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• CAPÍTULO 11 •

Baelon ficou horas agarrado ao corpo de Alyssa e do bebê, o som de seu choro era devastador. Lágrimas incessantes caíam enquanto ele soluçava sem controle, o rosto contorcido pela dor. O som era desesperador, preenchendo o ambiente com uma tristeza que cortava a alma de quem ouvia. Ele apertava os corpos sem vida de sua esposa e filho, como se, em meio ao seu sofrimento, ainda pudesse, de alguma forma, trazê-los de volta.

Era um choro profundo, de quem havia perdido tudo. Não havia mais controle, mais força. Baelon estava quebrado. O peso da perda era insuportável, e a intensidade de sua dor se refletia em cada soluço, cada gemido angustiado. Aquele era o sofrimento cru, exposto, sem barreiras.

Viserra, ao ver a cena, sentiu algo dentro de si despedaçar-se. Não aguentou. O desespero do irmão se misturava à sua própria dor, e, sem dizer uma palavra, correu para o seu quarto, as lágrimas já escorrendo pelo rosto. Não encarou o pai, nem Aemon. Ela havia aprendido, desde criança, a suportar suas dores sozinha, a sufocar os sentimentos que a faziam parecer vulnerável. Não queria ninguém ao seu lado naquele momento. Não queria ser consolada.

Mas enquanto se trancava no quarto, o pensamento de Viserra estava nos sobrinhos. Como poderiam crescer sem a mãe? Crianças tão pequenas, agora fadadas a viver sem o amor materno, a mesma ausência que sua sobrinha, Aemma, sentia desde o primeiro suspiro.

Viserra nunca pensou que sofreria tanto pela perda de Alyssa. Mas doía como o inferno, uma dor que parecia atravessar sua carne e penetrar até os ossos. Alyssa sempre fora a mais forte, a mais viva, e Viserra, no fundo, nunca acreditou que ela pudesse simplesmente desaparecer assim. A ausência da irmã seria uma ferida aberta, latejante.

Deitada na cama, as lágrimas corriam livremente pelo seu rosto. As últimas palavras de Alyssa ecoavam em sua mente, repetindo-se incessantemente como um refrão de pesadelo:

"Cuide dos meninos, Viserra."

" Prometa que vai cuidar deles."

Os meninos... Daemon e Viserys. Ela não conseguia afastar o pensamento dos sobrinhos, tão pequenos e indefesos. Como poderiam viver sem a mãe? Como Viserra poderia fazer por eles o que Alyssa havia feito com tanto amor e cuidado? Ela se sentia impotente, esmagada pela responsabilidade que lhe fora imposta no último suspiro de sua irmã.

"Prometa"

A voz de Alyssa parecia se repetir em sua mente, um sussurro que não a deixava em paz, e a promessa que fizera pesava como uma corrente. Como ela poderia cuidar deles se nem conseguia lidar com si própria?

Viserra apertou os olhos com força, tentando afastar a lembrança, mas era inútil. Cada vez que tentava ignorar, as palavras vinham com mais força, mais urgência. Alyssa confiara nela. Agora, não importava o quanto doesse, ela teria que honrar essa promessa. Mesmo que a dor a consumisse, mesmo que sua alma estivesse em pedaços. Ela deixaria tudo de lado por eles.

Depois de não ter mais lágrimas para derramar, Viserra decidiu que precisava ver as crianças. Não queria assustá-los com seu estado, mas sentia que era sua responsabilidade contar a verdade, por mais dolorosa que fosse. Não sabia se alguém já havia falado com eles, mas precisava se certificar de que, na medida do possível, os meninos estariam bem.

Ela olhou para si mesma e percebeu o estado lamentável de suas roupas. O vestido que usava estava manchado de sangue, lembranças visíveis da tragédia que havia testemunhado. Com mãos trêmulas, trocou de roupa, vestindo algo mais limpo e simples, tentando parecer mais controlada do que realmente estava.

Quando saiu do quarto, os corredores estavam mergulhados em um silêncio profundo. Não havia criados, guardas, nem vozes. O castelo parecia ter mergulhado em um luto coletivo por Alyssa. Cada passo que dava soava alto naquele vazio, e Viserra sentiu o peso do silêncio em seus ombros. Não sabia quanto tempo havia ficado presa no seu próprio sofrimento, mas a escuridão da noite já dominava o céu quando finalmente alcançou a porta do quarto dos meninos.

In another life | Baelon e Viserra Targaryen | Fire and BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora