Quando Celeste chegou em casa, na madrugada secreta, quando nem a lua ou o sol dançavam no céu, ela vomitou.
Algo tinha acontecido, algo mais tentador e destrutivo do que qualquer coisa que atravessasse sua vida.
Algo que seu corpo rejeitava.
•••
A casa de Samara estava ficando mais sombria, ela começava a fechar as cortinas em todos os cômodos e evitar a luz solar com uma frequência incomum.
Lúcio somente aceitava, era um parasita naquele ambiente, aceitava as condições enquanto retirava os mínimos benefícios.
Tornou- se um vampiro e com facilidade foi introduzido ao mundo daquelas criaturas. Sentia-se como um figurante em uma obra fantástica, como as que sua mãe lia para ele em uma infância esquecida.
- Talvez teremos que nos mudar. - Samara comentou casualmente.
- Deixe-me adivinhar, mais um ordem do Duque?
Samara negou cautelosa, a menção àquele morto a fazia ficar hesitante.
- Completei meus compromissos com o Duque, duvido que ele seria contra o meu distanciamento.
Lúcio ficou intrigado, ele pouco sabia sobre o Duque, mas sabia que era um vampiro antigo e influente, cujas ordens recaiam sobre vários vampiros que tornavam-se assassinos, políticos, militares, advogados, professores e artistas que serviam aos seus interesses, de alguma forma, o Duque permitia a ascensão social de diversos seres em troca de lealdade.
Lúcio ainda não sabia o que Samara tinha se tornado para ser útil a um vampiro tão influente, mas era certamente obscuro, já que Samara tremia ao dizer o nome, mas nunca falhará em nada que foi designado a ela.
Era o que diziam os poucos vampiros que ele teve contato.
- Para onde?
- Para um lugar onde o sol não tente me matar.
Com surpresa Lúcio ficou temeroso, haviam dito a ele que um vampiro era imortal, que as lendas eram mentirosas, que sua vida só podia ser tomada de uma única forma.
E a luz do sol não era uma delas.
- Como?
Samara riu ao perceber a surpresa do sobrinho, era agradável ver a confiança ser desmantelada, ver a fantasia tornando-se o que realmente era, uma história de terror.
- As lendas existem por um motivo.
- Rose e Emily me disseram que o sol não poderia me matar, e vejo vampiros andando na luz do sol quase todos os dias. - Lúcio afirmou severamente.
E era verdade, facilmente Lúcio reconhecia outros como ele.
- Não os velhos.
- Não?
Samara lembrou-se de quando ela era a morta recém transformada afundada em ilusões sobre a vida imortal, incapaz de respirar a verdade devido as mentiras ditas por lábios recheados de sangue.
- Não somos imortais Lúcio, não somos poderosos ou invencíveis. - Samara contou, como quem conta um conto de fadas. - Esperamos a verdadeira morte como qualquer humano, a diferença é que sabemos o que encontraremos no final.
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Adeus
Roman d'amourA obsessão insaciável por sangue deixa marcas indeléveis em qualquer narrativa, especialmente em uma marcada pela ausência de amor. Lúcio transformou-se nos monstros que temia na infância, os sugadores de sangue que habitam as sombras tornaram-se su...