prólogo

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Um arrepio se alastrou pelo seu corpo, o tipo que deixava o coração gelado e os membros superiores encolhidos.

Ela começou a andar mais rápido, sentindo o vento encontrar a sua face e balançar o seu cabelo com força, havia acabado de passar em frente a uma catedral, o som proveniente do coral encantou com pavor seus ouvidos.

Teve vontade de apreciar só por alguns minutos.

Mas não parou, só seguiu pela rua esmagada pela escuridão, a lua estava escondida por nuvens e nenhuma estrela pretendia dar a honra de sua presença, Celeste passou a mão pelo rosto, notando as lágrimas secas.

Entrou em um beco, como lhe fora informado por Morgana, e seus olhos encontraram um homem encostado na parede, em uma pose típico de alguém que faz o que não deveria.

Celeste caminhou até ele, naquele momento ela devia ter se arrependido, mas existia um acordo implícito que ao se entrar naquele beco, deveria ir até o fim.

E antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

Alguém entrou no beco junto a ela.

•••

Foi rápido, tão rápido que ela não teve tempo o suficiente de dar dois passos para se afastar da cena grotesca que foi desfilada perante os seus olhos tão obscuros quanto o sangue que escorria do homem.

Sangue deveria ser vermelho, mas a luz estava tão distante de tudo ao seu redor, que ele havia se camuflado na escuridão.

Um homem estava morto, caído no chão, enquanto outro estava de pé encarando a cena sem remorso.

Celeste não sabia, mas ambos os homens estavam mortos.

O homem se virou disposto a ir embora, e então a viu, ele a olhou como um cego que enxergará pela primeira vez.

- Vá. - a voz rouca ordenou, um sussurro inesperado.

Celeste o temeu, profundamente.

O homem sentiu seu temor, ele levantou a mão calmante e antes que tivesse a chance de dizer mais alguma palavra, Celeste começou a correr.

Um homem tirará a vida de outro.

Um homem pegará a cabeça de seu semelhante e jogará contra a parede.

Um homem olhou para o seu próprio pecado como quem encara o espelho.

Celeste tinha medo de olhar para trás e encontrar o mesmo homem.

Entrou na catedral, era o único local aberto e com público, um ponto de iluminação naquela rua dominada pela noite sem estrelas.

- Era um homem? - Celeste sussurrou para si.

Olhou para rua uma última vez e não encontrou ninguém, mas sentia a sombra do assassino sobre si.

E caminhou em direção a luz após o vislumbre das trevas.

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