O sol da manhã filtrava-se pelas cortinas do quarto, trazendo um novo dia, mas a luz suave não conseguia dissipar a escuridão que ainda pairava sobre eles. O ambiente estava carregado de uma tristeza silenciosa, uma sombra do que todos tinham passado na noite anterior.
Bernardo abriu os olhos lentamente, sentindo o calor reconfortante do corpo de Jake ao seu lado. Os eventos das últimas 24 horas vieram à tona, e ele sentiu um aperto no peito. De alguma forma, estar ali, na casa de Jake e Jacob, oferecia um pouco de conforto em meio ao caos, mas a dor ainda era intensa.
Ele virou-se para olhar Jake, que ainda dormia profundamente ao seu lado, o rosto sereno contrastando com a agitação interna que Bernardo sabia que ele sentia. As coisas mudaram tão rápido, e agora ali estavam, dividindo não só a cama, mas um fardo emocional que parecia esmagador.
No chão, em um colchão improvisado, Sofia estava encolhida sob as cobertas. O rosto dela estava sereno, mas mesmo dormindo, Bernardo podia ver os traços da tristeza que ela tentava carregar sozinha. Ele queria protegê-la de tudo, mas sabia que isso estava além do seu controle.
Bernardo deslizou cuidadosamente para fora da cama, tentando não acordar Jake, e foi até onde Sofia dormia. Ajoelhou-se ao lado dela, ajustando a coberta sobre os ombros dela, e sentiu o coração apertar ao vê-la tão frágil. Ele passou a mão suavemente pelo cabelo da irmã, tentando de alguma forma transmitir um pouco de paz para ela.
Jake começou a se mexer na cama, despertando com os movimentos suaves de Bernardo. Ele abriu os olhos devagar, encontrando Bernardo ao lado de Sofia. O olhar de Jake era suave, cheio de compreensão e tristeza compartilhada. Sem dizer uma palavra, ele estendeu a mão para Bernardo, convidando-o a voltar para a cama.
Bernardo hesitou por um momento, mas depois levantou-se e voltou para a cama. Ele sentiu o braço de Jake envolver seus ombros e aceitou o conforto silencioso. Não havia necessidade de palavras; a presença um do outro era o que realmente importava agora.
Enquanto isso, no quarto ao lado, Vítor estava acordado há algum tempo. Ele estava deitado na cama de Jacob, com o olhar perdido no teto. A noite tinha sido longa, mas ao mesmo tempo, parecia que nenhum deles tinha realmente dormido. Jacob estava deitado de lado, observando Vítor em silêncio. Ele podia sentir a tensão no corpo do namorado, a maneira como ele tentava processar tudo o que aconteceu.
"Você não está sozinho nisso, Vítor," Jacob sussurrou, finalmente rompendo o silêncio. Ele estendeu a mão para segurar a de Vítor, entrelaçando os dedos.
Vítor virou a cabeça para olhar Jacob, e por um momento, o peso da dor que ele estava carregando pareceu diminuir um pouco. Ele apertou a mão de Jacob, grato por ele estar ali, por não ter que enfrentar aquilo sozinho. Embora as palavras de Jacob fossem simples, elas carregavam um profundo entendimento e solidariedade que Vítor valorizava mais do que qualquer outra coisa naquele momento.
De volta ao outro quarto, Sofia começou a se mexer no colchão, acordando devagar. Ela abriu os olhos, vendo os dois irmãos mais velhos juntos na cama, e sentiu uma pequena onda de segurança. Apesar de tudo, sabia que, pelo menos por enquanto, estava segura. Ela se sentou lentamente, os cabelos desalinhados caindo sobre o rosto, e olhou para eles com um pequeno sorriso cansado.
"Bom dia," Sofia murmurou, a voz ainda grogue de sono.
"Bom dia, pequena," Bernardo respondeu suavemente, estendendo a mão para ela.
Sofia se levantou e caminhou até a cama, onde se aninhou entre Bernardo e Jake. O abraço conjunto trouxe uma sensação de conforto que eles precisavam desesperadamente. Por alguns momentos, eles ficaram ali, juntos, encontrando força na companhia um do outro.
Embora o dia estivesse apenas começando, e ainda houvesse um longo caminho a percorrer, havia um certo alívio em saber que, independentemente do que o futuro reservasse, eles tinham uns aos outros para enfrentar qualquer desafio.