Seraphina caminhava por uma floresta que havia sido transformada em um cemitério de árvores mortas. O silêncio era opressor, interrompido apenas pelo som de seus passos sobre as folhas secas e galhos quebradiços. Cada árvore que via lembrava-lhe de uma alma perdida, uma vida que fora arrancada pelo mal que Malachar havia liberado sobre o mundo. O ar estava pesado com a lembrança da devastação, e cada respiração parecia ser um esforço doloroso para continuar.
Ela encontrou um pequeno grupo de aldeões, sobreviventes que haviam se refugiado nas profundezas da floresta, longe da destruição direta, mas não menos afetados pelas sombras. Seus rostos estavam marcados pela fome e pelo medo, seus olhos refletindo a angústia de um tempo que parecia interminável. Seraphina aproximou-se deles com cautela, sabendo que qualquer promessa de esperança precisava ser sustentada por ações concretas.
Com um movimento suave das mãos, ela começou a restaurar um pouco de vida à área ao redor deles. Pequenas flores começaram a brotar do chão, trazendo uma cor frágil ao cenário cinza. Os aldeões observaram em silêncio, seus olhos arregalados com uma esperança cautelosa. Seraphina sabia que esse pequeno ato de magia era apenas um começo, mas também entendia a importância de cada gesto na luta contra o desespero.
Enquanto ela continuava a jornada, os dias se transformavam em semanas, e os desafios se multiplicavam. Em uma vila próxima ao mar, ela encontrou pescadores que haviam perdido suas redes e barcos para as tempestades conjuradas por Malachar. As águas, antes ricas em peixes, estavam agora mortas e silenciosas, um reflexo sombrio do estado do mundo. Seraphina se ajoelhou na beira do mar, sentindo a água fria em suas mãos, e começou a cantar uma melodia antiga, uma canção de cura e renovação. As águas responderam lentamente, mas o progresso era dolorosamente lento, cada onda trazendo apenas uma pequena promessa de recuperação.
Seraphina sentia o peso do mundo em seus ombros, mas continuava, alimentada por uma determinação desesperada. Em uma cidade destruída, ela encontrou um homem jovem, cuja esposa havia sido levada pela escuridão. Ele se recusava a aceitar sua perda, vagando pelas ruínas, chamando por ela. Seraphina tentou confortá-lo, mas suas palavras pareciam vazias e sem sentido diante de um sofrimento tão profundo. Ela sabia que a dor dessas pessoas era um reflexo de sua própria dor, que a escuridão havia deixado marcas em todos eles, marcas que talvez nunca se apagassem.
À medida que o inverno se aproximava, a luta pela sobrevivência tornou-se ainda mais cruel. As noites eram longas e gélidas, e a fome era uma constante companhia. Seraphina usava suas últimas forças para manter aquecidos os sobreviventes que encontrava, mas sabia que suas reservas de magia estavam se esgotando. Em um vilarejo de montanha, ela encontrou uma criança sozinha, seus pais haviam sucumbido ao frio e à fome. Seraphina envolveu a criança em seus braços, tentando compartilhar um pouco de seu calor, mas sentia a desesperança crescer dentro dela.
Os sonhos de Seraphina eram assombrados por visões de Malachar, sua risada ecoando em sua mente, lembrando-a de que a escuridão nunca estava longe. Ela sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando, que cada passo em direção à cura do mundo era uma luta contra as sombras persistentes. Em seus momentos mais sombrios, ela questionava sua própria capacidade de continuar, temia que, no fim, não tivesse força suficiente para salvar o mundo.
Os sobreviventes, inspirados por sua determinação, começaram a se organizar, tentando reconstruir suas vidas. Mas a tarefa era monumental, e a sombra de Malachar pairava sobre eles como uma lembrança constante de sua vulnerabilidade. As cicatrizes eram profundas, e a dor, palpável. Seraphina sabia que o mundo nunca mais seria o mesmo, que a luz que havia retornado era apenas uma pálida imitação do que fora antes.
Uma noite, enquanto descansava em uma clareira iluminada pela lua, Seraphina sentiu uma presença familiar. Ela ergueu os olhos e viu a figura espectral de Eamon, seu semblante tranquilo mas marcado pela dor. "Você não está sozinha," ele sussurrou, sua voz um eco distante no vento. "Nós todos estamos com você, mesmo na morte."
Seraphina estendeu a mão, mas a figura de Eamon desapareceu como fumaça. Ela sentiu uma lágrima solitária escorrer por seu rosto, uma mistura de saudade e resignação. Sabia que precisava continuar, que não podia permitir que a escuridão vencesse. Mas a cada dia, a melancolia em seu coração se tornava mais pesada, e ela temia que, no fim, não tivesse força suficiente para salvar o mundo.
Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses. Seraphina lutava incansavelmente, restaurando pequenas partes do mundo, mas sentia que estava lutando contra uma maré implacável. A cada passo, a memória de Malachar assombrava seus sonhos, sussurrando promessas de destruição e desespero. Ela sabia que a escuridão ainda estava presente, que a luta estava longe de terminar.
A medida que o tempo passava, Seraphina começou a perceber que seus próprios poderes estavam diminuindo. Cada feitiço de cura, cada ato de restauração, drenava um pouco mais de sua essência vital. Ela sabia que estava se aproximando de um limite, um ponto em que não poderia mais continuar. Em uma noite especialmente fria, enquanto observava as estrelas no céu, ela se perguntou se estava realmente fazendo a diferença, se seus esforços eram suficientes para contrabalançar a vasta escuridão que Malachar havia espalhado.
Ela encontrou um grupo de anciãos em uma aldeia remota, suas histórias repletas de sabedoria e dor. Eles haviam visto o mundo antes da escuridão, e suas memórias eram um lembrete doloroso do que havia sido perdido. Seraphina sentiu uma conexão profunda com eles, uma compreensão mútua da luta interminável contra a desolação. Eles compartilharam suas histórias com ela, e Seraphina sentiu suas forças renovadas, mesmo que apenas temporariamente.
Enquanto a primavera lentamente começava a se insinuar no horizonte, Seraphina sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando. A sombra de Malachar ainda pairava sobre o mundo, e ela podia sentir sua presença crescente, como um veneno que se espalhava lentamente. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de confrontá-lo novamente, de acabar com sua influência de uma vez por todas. Mas a cada dia, a melancolia em seu coração se tornava mais pesada, e ela temia que, no fim, não tivesse força suficiente para salvar o mundo.
Os sobreviventes, inspirados por sua determinação, começaram a se organizar, tentando reconstruir suas vidas. Mas a tarefa era monumental, e a sombra de Malachar pairava sobre eles como uma lembrança constante de sua vulnerabilidade. As cicatrizes eram profundas, e a dor, palpável. Seraphina sabia que o mundo nunca mais seria o mesmo, que a luz que havia retornado era apenas uma pálida imitação do que fora antes.
E assim, com passos lentos e pesados, Seraphina seguiu em frente, carregando o peso de um mundo quebrado em seus ombros, mas também a esperança de que, um dia, a luz triunfaria sobre a escuridão, e o mundo poderia finalmente conhecer a paz. Mas no fundo de seu coração, ela sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando, e que a jornada que tinha pela frente seria a mais difícil de todas.
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O canto da última maré
ContoEm um mundo devastado pela escuridão, onde a esperança é uma chama frágil prestes a se apagar, surge uma heroína determinada a restaurar a luz. "O Canto da Última Maré" narra a jornada épica de Seraphina, uma jovem maga dotada de um poder extraordin...