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- CAPÍTULO 03 -

Viserra andava de um lado para o outro em seu aposento, os pés descalços fazendo um som suave sobre o chão de pedra. O quarto, normalmente seu refúgio, parecia agora uma prisão enquanto sua mente girava em torno dos pensamentos que a atormentavam. Ela tentava pesar os prós e contras de conversar com seus pais sobre os sonhos que vinha tendo com Alyssa. Mas, por mais que tentasse, não conseguia encontrar nada que pudesse incluir na lista dos prós.

Sua mente estava tomada pelo medo. Os contras eram muitos, e cada um deles parecia mais ameaçador do que o outro. Seus pais, com certeza, achariam que ela estava zombando da irmã, ou talvez até deles. Talvez vissem seus sonhos como uma tentativa de desdenhar os presságios registrados nos livros de seus antepassados. Sua mãe poderia interpretar como ambição ou inveja, acreditar que ela desejava a morte de Alyssa para ganhar algum tipo de vantagem, ou quem sabe, inventariam outras acusações para justificar suas suspeitas.

O coração de Viserra batia acelerado. Ela sabia que o que seus pais poderiam fazer com ela não seria apenas uma repreensão leve. Embora estivesse acostumada a ser trancafiada em seu quarto como forma de castigo, sabia que haviam punições piores, que poderiam ser impostas se eles realmente acreditassem que suas intenções eram malignas.

Subitamente, as palavras de seu pai sobre casamento e as sugestões de sua mãe sobre pretendentes ecoaram em sua mente.

- E se eles quiserem me casar com alguém o mais rápido possível? - pensou em voz alta, olhando pela janela de seu quarto, onde podia ver os dragões Vhagar e Caraxes brincando no céu. O medo de perder o afeto de seus irmãos também a atormentava. - Será que eles me odiariam?

Baelon pensaria que ela era invejosa? E Aemon, seu irmão mais velho, que tantas vezes a defendera dos castigos do pai, mesmo não convivendo com ela com frequência, estaria do seu lado dessa vez?

Viserra não tinha respostas para essas perguntas. Não havia como prever o que cada um pensaria, ou como reagiriam. Mas, apesar de todas as incertezas, uma coisa era clara: ela não podia se permitir ser egoísta. Não podia deixar que seu medo a impedisse de fazer o que sentia ser certo. E se ela se calasse e Alyssa perdesse a vida? E se esses sonhos realmente fossem um aviso? A ideia era insuportável, e a culpa a consumiria para sempre.

Ela pensou nas crianças. Ela nunca pensava muito nas crianças. O achavam chatos e chorões, mas naquele momento Viserra os viu como bebês e não como crianças birrentas. Bebês que poderiam ficar sem a mãe. Nenhum bebê deveria ficar sem sua mãe.

Seu coração se apertou em pensar em Aemma, tão pequena e nunca conhecera o carinho de Daella.

Alyssane não era uma mãe muito amorosa, pelo menos não com Viserra, mas sabia que Alyssa era. Alyssa era uma mãe perfeita, carinhosa, participativa... As crianças sofreriam, e se Viserra não fizesse nada, a culpa seria dela.

Determinação crescia em seu coração. Ela sabia que precisava tentar salvar a irmã, mesmo que isso significasse enfrentar a ira de seus pais. Respirando fundo, Viserra se dirigiu ao guarda-roupa. Escolheu um vestido que seu pai talvez gostasse de vê-la usando, algo menos provocativo, que poderia, quem sabe, amenizar a gravidade de suas palavras - pensou o quanto era tola em achar que uma veste mudaria a opinião do rei para com ela - Depois de se vestir, saiu do quarto com passos firmes, o coração ainda acelerado, mas com a mente focada em sua missão de talvez ajudar sua irmã, caso ela realmente corresse perigo.

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A hora era um pouco depois do desjejum. Viserra caminhava pelos corredores do castelo, com o coração acelerado e os pensamentos voltados para a conversa que precisava ter com seus pais. Enquanto andava, ela rezava aos Sete, pedindo que eles estivessem em seus aposentos. O tempo todo, sua mente oscilava entre a esperança e o receio, imaginando o que aconteceria quando finalmente os encontrasse.

In another life | Baelon e Viserra Targaryen | Fire and BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora