𝕻𝖊𝖗 𝖘𝖎𝖌𝖓𝖚𝖒 𝕮𝖗𝖚𝖈𝖎𝖘

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O demônio não é tão negro quando se pinta.

( Dante Alighieri )

F𝖆𝖑𝖑𝖔𝖚𝖙01/02, 𝖉𝖊𝖟𝖊𝖒𝖇

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F𝖆𝖑𝖑𝖔𝖚𝖙
01/02, 𝖉𝖊𝖟𝖊𝖒𝖇. 1898

Atravessei o salão. Era o cômodo usado para jantares, e também, o único lugar onde eu e meu querido pai fazíamos uma única refeição juntos, quando era necessária a minha presença em reuniões importantes. Raramente ele estava em casa, quando não cuidava do cassino, deveria estar com alguma prostituta, apesar disso, nunca trouxe mulheres para esta casa, deixou claro que minha criação seria de respeito, diferente da sua cama.

Era irônico o fato de que tentava esconder isso de mim, em Fallout boatos e fofocas se espalham rapidamente. O que era irritante, apesar de raramente ir a cidade, talvez a falta de convivência com outras pessoas tenha me tornado tão amargurada...

O assunto da vez é meu professor de violino, pelo que entendi, veio da capital de Londres trazer seu nome até uma cidade isolada e humilde. Já até se esqueceram da morte de um pobre coitado que me dava aulas antes da aparição de Damian, que deixou nosso mundo de forma cruel e dolorosa, só se sabe disso, até houveram rumores sobre ter sido um lobo. Que descanse em paz. Eu nunca me simpatizei tanto com ele, ainda assim, me sentia triste por sua partida repentina.

Pude ouvir passos me acompanhando, já era noite, as empregadas haviam partido rumo a cidade e retornariam apenas ao nascer do sol, como sempre foi, me virei receosa, suspirando ao ver apenas as cortinas sendo sopradas ao vento, não havia iluminação pelo corredor extenso, exceto a que vinha de fora. Engoli em seco. Três, eram três grandes janelas no total, uma delas estava aberta, o que não era de costume.

— Per signum Crucis de inimícis nostris líbera nos  Deus noster.— Murmurei, me recompondo.  — In nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti.

Quando mais nova, lembro-me de ficar horas ajoelhada em pedras, decorando todas as orações que me eram dadas, em latim. Era o pior momento do dia, todavia, inevitável. Não importa o quão boa eu fosse, ela sempre me castigava.

Apesar disso, eu a amava, a amava tanto quanto ela amou suas rosas brancas.

Me virei novamente, ainda sentindo-me observada, a brisa acariciou minha pele e, foi como se de fato me tocasse, um arrepio subiu por minha espinha, se espalhando por todo o corpo. Um sorriso discreto surgiu em meus lábios. O mais interessante é que eu supostamente estava sozinha, tentava acreditar nessa doce mentira, mesmo sabendo que não era verdade. O que quer que fosse, nunca me deixaria em paz, porque fazia parte de mim.

Seus olhos mostravam desespero, desde sua morte, não tive paz.

— O que traz você aqui, maldição?— Engoli em seco. O silêncio se fez minha companhia fiel, enquanto dava um passo até a janela, o maior erro que poderia ter feito. A última coisa que vi foram longos cabelos ruivos, dona de uma presença forte e uma túnica preta com um pentagrama desenhado. Quem quer que fosse, havia acabado de me empurrar, a queda era lenta, como se eu nunca fosse chegar ao chão.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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