Capítulo 6 - As we dance

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— O que você está fazendo? — perguntou Andy, sua voz ainda trêmula.

Ela estava sentada no sofá da sala de Miranda, as pernas cruzadas, vestindo apenas a camisa social amarrotada e mal abotoada, com a calcinha visivelmente marcada pelos acontecimentos recentes. Seus olhos seguiam a editora, que parecia distraída enquanto revirava uma gaveta.

— Procurando meu kit de primeiros socorros. Não posso deixar você ir para casa assim. — Miranda respondeu, sem desviar o olhar de sua busca. — Embora eu não possa fazer muito sobre a marca da minha mão no seu rosto... Talvez uma maquiagem?

Andy sentiu uma mistura de emoções ao ouvir as palavras da chefe. Ela tocou a bochecha dolorida, onde a marca da mão de Miranda ainda estava quente e sensível. O contraste entre a dor e o cuidado que a editora demonstrava ao procurar uma forma de amenizar aquilo a deixava ainda mais confusa e vulnerável.

— Você... Você realmente se importa com isso? — A morena perguntou, a voz saindo mais suave do que pretendia.

Miranda parou por um momento, finalmente encontrando o que procurava. Ela se virou para encarar a jovem, um pequeno estojo branco em mãos. Seus olhos encontraram os de Andy, e por um breve segundo, algo quase parecido com ternura passou pelo olhar da editora.

— Claro que me importo. — Disse, aproximando-se do sofá. — Eu cuido das minhas coisas, Andrea. E isso inclui você.

A jovem não pôde conter uma risadinha contida ao saber que estava incluída na prateleira de "coisas que pertencem a Miranda Priestly". Talvez não fosse uma categoria ruim no fim das contas. 

Miranda sentou-se ao seu lado, com uma expressão de concentração incomum em seu rosto, enquanto aplicava uma pomada nas marcas vermelhas espalhadas pelo corpo de Andy, incluindo as bochechas. Seus movimentos eram suaves, quase contradizendo a intensidade com que aquelas marcas foram deixadas.

— Isso deve aliviar a dor. — murmurou distraída, procurando algum spray que pudesse servir como relaxante muscular.

— Eu não ligo para dor, você sabe. — respondeu Andy.

Miranda ergueu o olhar, os olhos azuis fixos nela, tombando a cabeça ligeiramente para o lado, como se estivesse considerando algo. — Mesmo que fora de um contexto?

— Desde que seja você quem provoque. — As palavras saíram antes que ela pudesse se controlar, e Andy imediatamente corou, desviando o olhar para longe, envergonhada pela confissão.

— Hm. — foi tudo o que a editora respondeu, seu rosto inexpressivo, mas os olhos cintilando com uma emoção que a morena não conseguiu decifrar.

[...]

Quando chegou em casa naquele dia, o relógio em seu pulso já marcava 22h, e ela se preparou mentalmente para uma possível briga com seu namorado. Sabia que ele estaria esperando, talvez preocupado, talvez irritado.

Andrea parou por um momento diante da porta de seu apartamento, sentindo o peso das horas que passou sob o comando de Miranda ainda pressionando seu corpo. A adrenalina ainda corria em suas veias, misturada com a exaustão e a ansiedade. Sabia que assim que girasse a chave, teria que enfrentar Nate e a tempestade de perguntas que ele certamente faria.

Ela entrou, tentando parecer o mais natural possível, mas ao cruzar a soleira da porta, percebeu que o rapaz já estava à espera, sentado no sofá com uma expressão preocupada. A TV estava ligada, mas claramente esquecida.

— Onde você estava? — A voz dele estava carregada de preocupação e uma pitada de desconfiança. — Eu te liguei várias vezes.

A morena respirou fundo, tentando compor uma expressão que não revelasse tudo o que sentia. — Desculpe, fiquei presa no trabalho. Miranda precisou de mim mais do que o normal hoje.

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