outros pacientes.
De uma a uma aquelas pétalas foram tiradas, cada galho, espinho e ramos, mas algo ali estava errado, havia um único ramo, cheio de pétalas brancas como as nuvens, estava envolta do coração, tão apertado que pareciam fazer parte do mesmo, isso fazia impossível a remoção, se tentassem tirar era possível ferir o órgão e isso não poderia em hipótese alguma.
Os médicos estavam confusos, não sabia o que fazer, apenas fechariam ele e deixaria aquele ramo ali? Ou tentavam tirar com a chance do garoto morrer na mesa de cirurgia? Aquele cirurgia que as chances de morte eram quase nulas.
Então pelo bem estar e segurança do paciente, elas ficaram ali, envolto do coração, tão apertado quanto se fosse parte do próprio coração, como se ele sempre estivesse ali, nascido junto do próprio Myung.
Um só coração, várias pétalas.
Aquela luz branca machucava os olhos recém abertos, o quarto em completo silêncio, a boca seca e o corpo doendo, Myung sabia que estava no hospital, lembrava-se da cirurgia, mas não do motivo, talvez fosse apendicite ou algo parecido, sentia uma leve dor de cabeça. Via a porta do quarto ser aberta, Riwoo com os olhos cheios d'água, chorava de felicidade, mas Myung não entendia o choro do amigo, tudo parecia meio confuso em sua cabeça, sentia-se sozinho, vazio, como se faltasse algo dentro de si, algo importante, algo que era seu, só seu.
Sem amor e sem Flores.
— Como você se sente? — Riwoo perguntava com um sorriso no rosto, de orelha a orelha.
— Estou com sede, e com uma leve dor de cabeça. — Jaehyun falava sem a menor vontade, talvez fosse por conta da anestesia ainda, ou apenas fosse efeito colateral da cirurgia.
Riwoo pegava um copo de água para o amigo que bebia de sem derramar se quer uma gota.
— Quando eu vou poder ir embora?
— O médico disse que amanhã você recebe alta.
Jaehyun apenas acenava com a cabeça, queria dormir, ainda sentia dor, deitava-se na cama novamente, fechava os olhos lentamente, mas nada.
Não se lembrava mais do nome.
Do rosto.
Muito menos da voz.
Não se lembrava dos toques quentes na pele.
E se em algum momento ver alguma pétala de plumeria, essa sera apenas uma simples pétala de plumeria.
Sem flor e sem amor...
Afinal de contas.....
"Nenhuma infecção é mais forte do que a ausência de amor"
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Jardim de Plumeria (MULMYUNGZ)
FanfictionMyung Jaehyun acabou de entrar na faculdade de medicina, ele é um adolescente normal, com uma vida normal, notas altas e uma família unida com amigos legais, Myung tinha tudo para ter uma vida perfeita se não fosse pelo simples fato dele sofrer de u...